Depois de uma época completamente atípica e confrangedora, caracterizada por um somatório de erros e más decisões, onde não faltou, desde três treinadores (Del Neri, Victor Fernandez e José Couceiro), passando pelo contentor de reforços até ao eclodir do famigerado Apito Dourado, tornava-se imperioso encontrar alguém capaz de repor a ordem. Mas quem?
PULSO HOLANDÊS NO REGRESSO ÀS VITÓRIAS
Pinto da Costa mais uma vez surpreendeu ao apostar num treinador pouco ou nada mediático, sem títulos no seu curriculum, mas considerado um formador e disciplinador por excelência, Jacob Adriaanse, holandês de 54 anos, cujo maior feito tinha sido o atingir das meias-finais da Taça UEFA à frente da desconhecida equipa do seu país AZ'67 Alkmar. Esperava-o tarefa difícil. Devolver à principal equipa do Clube a dignidade, a disciplina, o respeito e o prestígio que na época de transição tinham sido postos em causa.
A equipa técnica sofreu completa modificação. Jan Old Riekerink, Wilhelmus Coort e Rui Barros coadjuvaram Adriaanse. O plantel conheceu uma nova renovação. Saíram muitos jogadores com destaque para Costinha, Maniche, Derlei (todos para o Dínamo de Moscovo), Nuno Valente (Everton), Nuno e Seitaridis (Dínamo de Moscovo), Luis Fabiano (Sevilha), Jankauskas (Hearts), Hélder Postiga (St. Etienne, por empréstimo) e Jorge Costa (Standard de Liége).
Para compensar entraram Lucho Gonzalez (ex-River Plate), Lisandro Lopes (ex-Racing Club), Jorginho (ex-V. Setúbal), Sokota (ex-Benfica), Helton (ex-U. Leiria), Alan (ex-Marítimo), Anderson (ex-Grémio), Sonkaya (ex-Besiktas), Marek Cech (ex-Sparta de Praga), Adriano (ex-Cruzeiro), Paulo Ribeiro (ex-V. Setúbal) e os regressados Hugo Almeida, César Peixoto, Bruno Moraes, Bruno Alves, Paulo Assunção e os promovidos Bruno Gama e Hélder Barbosa.
A equipa técnica sofreu completa modificação. Jan Old Riekerink, Wilhelmus Coort e Rui Barros coadjuvaram Adriaanse. O plantel conheceu uma nova renovação. Saíram muitos jogadores com destaque para Costinha, Maniche, Derlei (todos para o Dínamo de Moscovo), Nuno Valente (Everton), Nuno e Seitaridis (Dínamo de Moscovo), Luis Fabiano (Sevilha), Jankauskas (Hearts), Hélder Postiga (St. Etienne, por empréstimo) e Jorge Costa (Standard de Liége).
Para compensar entraram Lucho Gonzalez (ex-River Plate), Lisandro Lopes (ex-Racing Club), Jorginho (ex-V. Setúbal), Sokota (ex-Benfica), Helton (ex-U. Leiria), Alan (ex-Marítimo), Anderson (ex-Grémio), Sonkaya (ex-Besiktas), Marek Cech (ex-Sparta de Praga), Adriano (ex-Cruzeiro), Paulo Ribeiro (ex-V. Setúbal) e os regressados Hugo Almeida, César Peixoto, Bruno Moraes, Bruno Alves, Paulo Assunção e os promovidos Bruno Gama e Hélder Barbosa.
A pré-época trouxe aos portistas uma expectativa muito grande e uma esperança redobrada na recuperação de todos os desideratos, pois a equipa começava a patentear um rendimento interessante, por vezes até espectacular.
Mas desde cedo Adriaanse deu mostras de algum equívoco, como por exemplo querer transformar Hélder Postiga num nº10, para mais tarde emendar a mão e prescindir de forma abrupta dos seus serviços.
Teve alguma dificuldade em perceber (ou coragem para assumir) qual o melhor sistema a implantar e quais os melhores intérpretes em quem confiar. Fez experiências, mudanças, correcções, enfim, tudo aquilo que afinal um treinador nas suas condições tem de fazer para aquilatar da qualidade da matéria-prima. O treinador holandês foi percebendo que nem sempre há espaço para o futebol espectáculo num campeonato em que os adversários jogam fechados.
Tudo isto, naturalmente depois de alguns insucessos (eliminação prematura da CL), gerador do descontentamento de algum sector da massa adepta que chegou a pôr em causa o seu trabalho e a sua competência, tendo experimentado até momentos mais exaltados dos amantes da "vitória a qualquer preço".
Tomou decisões tão polémicas quanto corajosas, como as dispensas de Postiga e Jorge Costa; O afastamento de Diego; a condição de suplente de Vítor Baía; a inclusão assídua dos mal amados Jorginho e Alan em detrimento (durante algum tempo) do "Mustang", entre outras.
Outras menos polémicas face aos resultados positivos, como as reabilitações de Quaresma, Pepe, Raúl Meireles e Paulo Assunção.
Todos estes desenvolvimentos se passariam sem sobressaltos se o Clube em causa não fosse o bicampeão Mundial e Europeu, "obrigado" a todos os anos ter de erguer um troféu de valor e prestígio sem o qual a massa apoiante logo se sentirá vilipendiada.
Adriaanse teve o mérito de, pelo menos internamente onde as exigências competitivas são mais ténues, manter a calma e a serenidade, sempre apoiado pelo Presidente Pinto da Costa, fazer a leitura correcta atempadamente e tomar as decisões mais aconselháveis para a implantação do seu sistema de jogo preferido, o arriscado 3x3x4, que acabaria por o levar ao triunfo. A eliminação na LC, na fase de grupos, garantiu-lhe a possibilidade de se poder dedicar ainda cedo (cedo de mais) apenas e só às competições nacionais, facto que lhe proporcionou uma melhor gestão do plantel.
O futebol praticado passou a ser mais ofensivo e bonito, corrigidas que foram as debilidades defensivas, onde Sonkaya, Ricardo Costa, Pepe, Bruno Alves, Pedro Emanuel e César Peixoto (adaptado a lateral esquerdo) alternavam na formação, abrindo brechas, colocando Vítor Baía em sobressalto, originando resultados que constituíram completas desilusões. o FC Porto/Artemédia na Liga dos Campeões e o FC Porto/Benfica, foram os expoentes dessa confusão. Adriaanse parecia determinado a jogar para o espectáculo e nas suas entrevistas sempre transmitiu confiança de ver a sua filosofia atacante frutificar.
A verdade é que, apesar de tudo, a equipa conseguia comandar o campeonato, dado que a concorrência patenteava ainda mais fragilidades. O FC Porto foi campeão de Inverno e voltaria a ser derrotado, agora na Amadora, resultado que terá determinado uma viragem quer no sistema táctico adoptado, quer na composição da equipa. O holandês decidiu-se definitivamente pelo tal sistema ousado (3x3x4), onde Pepe, na defesa, Paulo Assunção a trinco, Lucho no meio campo e a aquisição de Inverno, Adriano na frente mais a magia de Quaresma transfiguraram a equipa e o rendimento passou a ser mais efectivo.
Tal alteração teve como consequência o afastamento de Vítor Baía e Diego para o banco, situação que alguns adeptos não aceitaram.
O terceiro confronto com os rivais redundou numa nova derrota, frente ao Benfica na Luz por 1-0, que permitiu ao Sporting aproximar-se ficando apenas a dois pontos de distância, que se manteria até à 30ª jornada, altura em que os Dragões se deslocaram a Alvalade para discutir o título.
Mas desde cedo Adriaanse deu mostras de algum equívoco, como por exemplo querer transformar Hélder Postiga num nº10, para mais tarde emendar a mão e prescindir de forma abrupta dos seus serviços.
Teve alguma dificuldade em perceber (ou coragem para assumir) qual o melhor sistema a implantar e quais os melhores intérpretes em quem confiar. Fez experiências, mudanças, correcções, enfim, tudo aquilo que afinal um treinador nas suas condições tem de fazer para aquilatar da qualidade da matéria-prima. O treinador holandês foi percebendo que nem sempre há espaço para o futebol espectáculo num campeonato em que os adversários jogam fechados.
Tudo isto, naturalmente depois de alguns insucessos (eliminação prematura da CL), gerador do descontentamento de algum sector da massa adepta que chegou a pôr em causa o seu trabalho e a sua competência, tendo experimentado até momentos mais exaltados dos amantes da "vitória a qualquer preço".
Tomou decisões tão polémicas quanto corajosas, como as dispensas de Postiga e Jorge Costa; O afastamento de Diego; a condição de suplente de Vítor Baía; a inclusão assídua dos mal amados Jorginho e Alan em detrimento (durante algum tempo) do "Mustang", entre outras.
Outras menos polémicas face aos resultados positivos, como as reabilitações de Quaresma, Pepe, Raúl Meireles e Paulo Assunção.
Todos estes desenvolvimentos se passariam sem sobressaltos se o Clube em causa não fosse o bicampeão Mundial e Europeu, "obrigado" a todos os anos ter de erguer um troféu de valor e prestígio sem o qual a massa apoiante logo se sentirá vilipendiada.
Adriaanse teve o mérito de, pelo menos internamente onde as exigências competitivas são mais ténues, manter a calma e a serenidade, sempre apoiado pelo Presidente Pinto da Costa, fazer a leitura correcta atempadamente e tomar as decisões mais aconselháveis para a implantação do seu sistema de jogo preferido, o arriscado 3x3x4, que acabaria por o levar ao triunfo. A eliminação na LC, na fase de grupos, garantiu-lhe a possibilidade de se poder dedicar ainda cedo (cedo de mais) apenas e só às competições nacionais, facto que lhe proporcionou uma melhor gestão do plantel.
O futebol praticado passou a ser mais ofensivo e bonito, corrigidas que foram as debilidades defensivas, onde Sonkaya, Ricardo Costa, Pepe, Bruno Alves, Pedro Emanuel e César Peixoto (adaptado a lateral esquerdo) alternavam na formação, abrindo brechas, colocando Vítor Baía em sobressalto, originando resultados que constituíram completas desilusões. o FC Porto/Artemédia na Liga dos Campeões e o FC Porto/Benfica, foram os expoentes dessa confusão. Adriaanse parecia determinado a jogar para o espectáculo e nas suas entrevistas sempre transmitiu confiança de ver a sua filosofia atacante frutificar.
A verdade é que, apesar de tudo, a equipa conseguia comandar o campeonato, dado que a concorrência patenteava ainda mais fragilidades. O FC Porto foi campeão de Inverno e voltaria a ser derrotado, agora na Amadora, resultado que terá determinado uma viragem quer no sistema táctico adoptado, quer na composição da equipa. O holandês decidiu-se definitivamente pelo tal sistema ousado (3x3x4), onde Pepe, na defesa, Paulo Assunção a trinco, Lucho no meio campo e a aquisição de Inverno, Adriano na frente mais a magia de Quaresma transfiguraram a equipa e o rendimento passou a ser mais efectivo.
Tal alteração teve como consequência o afastamento de Vítor Baía e Diego para o banco, situação que alguns adeptos não aceitaram.
O terceiro confronto com os rivais redundou numa nova derrota, frente ao Benfica na Luz por 1-0, que permitiu ao Sporting aproximar-se ficando apenas a dois pontos de distância, que se manteria até à 30ª jornada, altura em que os Dragões se deslocaram a Alvalade para discutir o título.
A esperança dos portistas era enorme, apesar de pesar o facto do FC Porto ter perdido os três clássicos já disputados. Todos sabiam que uma vitória azul e branca quase sentenciaria o desfecho do campeonato. Talvez por isso o jogo foi muito táctico, jogado com cautelas por ambas as formações. O FC Porto soube anular as principais referências do opositor que nunca pode exercer o controlo da partida. Os Dragões impuseram-se e saíram de Alvalade com um precioso triunfo por 1-0, golo marcado por Jorginho, dando um passo decisivo na conquista do Campeonato Nacional, que haveria de ser concretizado em termos matemáticos na 32ª jornada em Penafiel com a vitória portista, por 1-0 com golo de Adriano.
O V. de Guimarães foi o adversário que visitou o Dragão para encerrar as contas da competição. O ambiente foi de festa, o estádio encheu e o espectáculo, em três actos, começou. Primeiro com a apresentação ao vivo do CD "O Porto está na rua", com o tema que lhe deu o nome, escrito por Carlos Tê, musicado por Luis Jardim. Isabel Silvestre que cantou "Filhos do Dragão" e Maria Amélia Canossa que interpretou a nova versão do Hino do FC Porto, foram outras animadoras; Depois com o jogo de futebol que os Dragões venceram por 3-1. Aos 70' Adriaanse provocou uma nova explosão de alegria. Mandou Vítor Baía render Helton. Ninguém conseguiu ficar indiferente à emoção contida naquele gesto singular. Lindo e justo; Finalmente, depois de uma ida aos balneários para se pintarem, enquanto o grupo "Dance for Kids" desenvolvia algumas coreografias no relvado, os jogadores começaram a ser chamados um a um para serem ovacionados num percurso até ao centro do terreno onde tinha sido montado um palco. A festa no Estádio terminou com a volta de honra dos atletas e equipa técnica e prosseguiu fora dele por toda a cidade.
A época haveria de encerrar com o triunfo na Taça de Portugal, frente ao V. de Setúbal, com mais um golo de Adriano aos 40'.
O V. de Guimarães foi o adversário que visitou o Dragão para encerrar as contas da competição. O ambiente foi de festa, o estádio encheu e o espectáculo, em três actos, começou. Primeiro com a apresentação ao vivo do CD "O Porto está na rua", com o tema que lhe deu o nome, escrito por Carlos Tê, musicado por Luis Jardim. Isabel Silvestre que cantou "Filhos do Dragão" e Maria Amélia Canossa que interpretou a nova versão do Hino do FC Porto, foram outras animadoras; Depois com o jogo de futebol que os Dragões venceram por 3-1. Aos 70' Adriaanse provocou uma nova explosão de alegria. Mandou Vítor Baía render Helton. Ninguém conseguiu ficar indiferente à emoção contida naquele gesto singular. Lindo e justo; Finalmente, depois de uma ida aos balneários para se pintarem, enquanto o grupo "Dance for Kids" desenvolvia algumas coreografias no relvado, os jogadores começaram a ser chamados um a um para serem ovacionados num percurso até ao centro do terreno onde tinha sido montado um palco. A festa no Estádio terminou com a volta de honra dos atletas e equipa técnica e prosseguiu fora dele por toda a cidade.
A época haveria de encerrar com o triunfo na Taça de Portugal, frente ao V. de Setúbal, com mais um golo de Adriano aos 40'.
JORGE COSTA
Defesa-central, nascido para o futebol no clube da sua terra natal, o FC Foz, da cidade do Porto, foi captado para as camadas jovens do FC Porto onde fez quase toda a sua formação.
De estampa atlética apreciável, cedo começou a impor a sua capacidade física à medida que evoluía tecnicamente, adicionando espírito competitivo e de liderança, que fez dele um central de elevada capacidade. Jogador trabalhador, raçudo, corajoso e dedicado, qualidades que lhe granjearam o respeito e admiração de quantos vivem o fenómeno futebolístico.
Foi o herdeiro natural da braçadeira de capitão bem como o nº 2 na camisola, de João Pinto, um dos maiores valores simbólicos do Clube.
Antes de se impor na equipa principal, Jorge Costa, como outros valores portistas, teve de rodar para ganhar experiência de 1ª Divisão em clubes secundários e entre 1990 e 1992, esteve emprestado ao Penafiel e ao Marítimo. Regressou em 1992/1993 já mais maduro. O seu amor ao FC Porto aliado à enorme vontade de vencer e à sua voz de comando fizeram-lhe ganhar a alcunha de o Bicho.
Jogador carismático, duro, apaixonado pela sua profissão, foi em 2002 vítima do mau feitio do treinador/lavrador, Octávio Machado, que não tolerou uma atitude menos correcta do atleta, quando após uma substituição com que Jorge Costa não concordou, projectou a braçadeira para o relvado valendo-lhe o afastamento imediato da equipa. Terminou essa época em Inglaterra, no Charlton, onde rapidamente conquistou o respeito e admiração dos ingleses que o apelidaram de Tanque, pela sua presença atlética e capacidade defensiva. Queriam que ele continuasse, mas o afastamento de Octávio Machado, ainda com a época a decorrer e a respectiva entrada de Mourinho, contribuíram para o seu regresso no final dessa época.
Voltou para continuar a ser feliz e prosseguir a sua carreira vitoriosa com mais títulos nacionais e internacionais, abruptamente interrompida com a chegada ao Clube do holandês Co Adriaanse, em 2005/2006.
Ainda que Jorge Costa não possuísse já todas as suas faculdades, a verdade é que era um símbolo do Clube ainda com capacidades para discutir o seu lugar na equipa, onde sonhava concluir a sua carreira condignamente. Pinto da Costa ciente da situação melindrosa foi resistindo às pressões do treinador, mas não pode evitar a decisão de mudança de ares do atleta, entretanto colocado como última opção no seu lugar. Jorge Costa sempre foi um jogador de fibra, activo, muito profissional e brioso. A inactividade provocava-lhe mau estar, por isso renunciou ao seu sonho e abalou de malas e bagagens para a Bélgica, com destino ao Standard de Liége onde jogava o seu amigo e antigo companheiro Sérgio Conceição. Talvez a mágoa com que saiu do Clube do coração o tivesse feito reflectir tendo terminado a sua carreira de futebolista em Outubro de 2006, com 35 anos.
Teve também um papel bem vincado com o emblema das quinas ao peito. Fez parte da denominada geração de ouro que venceu dois campeonatos do Mundo de sub-20. Na selecção nacional A realizou 50 partidas, esteve em duas fases finais de campeonatos da Europa e num Mundial, como titular.
Abraçou entretanto a carreira de treinador. Todos os portistas, estou certo, lhe desejam os maiores êxitos e esperam um dia voltar a vê-lo a ajudar o FC Porto a ser ainda maior.
De estampa atlética apreciável, cedo começou a impor a sua capacidade física à medida que evoluía tecnicamente, adicionando espírito competitivo e de liderança, que fez dele um central de elevada capacidade. Jogador trabalhador, raçudo, corajoso e dedicado, qualidades que lhe granjearam o respeito e admiração de quantos vivem o fenómeno futebolístico.
Foi o herdeiro natural da braçadeira de capitão bem como o nº 2 na camisola, de João Pinto, um dos maiores valores simbólicos do Clube.
Antes de se impor na equipa principal, Jorge Costa, como outros valores portistas, teve de rodar para ganhar experiência de 1ª Divisão em clubes secundários e entre 1990 e 1992, esteve emprestado ao Penafiel e ao Marítimo. Regressou em 1992/1993 já mais maduro. O seu amor ao FC Porto aliado à enorme vontade de vencer e à sua voz de comando fizeram-lhe ganhar a alcunha de o Bicho.
Jogador carismático, duro, apaixonado pela sua profissão, foi em 2002 vítima do mau feitio do treinador/lavrador, Octávio Machado, que não tolerou uma atitude menos correcta do atleta, quando após uma substituição com que Jorge Costa não concordou, projectou a braçadeira para o relvado valendo-lhe o afastamento imediato da equipa. Terminou essa época em Inglaterra, no Charlton, onde rapidamente conquistou o respeito e admiração dos ingleses que o apelidaram de Tanque, pela sua presença atlética e capacidade defensiva. Queriam que ele continuasse, mas o afastamento de Octávio Machado, ainda com a época a decorrer e a respectiva entrada de Mourinho, contribuíram para o seu regresso no final dessa época.
Voltou para continuar a ser feliz e prosseguir a sua carreira vitoriosa com mais títulos nacionais e internacionais, abruptamente interrompida com a chegada ao Clube do holandês Co Adriaanse, em 2005/2006.
Ainda que Jorge Costa não possuísse já todas as suas faculdades, a verdade é que era um símbolo do Clube ainda com capacidades para discutir o seu lugar na equipa, onde sonhava concluir a sua carreira condignamente. Pinto da Costa ciente da situação melindrosa foi resistindo às pressões do treinador, mas não pode evitar a decisão de mudança de ares do atleta, entretanto colocado como última opção no seu lugar. Jorge Costa sempre foi um jogador de fibra, activo, muito profissional e brioso. A inactividade provocava-lhe mau estar, por isso renunciou ao seu sonho e abalou de malas e bagagens para a Bélgica, com destino ao Standard de Liége onde jogava o seu amigo e antigo companheiro Sérgio Conceição. Talvez a mágoa com que saiu do Clube do coração o tivesse feito reflectir tendo terminado a sua carreira de futebolista em Outubro de 2006, com 35 anos.
Teve também um papel bem vincado com o emblema das quinas ao peito. Fez parte da denominada geração de ouro que venceu dois campeonatos do Mundo de sub-20. Na selecção nacional A realizou 50 partidas, esteve em duas fases finais de campeonatos da Europa e num Mundial, como titular.
Abraçou entretanto a carreira de treinador. Todos os portistas, estou certo, lhe desejam os maiores êxitos e esperam um dia voltar a vê-lo a ajudar o FC Porto a ser ainda maior.
Palmarés:
Campeonato nacional: 92/93, 94/95, 95/96, 96/97, 97/98, 98/99, 02/03 e 03/04
Taça de Portugal: 93/94, 97/98, 99/00, 00/01 e 02/03
Supertaça Cândido de Oliveira: 93/94, 94/95, 98/99, 99/00, 01/02, 03/04 e 04/05
Taça Uefa: 02/03
Liga dos Campeões: 03/04
Taça Intercontinental: 04/05
Campeão mundial de sub-20 em 1991
2 comentários:
Acho que um treinador com as características de CO Adriaanse - disciplinador - foi o homem certo no momento certo, atendendo ao regabofe que tinha sido o ano anterior.
Mas o holandês era casmurro e não percebeu que tendo resolvido os problemas disciplinares, tinha que abrandar a mão de ferro e ser mais maleável.Foi a morte do artista, vendo que a situação se estava a detiorar, o F.C.Porto não lhe fez a vontade e com isso precipitou aquilo que era o desejo de todos: a saída do treinador.
Ganhou campeonato e taça e só por isso, já merece ficar na história, mas também deixou outras marcas importantes.
Por exemplo, com ele Quaresma batia a bola baixa e tornou-se melhor jogador.
Jorge Costa a mim desiludiu-me na parte final da sua carreira, não dentro do campo, mas fora.
O Nº 2 do F.C.Porto, capitão de equipa, referência do clube, não podia, na minha opinião, pedir a Jorge Sampaio que lhe fizesse o prefácio do livro, quando o ex-presidente tinha maltratado e ignorado o F.C.Porto, CAMPEÃO EUROPEU, VENCEDOR DA TAÇA UEFA E CAMPEÃO DO MUNDO.
Um abraço
Concordo a 100% com o teu comentário.
Se a Adriaanse era difícil pedir mais (afinal era um estranho) já a Jorge Costa, um símbolo do Clube, exigia-se outro comportamento.
Contudo, tenho alguma tendência para tolerar alguns excessos, tendo em conta a desilusão sofrida por não poder terminar, como era seu desejo, a sua carreira condignamente ao serviço do seu Clube do coração.
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