terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

BAÚ DE MEMÓRIAS

Hoje retirei do meu Baú mais uma recordação que faz parte do património de todos os portistas e que nos encheu de orgulho. Estou certo que contribuirá para o enriquecimento dos conhecimentos históricos dos jovens portistas que lerem estas linhas.

1978/1979 O BICAMPEONATO

Depois de debelado o prolongado "jejum", o FC Porto, não adormeceu à sombra dos louros conquistados e tão efusivamente festejados, partindo para a época seguinte ainda mais consciente que, na organização, no trabalho sério e na classe dos seus profissionais se encontrava o segredo para alimentar legitimamente a ambição de repetir a proeza: Conquistar o bicampeonato, o segundo do historial do Clube, lutando contra forças ocultas, quintas colunas e velhos do Restelo.

É que não interessava que a hegemonia do futebol português saísse da macrocéfala Lisboa. Os interesses e compadrios instalados eram por demais saborosos para desaparecerem, por obra de um Clube da Província e por isso, a Comunicação Social lisboeta procurava destabilizar a união da equipa, lançando veneno, suspeitas e intriga. Mas mais uma vez, contra tudo e contra todos, apoiados por uma dedicada e confiante massa adepta, o FC Porto demonstrou ser, no terreno do jogo, sem margens para dúvidas, a melhor equipa portuguesa, repetindo o título de campeão nacional, deixando o Benfica a um ponto e o Sporting a oito.

Pedroto, sempre atento, planificou a época exemplarmente, enveredando por uma política de reforço do plantel correcta e inteligente, adquirindo os melhores jogadores que se enquadrassem sem sobressaltos no seu sistema de jogo, imbuindo-os de grande sentido colectivo.

Nessa medida, Frasco (ex-Leixões), Costa (ex-Académico), Óscar (ex-Estoril), Lima Pereira (ex-Varzim), Sérginho (ex-Feirense) e Marco Aurélio(vindo do Brasil), foram os reforços escolhidos, formando o melhor conjunto, sem vedetismos ou excentricidades.

Oliveira era o expoente, pela criatividade, rapidez de execução e profundeza atacante que emprestava à equipa; Frasco , o dinamizador e organizador do jogo, um verdadeiro poço de energia num corpo aparentemente tão frágil; Rodolfo, Costa e Duda, os "peões de brega"; Fernando Gomes o "matador" implacável. Era uma máquina de ataque sempre virada para o golo, com muita objectividade e personalidade.

Do plantel faziam parte os seguintes jogadores:

Guarda-redes: Fonseca (18), Torres (12), Rui e Zé Beto
Defesas: Gabriel (22), Teixeira (28), Simões (24), Murça (22), Freitas (14), Vieirinha (10), Lima Pereira (9) e Teixeirinha
Médios: Frasco (30), Rodolfo (26), Marco Aurélio (14), Óscar (14), Quinito (3), Carvalho (1) Octávio.
Avançados: Oliveira (28), Gomes (29), Duda (29), Costa (25), Vital (20), Toninho Metralha (1), Gonzalez (1), Sérginho (1) e Jairo (1)


(entre parênteses os jogos realizados)

Mais uma vez a discussão do título manteve-se aceso até final, com o Benfica à espera de uma escorregadela que não aconteceu.

No último jogo, o da consagração, o FC Porto bateu o Barreirense por 4-1, no Estádio das Antas, bisando o campeonato apenas com uma derrota, em Braga por 3-1, oito empates e vinte e uma vitórias, somando 50 pontos. Marcou 70 golos ( segundo melhor ataque) e sofreu 19 (melhor defesa).

Fernando Gomes ao apontar 27 golos foi o melhor marcador do campeonato vencendo o Troféu Bola de Prata pela terceira vez consecutiva.


António Oliveira
Começou a sua carreira no FC Porto.

Aos 17 anos, ainda como júnior, passou a treinar com a equipa principal por iniciativa do treinador brasileiro Paulo Amaral, que cedo lhe reconheceu grande talento.
Mas foi com o "Mestre" José Maria Pedroto que Oliveira se assumiu como uma das estrelas mais cintilantes do futebol luso.
Aos 26 anos era um jogador feito e cobiçado na Europa. Experimentou uma fugaz passagem pelo futebol espanhol, no Bétis de Sevilha, ao qual não se adaptou regressando ao FC Porto, que o recebeu de braços abertos.
Era um jogador rápido, desconcertante, evoluído tecnicamente, espalhava o pânico nas defesas contrárias.

No Verão de 1980, descontente com a instabilidade que as saídas de Pedroto e Pinto da Costa provocaram no Clube, deixou as Antas e ingressou no Penafiel, equipa da sua terra natal, como trampolim para o Sporting, onde jogou na na época seguinte.

Regressou ao FC Porto , como treinador, em 1996/1997 e na duas épocas que esteve nas Antas conquistou os dois títulos nacionais e venceu a Taça de Portugal de 1997/1998, frente ao Braga.

2 comentários:

dragao vila pouca disse...

Podes imaginar o que significa passar 19 anos sem ganhar o título e depois poder viver in loco todas essas sensações? É muito difícil de exprimir.
Um reparo, quando o Oliveira regressou do Bétis era a época do tri, que viriamos a perder da forma que toda agente sabe.

Dragaopentacampeao disse...

Tens razão Vila Pouca quanto ao regresso do Oliveira. Já corrigi essa parte. Obrigado pela tua atenção.