segunda-feira, 18 de junho de 2007

SEJA BEM APARECIDO SR. PRESIDENTE!

Depois de toda a pressão, ataques, invenções, calúnias e julgamentos em praça pública com que a CS tem brindado de há três anos para cá sem descanso, visando a descredibilização de Pinto da Costa e do FC Porto, eis senão quando o Presidente, libertando-se um pouco da estratégia de guardar serenamente para o local próprio (o tribunal) para aí esgrimir a sua defesa e reduzir a pó as covardes acusações que lhe têm sido remetidas, aparece numa entrevista oportuna para quiçá, ajudar a desanuviar as mentes de alguns portistas mais influenciáveis pela campanha persecutória, nunca antes vista no panorama desportivo português!

Pinto da Costa - A primeira entrevista depois do Apito Dourado

Pinto da Costa jura que nunca comprou ou mandou comprar um árbitro para beneficiar o FC Porto. Numa entrevista sem restrições às perguntas e em que o processo Apito Dourado foi o tema principal, o presidente do FC Porto passou em revista a época desportiva, o trabalho de Jesualdo Ferreira, as aquisições e as vendas de jogadores e o novo cargo que vai ser desempenhado por Vítor Baía.

PÚBLICO (P): Como reagiu ao despacho de acusação do Ministério Público dos crimes de corrupção desportiva activa, no âmbito do processo que envolve o FC Porto-Estrela da Amadora de 2004?

Pinto da Costa (PC): Confesso que não perdi muito tempo a analisá-lo, atendendo a que já tinha sido anteriormente arquivado por não haver indícios.

P: Alguma vez comprou ou mandou comprar um árbitro para beneficiar o FC Porto?

PC: Não. Isso não tem qualquer tipo de cabimento e só lhe respondo porque não faço reservas às perguntas.

P: Declarações de Carolina Salgado terão servido para descodificar o nexo de causalidade em que Jacinto Paixão pedia ao empresário António Araújo que lhe arranjasse, por exemplo, “fruta” e as prostitutas que se diz terem sido um serviço oferecido pelo FC Porto à equipa de arbitragem...

PC: Fruta? Fruta como eu todos os dias ao pequeno-almoço, que faz muito bem à saúde.

P: Refiro-me à conversa telefónica gravada entre si e António Araújo...

PC: O FC Porto e António Araújo, este como representante do Corinthians Alagoano, mantinham entre si uma conta corrente relativa à transferência de jogadores e quando [ele] me falou em fruta pensei que se referia a uma verba que vinha reclamando de uma dívida do FC Porto, tendo-lhe por isso dito que tinha sido já enviada, como de facto fôra.

P: Mas Carolina Salgado refere, até no livro Eu Carolina, a existência de ofertas a árbitros...

PC: Como é sabido, as minhas preferências literárias vão mais para o poeta José Régio. Não aprecio literatura de cordel.

P: Mesmo conhece de certeza o seu teor...

PC: Quanto a isso, quero endereçar os meus parabéns ao senhor procurador e à senhora juíza, musas inspiradoras de tal obra, uma vez que foram eles que criaram o guião. Conheço o suficiente para compreender que tanta invenção e falsidade só serão compreendidas quando todos souberem (o que eu já sei) com quem a Carolina Salgado se reuniu antes do livro, depois de ele ser escrito, quem cortou coisas, quem acrescentou outras, quem a apresentou à D. Quixote, etc., etc. Para se compreender o objectivo desse livro, será suficiente ler, como eu li, há dias num diário, que a escritora Fernanda Freitas está arrependida (e vou citar) por “ter pactuado alegadamente por desconhecimento de causa com falsidades e invenções no texto que escreveu”.

P: O que pretende dizer com isso?

PC: Diria que a autora do livro poderia ser processada por plágio, já que, ao que me contam, transcreve o interrogatório judicial de que fui alvo.

P: Mas a verdade é que o FC Porto foi acusado de oferecer prostitutas aos árbitros...

PC: Quanto a essas aleivosias, já prestei os esclarecimentos em sede de inquérito, que, pelos vistos, foram suficientes, porque o processo foi arquivado. Aliás, como é bom de ver pela última época em que fomos prejudicados por este ambiente de suspeição, o FC Porto continua a ganhar e venceu o campeonato. Não esqueçamos que, em caso de dúvida, os árbitros, neste clima de suspeição, decidiam sempre contra o FC Porto.

P: O FC Porto jogou com o Estrela da Amadora a 24 de Janeiro de 2004, numa altura em que tinha uma equipa fortíssima...

PC: É verdade. O FC Porto ia em primeiro lugar, com 48 pontos e cinco de avanço sobre o segundo classificado. É também verdade que o Estrela ia em último lugar, com 11 pontos, aliás lugar no qual terminou o campeonato e destacado. A mesma equipa e a mesma estrutura que ganharam as mais prestigiadas taças europeias não seriam capazes de ganhar ao Estrela em casa? Não me lembro de ninguém, na altura, se ter lembrado de falar em favores de árbitros europeus. Curiosamente, nem é referente ao FC Porto que mais do que um árbitro internacional disseram, e está escrito, que receberam favores de um clube português em jogos europeus.


P: Mas a acusação, com base em pareceres técnicos de ex-árbitros portugueses, diz que diversos erros prejudicaram o Estrela...

PC: Eu desse jogo e de erros lembro-me de três fora de jogo mal assinalados ao FC Porto, que podem ser facilmente comprovados pelo visionamento da gravação. Quanto aos golos do FC Porto, nem eu nem os analistas nem os “paineleiros” habituais descortinaram qualquer irregularidade.

P: Mas não está preocupado com esta segunda fase do “Apito Dourado”, agora liderado por Maria José Morgado?

PC: Ao que sei, só existe um processo Apito Dourado, o que corre em Gondomar e do qual não faço parte. Além do mais, quem não deve não teme e considero que se trata de uma perseguição pessoal, a mim e ao FC Porto, à qual saberemos dar resposta.

P: Resposta a quem? A Maria José Morgado?

PC: Não, não. Refiro-me mais a alguns apêndices sequiosos de protagonismo, aqueles que vão para as televisões fazer afirmações descabidas sobre o meu salário e que falam das ligações dos autarcas ao Ministério Público.

P: Está a referir-se a quem?

PC: Olhe, vou fazer uma analogia entre o lugar comum da promiscuidade entre a política e o futebol e àquela que existe entre alguns elementos dos media e elementos do Ministério Público. Algo semelhante entre o que se passava na corte francesa, em que os segredos de estado eram partilhados na alcofa.

P: Mas a reabertura do processo teve por base as declarações de Carolina Salgado...

PC: Apesar de conhecer o teor dessas declarações, uma vez que não tive acesso às mesmas, sei que foram o pretexto para a reabertura.

P: Como vai então reagir à acusação?

PC: Já entreguei o assunto aos meus advogados, que são pessoas competentes para tratar disso. Eu estou de consciência tranquila e espero, serenamente, o desfecho do processo. Contudo, não quero deixar de manifestar a minha estranheza por todo este alarido acerca da corrupção no futebol só levantar suspeições sobre clubes e agentes desportivos do norte do país, quando é do conhecimento público e, em especial, de quem acusa, que nas mesmas escutas há outros dirigentes desportivos de clubes da capital, a solicitar a nomeação de certos árbitros. E contra esses, ao que sei, não há processos a correr.

P: Acha que há perseguição ao FC Porto?

PC: Ao FC Porto e ao norte em geral. O que podemos constatar é que há uma dualidade de critérios.

P: Um comunicado do seu advogado anunciou medidas: é verdade que vai pedir a nulidade das escutas telefónicas?

PC: Não faço ideia. Os meus advogados é que sabem os passos a seguir. Também não lhes peço opinião sobre os assuntos do futebol...


P: Tem ainda mais dois processos: o do Beira-Mar-FC Porto, arbitrado pelo Augusto Duarte, e o do Nacional-Benfica, e há ainda um processo lateral ao “Apito Dourado” em que é acusado de ser o mandante de uma agressão ao ex-vereador da Câmara de Gondomar Ricardo Bexiga. Teme voltar a ser acusado?

PC: Não faço a mínima ideia dos inquéritos, designadamente dos ressuscitados, e do seu andamento. Para isso é que tenho advogados. E respeito o segredo de justiça.

P: Já teve vários inquéritos arquivados resultantes de certidões do processo principal. Quantos?

PC: Que me lembre, todos tinham sido arquivados menos um. Até ao renascimento dos novos processos, que ainda não estão concluídos.

P: Que implicações pode ter o “Apito Dourado” para o FC Porto no aspecto desportivo e no “negócio” da SAD?

PC: Espero que nenhuns porque acredito na justiça. Embora, se formos analisar as arbitragens dos jogos do FC Porto e dos seus rivais directos, já estejamos a sentir os seus efeitos directos.

P: O que acha do facto de o realizador João Botelho ir fazer um filme baseado no livro “Eu Carolina”?

PC: Acho normal. É a sequência lógica e faz parte do plano que levou à publicação do livro. Tudo começou quando saí de casa em que vivia [com Carolina Salgado] e quando, depois, recusei ceder às tentativas de chantagem. No dia 14 de Maio de 2006 saiu uma entrevista no Correio da Manhã de um individuo em que ele exibia objectos meus que ainda hoje não reavi e em que falava num plano para me extorquirem 500 mil euros. Estou à vontade porque nem conheço o cavalheiro. Depois, o resto também é conhecido: uma mulher interveio e é uma das protagonistas do filme, o marido filmou e alguém patrocina...

P: O ex-presidente da Câmara do Porto Nuno Cardoso e os dirigentes do FC Porto Angelino Ferreira, Eduardo Valente e Adelino Caldeira são acusados de terem prejudicado o estado em 3,3 milhões de euros no negócio da permuta, em 1999, de terrenos das Antas e do Parque da Cidade. A proposta de acusação da Polícia Judiciária diz que o FC Porto foi beneficiado em dois milhões de euros.

PC: Isso é muito fácil de explicar. O então presidente da Câmara, Fernando Gomes, andava há muito tempo a tentar uma permuta de terrenos desta zona com a Família Ramalho por troca com a quinta que existia aqui nesta zona. Não conseguia chegar a acordo porque a família Ramalho não queria trocas, tinha acertado um valor e só queria dinheiro. E como a Câmara do Porto tinha aceitado trocar esse terrenos pela quinta, cujo valor atribuído era idêntico, o FC Porto foi ao banco, ao BCP, conseguiu o empréstimo e pagou à família Ramalho aquilo que ela pretendia pela quinta. Depois, permutou-a pelos terrenos que a Câmara queria trocar com a família Ramalho num documento que foi assinado pelos três directores responsáveis pelos respectivos sectores. E vendeu-os entretanto para pagar ao banco. É tão simples como isto. Quer dizer, se a família Ramalho tivesse feito ela a permuta a esta hora quem estava no banco dos réus era a família Ramalho. É um absurdo.

18.06.2007 - 00h30 Bruno Prata - In Público on line

Um comentário:

lucho disse...

O regresso do velho general...