Após 15 anos de abstinência, o treinador brasileiro Dorival Knippel (Yustrich) leva o FC Porto ao título e à primeira Taça de Portugal em 1955/1956.
Jogo decisivo nas Antas, frente à Académica de Coimbra, de memórias imprevisíveis. Intervalo e empate a zero. Desgraçados dos cardíacos!... Segunda parte e o clímax do esforço. Hernâni inaugura o marcador na sequência de uma grande penalidade. Outros dois golos vieram dar descanso e exteriorizações à multidão.
Apesar de ter culminado o Campeonato em igualdade de pontos face ao Benfica (43), o triunfo alojou-se nas Antas, em função de nos jogos com os «encarnados» os portistas terem levado a melhor: 3-0 em casa e 1-1 na Luz.
Triunfo colectivo de um conjunto de jogadores de classe inegável. Porém, dêem as voltas que entenderem, o instante da consagração fez içar à popularidade um nome emblemático, servo da disciplina férrea, um homem de Minas Gerais agradado do Porto-clube e do Porto-cidade. Um homem que de forma indissociável aparecerá sempre em letras maiúsculas nas páginas de ouro da história do clube: Yustrich. O «Homão», cognome do povo, alterou completamente a concepção da equipa, impregnou-lhe outro cariz técnico; puxou pelo físico aos atletas, alguns nem se livraram de cachações.
O FC Porto «era um elefante que não sabia a força que tinha», a frase-verdade diversas vezes pronunciada pelo robusto técnico brasileiro e ex-guarda-redes. Apalpava as camisolas dos atletas averiguando se escorriam suor, exigia sacrifício total ao clube. Paternalista, solidário, preocupava-se com a vida de cada atleta, mesmo a privada, chegando pela calada da noite a interceptar certos craques nas pistas dos aconchegados poisos da boa-vai-ela. Carregava com eles às costas, o «Homão», por fim, clausura no Lar de Jogadores, que criou apoiado pelo presidente. Durante a semana, dois treinos diários, «pressing», experimentação de bola parada, exercício físico, mais, mais até ao pico da dureza, até as forças cederem.
Ao título, o FC Porto associou a conquista da Taça de Portugal, no Jamor, 2-0 em compita com o Torreense, que havia eliminado o Sporting (1-0) nos oitavos-de-final. Levado em ombros, o «homem do chicote», crismaram-no muitos assombrados pela severidade, mostrou em alturas de suprema ufania quanto o enternecimento prevalecia sobre o semblante carrancudo. Um ídolo.
Jogo decisivo nas Antas, frente à Académica de Coimbra, de memórias imprevisíveis. Intervalo e empate a zero. Desgraçados dos cardíacos!... Segunda parte e o clímax do esforço. Hernâni inaugura o marcador na sequência de uma grande penalidade. Outros dois golos vieram dar descanso e exteriorizações à multidão.
Apesar de ter culminado o Campeonato em igualdade de pontos face ao Benfica (43), o triunfo alojou-se nas Antas, em função de nos jogos com os «encarnados» os portistas terem levado a melhor: 3-0 em casa e 1-1 na Luz.
Triunfo colectivo de um conjunto de jogadores de classe inegável. Porém, dêem as voltas que entenderem, o instante da consagração fez içar à popularidade um nome emblemático, servo da disciplina férrea, um homem de Minas Gerais agradado do Porto-clube e do Porto-cidade. Um homem que de forma indissociável aparecerá sempre em letras maiúsculas nas páginas de ouro da história do clube: Yustrich. O «Homão», cognome do povo, alterou completamente a concepção da equipa, impregnou-lhe outro cariz técnico; puxou pelo físico aos atletas, alguns nem se livraram de cachações.
O FC Porto «era um elefante que não sabia a força que tinha», a frase-verdade diversas vezes pronunciada pelo robusto técnico brasileiro e ex-guarda-redes. Apalpava as camisolas dos atletas averiguando se escorriam suor, exigia sacrifício total ao clube. Paternalista, solidário, preocupava-se com a vida de cada atleta, mesmo a privada, chegando pela calada da noite a interceptar certos craques nas pistas dos aconchegados poisos da boa-vai-ela. Carregava com eles às costas, o «Homão», por fim, clausura no Lar de Jogadores, que criou apoiado pelo presidente. Durante a semana, dois treinos diários, «pressing», experimentação de bola parada, exercício físico, mais, mais até ao pico da dureza, até as forças cederem.
Ao título, o FC Porto associou a conquista da Taça de Portugal, no Jamor, 2-0 em compita com o Torreense, que havia eliminado o Sporting (1-0) nos oitavos-de-final. Levado em ombros, o «homem do chicote», crismaram-no muitos assombrados pela severidade, mostrou em alturas de suprema ufania quanto o enternecimento prevalecia sobre o semblante carrancudo. Um ídolo.
Na foto a equipa que fez a dobradinha de 1955/1956. Da esquerda para a direita, em cima: Pinho, Pedroto, Monteiro da Costa, Miguel Arcanjo, Osvaldo Cambalacho e Virgílio; Em baixo: Hernâni, Gastão, Jaburu, Carlos Duarte e Perdigão.
Fonte: Livro de Ouro do Diário de Notícias
4 comentários:
Não sou desses tempos, mas já ouvi muito sobre Yustrich e até fiz um post sobre ele.
Penso que foi na altura, uma lufada de ar fresco que varreu o F.C.Porto e o futebol português.
Um abraço
Fez, sim senhor, um «post» sobre o Yustrich.
E deixamos até o nosso contributo
que, pensamos, apreciaram.
Dizia:
Fomos o único adepto anónimo a esperar Yustrich ao Aeroporto.
Estava lá o Miguel Arcanjo, o Carlos Duarte, o Teixeira e o Hassan Aly, ex-jogadores.
E muitas outras pessoas que desconheciamos quem eram (muitas delas ex-directores).
Lembramo-nos que regressamos à cidade de boleia do jornalista Manuel Dias, recentemente falecido.
Inscrevemo-nos no citado jantar
e, então aí, foi um reviver do passado nos olhos dos ídolos presentes:
- Barbosa, Miguel Arcanjo, o Zé Maria, o Cambalacho, Gonçalves, Romeu, Carlos Duarte, Teixeira, o Perdigão, etc., etc..
Antes, tinhamos assistido ao jogo de futebol, em que Yustrich, ao intervalo, saudou o público, nas Antas, com o Portimonense (1-0), e lembramo-nos que no final do mesmo
visionamos o Hernâni como que a ser questionado por alguém se ia ao jantar e ele a dizer que não...
Ausência, aliás, muito comentada no jantar.
Prevevimo-nos, inclusivé, com uma separada da equipa da época, na qual recolhemos autógrafos dos ex-jogadores presentes e de Yustrich, colocando na jarra de flores que servia de fundo à «cabeça da mesa» (e que se pode visionar na foto publicada).
Emocionamo-nos ao ouvir Yustrich a relembrar, chorando, a sua estada no FC Porto, referindo-se às lutas que teve de travar, interior e exteriormente, em defesa da equipa.
E, então, quando recordou Jaburú, que morreu, segundo disse, a uma dezena de metros do local onde se encontrava (atropelado e em estado de embriaguês), as sua lágrimas correram cara abaixo,e a de muitos presentes.
No final, ofereci-lhe cópia de uma longa e excepcional entrevista que deu ao jornal «Norte Desportivo», na pessoa do seu director, Alves Teixeira, que o visitou para o efeito, em sua própria casa, no Brasil, em 1968 (10 anos depois de ter deixado o Clube)
Nessa entrevista (de que possuímos ainda o original) retemos a frase:
- «em Portugal só treinarei o FC Porto (o que se confirmaria após receber convites do Boavista e do Sporting, nos anos 60 e 70);
E conta ainda Alves Teixeira que se confrontou com uma casa (a de Yustricht) toda pintada a azul e branco com um escrito na entrada que dizia:
- «Aqui somos todos do FC Porto».
Anos mais tarde deu uma outra entrevista ao jornal «A Bola»,
na companhia da filha, e ao jornalista Jaime Luis, em que reafirma o portismo.
Sabendo-se do estado de saúde (terminal) em que se encontrava, Pinto da Costa convidou-o a visitar-nos após a conquista da Taça dos Campeões Europeus de 1987.
Nessa altura, o presidente do Clube (que ainda não era Sad) possuía memória...
Até porque, o primeiro local de visita foi ao... «Museu Pinto de Magalhães». Depois, foram as instalações, sempre vestido com
um fato de treino azul.
Hoje, não seria possível.
E, para não estragar este escrito de satisfação e alegria... ficamo-nos por aqui.
Bem Haja!!!
PS. - Claro que, possuindo todos os «Dragões, desde o nº 1, este faz parte especial na nossa imensa
... «sala de recordações».
13 de Novembro de 2008 16:38
Dragão Vila Pouca, vi o teu excelente post sobre o Yustrich, porque sou um leitor assíduo do teu blog.
Lembro-me muito vagamente deste treinador dado que era de tenra idade. Contudo sempre ouvi falar dele como um inovador de processos de treino e de «mão de ferro» na disciplina que exigia. Uma lufada de ar fresco, como dizes, que deu os seus frutos.
Caro anónimo, sejam bem vindos a este espaço portista.
O articulado da sua intervenção deixa adivinhar uma vivência próxima com figuras ligadas ao nosso Clube tal como uma dedicação e amor muito grandes.
Um grande Clube como o nosso, para além de dirigentes, equipas técnicas e atletas tem que contar nas suas fileiras com sócios dedicados. Felizmente no FC Porto existem muitos, daí um historial tão glorioso.
Sei que a vossa dedicação não faz esmorecer a capacidade critica que está normalmente presente nas suas participações no blog do Vila Pouca.
Embora nem sempre esteja de acordo não deixo de achar interessantes diferentes opiniões, já que considero que nessa diferença se encontra a riqueza de um debate.
Um abraço
Amigo «Dragãopentacampeão»:
Sobre o seu elogio,
«... O articulado da sua intervenção deixa adivinhar uma vivência próxima com figuras ligadas ao nosso Clube tal como uma dedicação e amor muito grandes ...».
muito grato, mas,
Meia mentira, meia verdade.
«Vivência próxima»... NUNCA.
«Dedicação e amor»... SEMPRE.
Um abraço.
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