quarta-feira, 27 de junho de 2007

APITO ABAFADO - SINFONIA Nº4

Hoje vou desenterrar um excerto de uma entrevista dada por Jorge Coroado ao CM, bastante elucidativa e que merecia melhor atenção:

2006-12-23 - 00:00:00 Correio da Manhã


Apito Dourado

Correio Sport – Depois de mais de 25 anos na arbitragem, o que soube pelo ‘Apito Dourado’ que não conhecesse já?

Jorge Coroado – De tudo o que saiu até agora, nada foi novidade. São coisas antigas e práticas velhas. A única matéria menos conhecida era a existência de uma relação tão directa entre autarquias e futebol.

– Que conselho dá a Maria José Morgado?

– Que esteja atenta, que evite chamuscar-se neste processo.

– Nunca esteve em casa de Pinto da Costa?

– Nunca. Nem faço ideia onde mora.

– Leu o livro de Carolina?

– Não conheço a senhora nem privei com ela. Se se tratasse de um homem diria que estava ali um corno atraiçoado. Como é uma mulher, trata-se do testemunho de um coração traído.

As ameaças...

– Foi ameaçado?

– Fui, no Estádio da Luz, em 1991, no final de um Benfica-Torreense, pelo sr. Gaspar Ramos. Em 1995 o mesmo dirigente disse aos berros que iria fazer de tudo para acabar com a minha carreira.

– De que clube recebeu mais pressões?

– Do Benfica e dos seus dirigentes. Inquestionavelmente. Estou convicto de que se mais carreira não tive foi por influência de gente do Benfica. De Gaspar Ramos a Luís Filipe Vieira, que vetou o meu nome, em 2002, para vice-presidente do Conselho de Arbitragem.

As prendas e os...apitos!

– Qual foi o presente mais caro que já recebeu de um dirigente?

– Um serviço de porcelana da Vista Alegre, que o então presidente do Beira-Mar, Silva Vieira, mandou entregar em casa de minha mãe. Pedi-lhe que fosse levantar o embrulho porque não o queria e comuniquei o caso ao Conselho de Arbitragem. A notícia saiu num jornal, Silva Vieira resolveu insultar-me e foi responder a Tribunal. Ao fim de dez anos foi condenado e indemnizou-me. Com esse dinheiro e um bocadinho mais comprei um carro, um Citroën C 3.


– Tem apitos dourados?

– Seis. Um que recebi do Sporting, no tempo de Sousa Cintra, e os outros foram-me dados por jornais.

– E relógios?

– Cerca de 50 relógios que me foram oferecidos pelos clubes, dos mais variados valores. A minha regra para aceitar estes presentes foi sempre simples: apenas aceitava ofertas que eu pudesse comprar e só as recebia depois dos jogos. Porque muitos dirigentes apareciam antes dos jogos e no final, se a equipa perdia, esqueciam-se.

Pergunto-me como é possível uma entrevista deste teor ter passado ao lado da equipa de investigação do Apito Dourado quando em contrapartida valorizou um livro da autoria (?) de uma alternadeira ressabiada!

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