Dado tratar-se de uma entrevista bastante extensa, decidi dividi-la em cinco partes.
Se pretende acompanhar toda a entrevista, pela ordem em que foi transmitida e só agora entrou neste blogue, sugiro que o faça pela ordem das divisões.
TERCEIRA PARTE
J: E a agressão a Ricardo Bexiga?
PC: Olhe, isso nem vou comentar. Digo-lhe só um pormenor, uma coisa engraçada. É que no livro original está uma versão e no livro que sai está outra.
J: Como é que acha que vai acabar, no que a si diz respeito, o processo AD?
PC: Eu confio na justiça. E como confio na justiça e nos tribunais, estou convencido que, apesar da intoxicação pública que tem havido, de pessoas que deviam ser mais responsáveis. Eu vou-lhe dar um exemplo que me preocupou. Num dia porque o livro sai e é considerada pessoa credível uma “senhora” que aquilo que fez e se há-de provar, porque eu tenho as queixas na GNR e MP, com fotografias, depoimentos, com provas, com tudo, no dia em que por esse livro é reaberto o processo, acontecem duas coisas curiosas. Nomeada a Dra. MJM para superintender o AD. Primeira declaração do Sr. LFV “Agora sim, agora isto vai ser assim, vai ser assado”. Eu...possa, o homem até sabe... de escolher jogadores não sabe, mas pelos vistos sabe escolher os do MP! Aqui na SIC Notícias, eu vejo a SIC Notícias e vou prová-lo, e vejo uma entrevista em directo ao senhor Dr. Saldanha Sanches, que é marido há muitos anos, espero que por muitos mais, da Dra. MJM, faz esta afirmação fantástica: “É preciso acabar com a corrupção no futebol porque o presidente do Porto Sr. PC", agora não sei dizer se disse PC ou só disse presidente do Porto.
J: A primeira parte, a primeira afirmação não seria inédita, já a ouvimos várias vezes
PC: “É preciso acabar com a corrupção no futebol, porque o presidente do Porto, declarou no tribunal”, não é disse no café nem disse num jornal, “declarou em tribunal que ganhava dois mil euros por mês e a vida que ele faz é incompatível com o que ele disse no tribunal, portanto há corrupção”. Isto é fantástico. Eu não disse nada disso no tribunal. Tenho um extracto das declarações, em que disse o que realmente ganhava porque me perguntaram, que não tem nada a ver com isso e uma pessoa vai para a televisão intoxicar...
J: É uma teoria da conspiração contra si?
PC: Não sei se é, o que eu sei é pelo menos a teoria de falta de rigor e de verdade, porque ir dizer para a televisão...
J: O senhor acha que na intenção que houve, no facto da nomeação de MJM, uma humilhação contra si?
PC: Não faço ideia, não conheço sequer a senhora nem a ponho em causa. Agora não é de certeza absoluta mais competente, mais rigorosa, mais minuciosa do que os magistrados, que repito eu não conheço, que tinham mandado arquivar os processos, depois de analisados e ouvido toda a gente. Quando uma pessoa está a ver a tv e ouve que o Sr. Fulano foi para o tribunal dizer que só ganha dois mil euros por mês, portanto isto não é verdade, é tudo uma mentira. Eu se estivesse a ouvir aquilo dizia “realmente este tipo não pode, ele tem aquele carro, tem isto, faz aquilo, dois mil euros por mês, deve estar cheio de calotes ou anda ai aos tiros a alguém”. Se dissesse que ganha... agora dizê-lo em tribunal?
J: O senhor sente-se sozinho, ou mais sozinho?
PC: Não, sinto-me com muita gente, todos os dias tenho demonstrações de solidariedade. Todos os dias me enviam documentos que na altura própria eu apresentarei no sítio devido, que se eu os trouxesse aqui seriam se calhar uma bomba. Isto apenas significa solidariedade. Mas há uma solidariedade para mim que é mais importante. A minha consciência. A minha filha sabe e tem orgulho no pai. Como tenho orgulho nela, apesar de ser amiga dos cavalos. Tenho a consciência tranquila e ando de cabeça levantada perante toda a gente.
Os crimes de que sou acusado são o FC Porto – E. Amadora e Braga – Porto. Eu vou exibir esses filmes. Mas faço um desafio. Exibam por exemplo do ano passado, os jogos Marítimo – Benfica e Nacional – Benfica.
J: Porque...
PC: Porque se calhar vão fazer o Apito Encarnado. Exibam esses jogos, é o desafio que eu faço aqui.
J: Aí acha que os árbitros...
PC: Exibam esses jogos. Não, não estou a fazer juízo de valores, exibam esses jogos e depois comparem com o que se tem dito, escrito e falado dos outros dois que nós vamos apresentar publicamente.
J: Mas ajude-nos a refrescar a memória em relação a esses dois jogos. O que é que aconteceu?
PC: Não aconteceu nada! No Marítimo – Benfica? Olhe há penalty a favor do Benfica que não existe, penalty contra o Benfica que não é marcado, expulsão que tem que ser feita que não é feita... eu não estou a dizer que o árbitro fez de propósito. Se isso acontecesse em relação ao FC Porto, isso era já corrupção activa, passiva... é um desafio que eu deixo aqui. Nós vamos transmitir o Porto – Estrela...
J: Onde?
PC: No anfiteatro do Estádio do Dragão. E vai lá estar toda a gente que queira ser esclarecida, porque há muita gente que não vai aparecer porque não quer e depois façam o mesmo em relação a estes dois jogos e depois vejam se não vai ser preciso mudar o dourado para encarnado.
J: O senhor sente-se fragilizado? Sozinho já nos disse que não! Mas mais fragilizado que alguma vez esteve?
PC: Não, não me sinto rigorosamente nada fragilizado. Tenho tido o apoio em todas as grandes decisões que temos tomado da minha Administração e da minha Direcção, o FC Porto está como nunca esteve. Pela primeira vez nos últimos anos vai apresentar saldo positivo, mais uma vez tem um plantel fantástico. O FC Porto vendeu dois jogadores por números considerados elevados.
J: E é campeão europeu no valor das transferências, neste momento.
PC: Mas é campeão europeu a não vender. Porque se nós quiséssemos vender o Quaresma para o Atlético de Madrid, tínhamo-lo vendido bem mais caro do que o Benfica vendeu o Simão Sabrosa, que era a sua estrela e o capitão da equipa. Nós não vendemos porque não quisemos.
J: Não vão vender?
PC: Não vamos vender.
J: É uma garantia que deixa aos portistas?
PC: É uma garantia que deixo. Mais...
J: E Lucho Gonzalez?
PC: Adivinhou o meu pensamento. Lucho Gonzalez, há quatro dias tivemos uma proposta do Everton por escrito de 15 milhões. O FC Porto porque é parceiro de uns Fundos desse jogador, perante uma proposta tinha duas hipóteses. Sim senhor vendo e recebo 7,5 M, não senhor, não vendo, pago ao Fundo, não os 7,5 porque tinha a descontar coisas que entretanto tínhamos pago. A nossa opção foi não vender. Quer dizer, em vez de vender compramos. Quer dizer, nós fizemos cerca de 70 milhões de euros em jogadores...
J: E gastaram menos de treze milhões em compras.
PC: Sim, por aí. De jogadores que eu não tenho a mínima dúvida. Não compramos Manducas nem Marceis. Compramos jogadores que daqui a dois anos, quando renovarmos a equipa se calhar estaremos a dizer “como é possível vendermos este jogador?”. É possível porque quando um jogador é comprado... eu vou-lhe dizer uma coisa curiosa. O Leandro Lima, que nunca ninguém tinha ouvido falar, foi comprado por 2 milhões de euros. Ainda não tinha chegado ao FC Porto e da Alemanha ofereceram-nos 4,5. Sinal...
J: Os atletas valorizam-se dentro do FC Porto?
PC: Valorizam-se e sabemos o que compramos. Nós não compramos porque vendemos um jogador e para calar a opinião pública e para os jornais não falarem disso vamos comprar três, sai daí, vai ao sortido e venham lá três. Vou-lhe fazer uma confissão. Nós já temos dois jogadores de grande qualidade para a próxima época comprados.
J: Quem são?
PC: Ah! Isso... é uma confissão, mas...
J: É uma meia confissão!
PC: Sim, uma meia confissão. Já temos. Nós trabalhamos “à la longue” e sabemos o que compramos.
J: Um deles é o chileno Isla?
PC: Não, não. Nunca isso me saiu... está bem documentada! Não isso não tem o mínimo de fundamento nem de verdade, nem foi jogador que estivesse algum dia nos nossos planos. O que acontece é que vem muitos jogadores dados no FC Porto, porque são os empresários que dizem que o Porto está interessado neste e então se está interessado deve ser bom. Eu às vezes vejo dessas coisas mas nem sequer desminto. Cada um faz pela vida. Esse nunca esteve nos nossos planos.
J: E o senhor tem este ano uma equipa para continuar a ganhar? Qual é a sua meta desportiva este ano?
PC: O nosso objectivo é sempre o mesmo. Primeiro tentar... nós nunca somos campeões no início, isso são os outros, nós costumamos ser no fim, portanto não vamos dizer que somos campeões. O nosso objectivo é sermos campeões, vencer a Liga e depois o objectivo imediato é passar aos oitavos de final da Champions League. Primeiro financeiramente é importante, segundo o FC Porto é dos clubes na Europa, não é de Portugal que isso então não tem comparação, o segundo ou o terceiro com presenças na CL e é importantes estarmos nos oitavos de final, porque quando é feita a primeira grande selecção está-se nas bocas do mundo, nas televisões do mundo, depois já não temos objectivos, pois tudo pode acontecer.
J: Mas tem equipa para chegar...?
PC: Tenho. Mantendo o Quaresma, como vamos manter, com a qualidade dos jogadores contratados, com os que ficaram do ano passado...
J: Hélder Postiga? Vai jogar ou não? É um jogador que entra, sai, marca golos...mas nunca...
PC: Marca golos mas é um jogador que nunca se firmou como efectivo indiscutível no FC Porto.
J: Isso faz dele um dispensável ou não?
PC: Há vários tipos de jogadores. Eu costumo dizer que tenho três tipos de jogadores. Os que são dispensáveis e queremos dispensar, os que são inegociáveis e aqueles que se houver entendimento tanto podem sair como ficar.
J: E o Hélder Postiga está em que tipo?
PC: Está nos que se ficar, muito bem. Se tiver uma proposta e queira ir, não é dizer vai-te embora não queremos. Parece que há um clube que lhe interessa, ao que nos dizem. A confirmar-se sai, se não, fica. Não está no rol do Quaresma, do Bruno Alves, do Helton... que são inegociáveis nem está no lote dos que o treinador não conta com eles.
J: E um jogador pode passar para essa categoria pelo facto de aceitar o namoro de outro clube? Isso ofende-o, incomoda-o?
PC: Não. Não tenho casos desses. Normalmente quando vem uma proposta sabemos e falamos com o jogador. No caso do Pepe, fomos nós que lhe transmitimos o interesse do Real.
É evidente que não podemos permitir que os jogadores digam eu quero ir para ali ou para acolá. Eu costumo dizer que deixo sair todos se todos os que querem vir para cá os seus clubes também deixarem. O Real Madrid falou-me na hipótese de outro jogador que nem era o Pepe nem o Quaresma. Perguntaram se admitia vender e respondi que sim.
J: Quem era? O Lucho?
PC: Era o Lucho. Disse que não admitia vendê-lo mas que o poderia trocar pelo Nistelrooy. “Esse não vendemos”, então estamos empatados. É evidente que temos que ser sensíveis aos interesses dos jogadores e quando aparece uma proposta como no caso do Anderson que tem uma oportunidade de ir para o M. United, ou a aproveita naquela altura par ir ganhar cinco ou seis vezes mais que no FC Porto, eu sinto que se não o deixar ir talvez o rapaz não volte a ter outra. No caso do Lucho Gonzalez, o Valência está interessado no jogador. O jogador está bem no Porto, gosta do Porto, no Porto toda a gente gosta do Lucho, é o capitão da equipa, ele diz que se sente feliz aqui, ao Valência não há conversa. Agora se amanhã aparece o Manchester, o Real Madrid ou o Barcelona eu tenho que pesar se isto para ele não será uma oportunidade que passa. Eu costumo dizer aos jogadores e treinadores que o cavalo anda à volta de nossa casa, à nossa porta mas só passa uma vez desmontado.