quarta-feira, 23 de julho de 2008

BAÚ DE MEMÓRIAS

Depois de uma época de ouro, as expectativas mantinham-se altas, com José Mourinho cada vez mais confiante no trabalho desenvolvido.

2003/2004 - O 6º BICAMPEONATO

Ciente das dificuldades crescentes que os adversários pretendiam colocar-lhe, o treinador procedeu a algumas alterações na composição do plantel, de onde tinham saído Postiga (Tottenham), Capucho (Glasgow Rangers), Cândido Costa (Derby County) e Clayton (Sporting). Sérgio Conceição regressou de Itália e juntou-se aos reforços Bosingwa (ex-Bosvista), Ricardo Fernandes (ex-Sporting), Pedro Mendes (ex-Guimarães), Bruno Morais (ex-Santos), McCarthy (ex-Celta de Vigo), Evaldo (ex-Atlético Pr.), Bruno Vale (Equipa B) e mais tarde em Janeiro, Maciel (ex-U. Leiria) e Carlos Alberto (ex-Fluminense).

Na foto da esquerda para a direita, em baixo: Pedro Mendes, Maniche, Carlos Alberto, Deco e Derlei; Em cima: Víctor Baía, Jorge Costa, Nuno Valente, Paulo Ferreira, Ricardo Carvalho e Costinha

A 10 de Agosto ganhou a primeira competição da época, a Supertaça Cândido de Oliveira, frente ao União de Leiria, por 1-0 com um golo de Costinha aos 54', mas perdeu a segunda competição, a Supertaça europeia, jogada no Mónaco no dia 19 do mesmo mês, frente ao AC Milan por 0-1.

O Campeonato nacional, designado por Super Liga, iniciou-se nas Antas frente ao Braga, com o triunfo portista por 2-0. McCarthy foi o primeiro a marcar neste campeonato e curiosamente haveria de ser o último, ao apontar os três golos com que o FC Porto brindou o Paços de Ferreira, no encerramento da prova.

Os Dragões cedo deram mostras de querer repetir as performances da época anterior, goleando o Sporting por 4-1, na 3ª jornada. Derlei, Jankauskas, Maniche e McCarthy foram os autores dos golos, de um jogo em que o Porto esteve imparável a dominar, a controlar e a marcar. Na 5ª jornada recebeu e bateu o Benfica por 2-0, num início de campeonato exigente, tanto mais pela competições europeias que se alternaram num ritmo sufocante (Supertaça Europeia e Liga dos Campeões), obrigando Mourinho a um exercício de gestão do plantel, sem perda de consistência e eficácia.

A 7 de Fevereiro de 2004, o Estádio do Dragão passou a ser o palco oficial dos sonhos portistas. Depois de inaugurado numa cerimónia especialmente preparada que teve como epílogo um jogo frente ao Barcelona, coube ao União de Leiria estrear o bonito e moderno anfiteatro, em provas oficiais. Foi o jogo da 21ª jornada da Super Liga que os azuis e brancos ganharam, por 2-1. O estado lamentável do relvado terá prejudicado a equipa mais tecnicista reflectindo-se no resultado final. Relvado que viria a ser substituído dez dias depois. Para trás tinham ficado os empates em Alvalade e na Luz, ambos por 1-1.

Já no novo e espectacular tapete proveniente da Holanda, colocado por uma empresa inglesa especialista na substituição de relvados, o FC Porto recebeu e goleou o V. Guimarães por 3-0.

O título foi festejado no hotel, antes dos jogadores entrarem em campo para defrontar o Alverca, na 32ª jornada. O Sporting perdera pontos com o Leiria e deixara o FC Porto a uma distância matemática impossível de igualar. Por isso, a equipa subiu ao relvado do Dragão com pose de bicampeão. Venceu por 1-0 com golo de Bosingwa, num jogo que ficou marcado também pelo regresso de Derlei à competição, após prolongada lesão.

A apoteose aconteceu no Dragão onde os campeões bateram o Paços de Ferreira por 3-1, com os golos já referenciados do melhor marcador do campeonato, o sul-africano Beny MacCarthy. Os jogadores apresentaram-se de caras pintadas e contribuíram para mais uma festa inesquecível. Foi o 20º título de campeão nacional.

O FC Porto terminou com 82 pontos resultantes de 25 vitórias, 7 empates e 2 derrotas. O segundo (Benfica) ficou a 8 pontos e o terceiro (Sporting) a 9.

JOSÉ MOURINHO

Filho do antigo guarda-redes do Vitória de Setúbal Félix Mourinho, tentou como atleta mas sem nunca o conseguir, ter o mesmo sucesso do seu pai.

Cedo porém, demonstrou capacidade inata para organizar e preparar relatórios e dossiers das equipas adversárias do seu progenitor.

Não foi feliz como jogador mas colmatou essa inaptidão licenciando-se em Educação Física no ISEF, onde concluiu o curso com distinção.

Desempenhou várias funções no Vitória de Setúbal até ser contratado como tradutor de Bobby Robson no Sporting.

Bebendo da sabedoria do seu mestre, Mourinho rapidamente se transformou em técnico-adjunto do britânico, exercendo essa função no FC Porto, contribuindo para os dois primeiros títulos do Pentacampeonato, findo os quais rumou, ao lado de Robson, para o Barcelona.

Mourinho aproveitou a sua estadia em Espanha para adquirir conhecimentos mais vastos sobre o futebol mantendo-se no clube da Catalunha com adjunto principal de Louis Van Gaal, altura em que lhe foi confiado um papel mais activo na preparação dos jogos.

No seu regresso a Portugal, para abraçar o projecto como treinador principal ao serviço do Benfica, Mourinho, aproveitando um resultado muito positivo frente ao Sporting, quis forçar a ampliação do seu contrato e o resultado dessa tentativa redundou no seu afastamento do clube, tendo então passado para o União de Leiria.

Pinto da Costa, sempre atento, não hesitou em endereçar-lhe o convite para se mudar para as Antas a que o treinador não se fez rogado, numa altura em que a equipa do FC Porto atravessava uma fase menos condizente com os seus pergaminhos. Veio a meio da época 2001/2002 para substituir Octávio Machado.

Nas duas épocas seguintes transfigurou o FC Porto dotando a equipa de nível internacional, vencendo quase todas as provas internas, mais a Taça Uefa e a Champions League, provando ser possível vencer em simultâneo o campeonato nacional e as provas da Uefa.

O seu trabalho no FC Porto não passou despercebido, granjeando-lhe a cobiça dos grandes emblemas europeus. O milionário Roman Abramovich acenou-lhe com um contrato irrecusável para treinar o Chelsea de Inglaterra, ainda antes da final de Gelsenkirchen. O comportamento do treinador nesta fase foi de algum modo deplorável, não tanto pelo compromisso que assumiu mas principalmente pelas atitudes que tomou, nomeadamente depois de terminado o jogo da final da Liga dos Campeões que o FC Porto venceu, recusando-se a festejar com a equipa, refugiando-se em desculpas de mau pagador.

Profetizaram alguns portistas que essa atitude lhe terá custado a maldição de nunca mais poder saborear o doce paladar da vitória na prova rainha do futebol europeu. A ver vamos.

Juntamente com Artur Jorge, também pelo FC Porto, são os únicos treinadores portugueses que contam no seu palmarés a Taça dos Campeões Europeus.

Palmarés ao serviço do FC Porto:

Campeonato Nacional: 2002/2003 e 2003/2004
Taça de Portugal: 2002/2003
Supertaça Cândido de Oliveira: 2002/2003
Liga dos Campeões Europeus: 2003/2004
Taça Uefa: 2002/2003


Um comentário:

dragao vila pouca disse...

Época extraordinária, memorável, das melhores, de uma grande instituição.
Época para recordar, mas - sito MOurinho -, que ninguém diga irrepetível.
Um abraço