quarta-feira, 11 de junho de 2008

BAÚ DE MEMÓRIAS

As duas épocas excepcionais do FC Porto sob o comando de Bobby Robson, deram azo à cobiça do Barcelona, para onde o treinador inglês se transferiu, levando consigo o seu adjunto José Mourinho e o guarda-redes Vítor Baía.

Pinto da Costa meteu em ombros a difícil tarefa de substituir as pedras fulcrais dos últimos êxitos e como quase sempre saiu-se a contento.

1996/1997 FINALMENTE O TRI

No novo ciclo que começava e se pretendia de continuidade de resultados, o Presidente escolheu António Oliveira como técnico principal que elegeu para adjuntos Joaquim Teixeira, André e Mlynarczik. Com um calendário muito carregado, tornava-se necessário reforçar a equipa, apetrechando-a de jogadores ambiciosos e dispostos a contribuir para manter o Clube na senda das vitórias.

Na baliza as novidades foram as entradas de Wozniak e Hilário (promovido a sénior), na defesa Lula rendeu Zé Carlos e entraram também Buturovic, Diaz, Rui Óscar e Fernando Mendes, na linha média Wetl, Costa, Barroso, Sérgio Conceição e Zahovic e na frente Artur, Quinzinho, Romeu e Jardel.

Na foto da esquerda para a direita, em baixo: Rui Óscar, Rui Barros, Drulovic, Sérgio Conceição, Oliveira (Treinador), Pinto da Costa (Presidente), Reinaldo Teles (Director), Bino, Costa, Rui Jorge e Folha; Ao meio: José Luis (Enfermeiro), Mlynarczik (Adjunto), Fernando Mendes, João Pinto, Paulinho Santos, Domingos, Joaquim Teixeira (Adjunto), Rodolfo Moura (Massagista), Dr. José Carlos Esteves (Médico), Artur, Barroso, Wetl, Zahovic, Prof. Hernâni Gonçalves (Preparador Físico) e André (Adjunto); Em cima: Jardel, Quinzinho, Lula, Diaz, Mielkarski, Wozniak, Eriksson, Hilário, João Manuel Pinto, Romeu, Edmilson, Aloísio, Jorge Costa e Lipcsei

A época arrancou com a 1ª mão da Supertaça Cândido de Oliveira, nas Antas contra o Benfica com uma magra vitória portista por 1-0, num jogo em que os Dragões foram mais criativos, perigosos e com maior apetência pela baliza, superioridade não traduzida no resultado final, deixando antever uma segunda-mão muito disputada.


Até lá, o FC Porto entrou no campeonato a ceder um empate contra o Setúbal, nas Antas, seguindo-se três vitórias consecutivas , duas para o campeonato e outra para a Champions (a célebre vitória em S. Siro sobre o Milan por 3-2, com dois golos de Jardel).

Se S. Siro tinha sido uma noite de gala, a noite de 18 de Setembro de 1996 foi a da demonstração inequívoca da classe, mérito, grandeza, capacidade, organização e superioridade de uma equipa e de um Clube, que contra: as campanhas destabilizadoras; os programas desportivos hostis encomendados; a inveja sem pudor; as frustrações evidenciadas por quem se vê ultrapassado e ainda contra a maledicência e mentira, infligiu ao clube do regime, na sua própria casa uma goleada humilhante: 5-0!

O jogo da 2ª mão foi transmitida pela RTP1 e foi evidente o desconforto manifestado pelos comentadores de serviço, face a uma vitória e uma exibição arrasadoras.
Foi a conquista do 8º troféu em dezasseis disputados.

Na foto, da esquerda para a direita, em baixo os marcadores dos cinco golos: Artur, Edmilson, Jorge Costa, Wetl e Drulovic; Ao Meio: Lula, Jardel, Reinaldo Teles (Director), Oliveira (Treinador), Paulinho Santos e Wozniak; Em cima: Fernando Mendes, Sérgio Conceição, Rui Barros, Zahovic e João Manuel Pinto

O FC Porto cumpriu toda a primeira volta do campeonato sem conhecer o sabor amargo da derrota, tendo registada apenas dois empates, cedidos nas Antas (Setúbal - 1ª jornada e Estrela Amadora - 5ª jornada). As visitas a Alvalade e Luz foram coroadas de êxito com vitórias portistas por 1-0 e 2-1, respectivamente. No final da primeira metade a vantagem era já de 13 pontos.


A primeira das três derrotas surgiu à 21ª jornada frente ao Salgueiros (1-2), nas Antas, quando ninguém a esperava. Uma tarde negra para os Dragões que jogaram contra um adversário muito motivado, competente e feliz. Talvez ainda afectada por essa exibição menos conseguída, o FC Porto voltaria a perder pontos nas duas jornadas seguintes , cedendo um empate na Amadora (2-2) e nova derrota nas Antas contra o Sporting (1-2) que na altura fez reduzir a vantagem para sete pontos. Na "mourolândia" renascia a esperança e na estação televisiva de Carnaxide exultava-se com esses resultados. Pôncio Monteiro foi disso testemunha pois era ele que galhardamente defendia o FC Porto no programa "Donos da Bola". Um programa criado para enxovalhar o bom nome do nosso Clube.

Contudo, a equipa soube unir-se e recuperar forças para o assalto final rumo ao ambicionado Tri, dando resposta adequada e concludente às manobras insidiosas e patéticas de bastidores, concretizando o objectivo a três jornadas antes do fecho do campeonato. Guimarães foi o palco. A deslocação antevia-se complicada, mas os Dragões mostraram a sua raça. Num empolgante desafio o FC Porto demonstrou quem era a melhor equipa do campeonato goleando o Vitória local por quatro golos sem resposta. Foi o delírio e o grito de raiva da população azul já enojada de tanta aleivosia.

Seguiu-se depois o jogo contra o Benfica, nas Antas e em clima de festa os portistas despacharam o seu rival com uns claros 3-1, sendo que o golo dos lisboetas foi de uma grande penalidade inventada pelo árbitro António Costa. O jogo da consagração foi nas Antas frente ao Gil Vicente. O FC Porto fechou o TRI com três golos, mesmo a calhar para gáudio do imenso público que encheu o Estádio para comemorar o feito histórico: A conquista do 1º Tricampeonato do Clube. Os Dragões concluiram o campeonato com mais 13 pontos que o Sporting (2º) e mais 27 que o Benfica (3º). Jardel sagrou-se rei dos marcadores ao apontar 30 golos.

JOÃO PINTO
Jogador de fibra, de antes quebrar que torcer, , foi durante muitos anos o grande capitão e o transportador da famosa mística azul e branca. Começou a jogar futebol aos doze anos no C.F. Oliveira do Douro, tendo chegado ao FC Porto com 14 anos. Cumpriu grande parte da sua formação nas Antas. Em 1981/1982 integrou pela primeira vez a equipa sénior, mas só na época seguinte conquistou a titularidade no lado direito da defesa, sob o comando de Pedroto. Foi titular no FC Porto por mais de uma década e nunca mais vestiu outra camisola, tendo envergado a braçadeira de capitão durante grande parte da sua carreira. Em 1984 jogou a final da Taça das Taças que o FC Porto perdeu contra a Juventus. Três anos depois, já como capitão de equipa ergueu a Taça dos Clubes Campeões Europeus, em Viena e ficou para a história por não ter largado a taça por um momento sequer desde que lhe foi entregue até recolher aos balneários. A Taça Intercontinental e a Supertaça europeia, ganhas na mesma época completam o seu palmarés internacional. A nível interno , participou em 407 jogos e venceu mais de 20 títulos com o FC Porto incluindo o TRI, momento que escolheu para terminar a sua carreira de jogador. Foi internacional, estreando-se na selecção nacional A em 1983 contra a França, quando tinha pouco mais de 21 anos e contava com 34 internacionalizações nas selecções jovens. Pela selecção principal disputou 70 partidas, tendo marcado apenas 1 golo, contra a Suíça, num jogo de qualificação para o Campeonato do Mundo de 1990. Portugal não se qualificou para esse Mundial mas João Pinto já havia feito parte da convocatória em duas grandes ocasiões: Jogou as quatro partidas que Portugal disputou no Euro 84, enquanto no Mundial 86, lutando contra uma pleurisia, foi suplente não utilizado. Ao disputar a sua 67ª partida pela selecção nacional, João Pinto tornou-se o futebolista mais internacional de sempre. Despediu-se da equipa das quinas em 1996 , no Estádio das Antas, contra a Ucrânia, com vitória por 1-0. Ao abandonar a carreira depois da conquista do Tri em 1996/1997, abraçou a carreira de treinador, tendo treinado os júniores portistas em 1997/1998. É hoje um dos treinadores adjuntos de Jesualdo Ferreira.

Palmarés:
1 Taça dos Clubes Campeões Europeus (1987) 1 Supertaça Europeia (1987) 1 Taça Intercontinental (1987) 9 Campeonatos Nacionais (1984/85, 1985/86, 1987/88, 1989/90, 1991/92, 1992/93, 1994/95, 1995/96, 1996/97) 4 Taças de Portugal (1983/84, 1987/88, 1990/91, 1993/94) 8 Supertaças Cândido de Oliveira (1983, 1984, 1986, 1990, 1991, 1993, 1994, 1996)

2 comentários:

dragao vila pouca disse...

Duas referências historicas: o Tri e João Pinto, num análise correcta.
Nesta hora difícil, que falta fazem jogadores com a alma, raça e mística, como o ex-número dois.
Um abraço

dragao vila pouca disse...

Apesar da a UEFA ter anulado a decisão da 1ª instância é preciso calma, porque o processo volta à primeira forma.
Para já é uma vitória, só que ainda não é definitiva.
Esperemos pois com serenidade, na certeza absoluta que o clube tem gente capaz de o defender contra tudo e contra todos.
Um abraço