sexta-feira, 17 de agosto de 2007

O SINUOSO CAMINHO PARA O TRI

Arrancará amanhã em Braga o sinuoso caminho para o tri.

Espera-nos uma época ainda mais complicada que as anteriores. Teremos, como já vem sendo hábito, de ultrapassar, arbitrariedades múltiplas, arbitragens habilidosas, perseguições da CS amestrada, decisões incompreensíveis da C.D. da Liga e outros fenómenos que a seu tempo surgirão. Enfim, nada a que já não estejamos habituados.

Mais uma vez teremos de ser mais fortes, unidos, solidários, compreensivos, tolerantes e racionais, para todos juntos, Simpatizantes, Adeptos, Sócios, Atletas, equipas Técnica e Médica, Dirigentes e Presidente, possamos conduzir esta grandiosa nau a bom PORTO. Temos de remar todos na mesma direcção, em sentido único para o TRI.

Podem vir os Paixões, os Elmanos, os Xistras, os Lucílios, os Proenças, os Olegários ou os Joões. Podem inventar penalties, anular golos, expulsar jogadores. Temos de ser coesos para que com a nossa força possamos no fim cantar:

"Campeões, Campeões, nós somos campeões" e que os outros continuem a gemer "Lampiões, lampiões nós somos lampiões"

MANOBRAS... DE DIVERSÃO!

Ao que parece o dossier anónimo que foi recentemente tornado público, escrito em papel timbrado da PJ, representa para o MP o objectivo único de desacreditar os investigadores do processo Apito Dourado.

Suponho que o mais sensato seria neste momento o MP manter-se sereno, investir na investigação do essencial e menos no acessório.

Mais importante do que saber quem são os autores deste documento é, a meu ver, apurar a veracidade do conteúdo. Isto sim, seria um bom serviço à justiça.

Admito que as denúncias feitas que colocam inspectores e magistrados sob suspeita sejam muito difíceis de digerir. Contudo, se tais se vierem a confirmar, será uma grande machadada na idoneidade deste importante Órgão.

Também por esta razão, apurar a verdade, é simultâneamente prioritário e necessário para que o MP não fique mais fragilizado.

ENTREVISTA DE PINTO DA COSTA (CONTINUAÇÃO) - V

Dado tratar-se de uma entrevista bastante extensa, decidi dividi-la em cinco partes.

Se pretende acompanhar toda a entrevista, pela ordem em que foi transmitida e só agora entrou neste blog, sugiro que o faça pela ordem das divisões.

QUINTA E ÚLTIMA PARTE

J: Mas a guerra entre Lisboa e Porto alimentou sempre esta vida do futebol.

PC: Não é a vida do futebol. Eu acho que a guerra Lisboa e Porto não foi criada por mim. Essa guerra só não existe porque o Porto, não o FC Porto, deixou de se impor.

J: Quando é que se deixou de se impor?

PC: Desde sempre. Os Bancos e as Companhias de Seguros transferiram as suas sedes para Lisboa! O que é hoje no Porto tem voz? A senhora hoje se quiser ir do Porto para o Algarve por via aérea, demora seis horas porque tem obrigatoriamente que vir a Lisboa. Com espaço de duas horas de intervalo e mais duas de atraso, lá estão as seis horas. Porquê? Porque o Porto não conta. Qual é a única voz reivindicativa no Porto. Não a de andar a declarar guerra. Eu tenho imensos amigos em Lisboa e cada vez temos cá mais adeptos, cada vez a nossa Delegação está mais forte. Agora ver o Porto a ganhar incomoda a muita gente.

J: Como é que estão as suas relações com o Presidente da Câmara Rui Rio?

PC: Normais. Eu não o conheço e ele não me conhece a mim. Eu não o incomodo e ele não me incomoda a mim. Ele não se mete no meu serviço e eu não me meto no dele, não podia ser mais pacífico!

J: Mas eram mais fáceis as relações com os presidentes anteriores.

PC: Não eram mais fáceis nem mais difíceis. Havia relacionamento com os outros. Quando o Porto era campeão abriam-nos as portas da Câmara e fazia-se lá a festa. Era bonito, era agradável naquela varanda. Este entende que não deve ser assim... é ele que manda. Ele não quer, ignora o FC Porto, desde que não hostilize...pronto, é uma política. Se calhar um dia vou compreender essa política, se um dia verificar que ele vai ser mesmo candidato a Secretário-geral do Partido, que não será com os votos do Porto, será do País, se calhar vou compreender melhor. Neste momento para mim é incompreensível.

J: Surpreendeu-o que tivesse ganho as eleições não tendo o seu apoio?

PC: O Meu apoio? Há sempre um que ganha e nunca nenhum teve o meu apoio. Nunca apoiei nenhum. Fui uma vez a uma sessão, numa reeleição do Dr. Fernando Gomes mas nem sequer era uma sessão de apoio.

J: Tinha relações cordatas com o Dr. Fernando Gomes?

PC: Tinha. Como Presidente da Câmara foi sempre uma pessoa cordata com o FC Porto e abrir as portas da Câmara para mim não tem qualquer interesse. O que eu via da varanda é que chegamos a ter lá 100 mil pessoas, que naquele momento, ricos, pobres e remediados eram todos felizes e tirou-se essa possibilidade do Povo ter uma noite de festa, ter um S. João. Eu não vou dizer se ele está bem ou mal, ele é o Presidente da Câmara... Suponha que no tempo do Dr. Fernando Gomes e Nuno Cardoso faziam uma recepção ao FC Porto e eu não queria... não ia!

J: Como é que estão as suas relações com o seleccionador nacional?

PC: Já não são iguais porque esse conheço e sempre que o vejo cumprimento-o.

J: Mudou de opinião ou não?

PC: Sobre?

J: Sobre Luís Felipe Scolari?

PC: Não. Tenho a mesma. Tenho a opinião de que é um indivíduo extremamente inteligente, sabe motivar e unir um grupo. Costumamos uma vez por ano encontrarmo-nos em casa de um amigo comum e cumprimentamo-nos e falamos. Não quer dizer que eu não tenha opções.

J: Reconhece-lhe mérito?

PC: Reconheço-lhe mérito e acho-o sobretudo uma pessoa inteligente.

J: Mas contestou decisões dele, nomeadamente das escolhas que ele fez e não fez no Porto.

PC: E que não fez. Para mim ainda é um enigma o Vítor Baía, para mim e para toda a gente. Ele era na altura o melhor guarda-redes português. No dia em que foi considerado o melhor guarda-redes da Europa, não foi por mim foi pela UEFA, não era do passado era do presente, não foi convocado.

J: Acha que ele dava um bom treinador para o FC Porto?

PC: Quem?

J: Luís Felipe Scolari

PC: Isso aí já é outra questão. Ser inteligente pode não chegar.

J: E o Vítor Baía?

PC: Treinador?

J: Sim.

PC: A vocação dele não passa por aí.

J: Então está a treina-lo para dirigente?

PC: Eu não sou treinador. Ele já é dirigente. Porque não só faz parte do Conselho Superior como tem um cargo garantido de relações...

J: Mas vimo-lo no campo ao lado do treinador a dar indicações e a falar com os jogadores.

PC: não é correcto. O que viu, como eu fazia quando estava no banco e muitos fazem é incentivar os que estão lá dentro e depois naturalmente dava a impressão que o Vítor é que estava a comandar. Também houve uma fase em que diziam que era eu que comandava a equipa porque os incentivava.

J: Vítor Baía era um bom sucessor para Pinto da Costa na presidência?

PC: Eu costumo dizer que o FC Porto não é uma monarquia. Quem vai escolher não sou eu, são os sócios. Acho que o Vítor Baía tem condições para, se mantiver o interesse e dedicação, ser tudo. Não vou indicar sucessores no futuro. Os candidatos que avancem e os sócios que escolham.

Num naipe de candidatos que hão-de aparecer para me suceder há várias pessoas que eu ficaria satisfeito se as visse como potências sucessores, várias pessoas.

J: Vítor Baía seria uma dessas pessoas?

PC: Vítor Baía pode ser um deles, não vou dizer que há muitas, mas há várias pessoas.

J: Jorge Nuno Pinto da Costa estamos a aproximarmo-nos do fim desta entrevista e eu gostava de lhe pedir um exercício. Que imagem de si é que consegue de ver reflectida no futuro. A de um homem que se emociona ao ver o Papa, que chora publicamente, como aconteceu quando se foi despedir de João Amaral, de um homem que confessa saudades de amigos como Pedroto, por exemplo ou de um dirigente desportivo que foi protagonista numa época de sombras. Que imagem é que acha que vai deixar?

PC: Há uma coisa que não me preocupa da imagem que vou deixar. Falou em coisas que qualquer ser comum e normal possui. Chorar no funeral de um amigo é normal. João Amaral era um grande amigo. Houve um factor extra que me comoveu e marcou muito. Seis dias antes do seu falecimento, telefonei-lhe para o convidar para um jantar de portistas em Lisboa.

João Amaral disse-me “Olhe Presidente, só o senhor é que me fazia sair. Jantar não vou, mas vou-lhe dar um abraço e estar um bocado consigo.” Tinha ele lugar na mesa para esse jantar e quando cheguei informaram-me que João Amaral tinha falecido. É fácil de compreender que isto choca qualquer pessoa e o João Amaral era uma pessoa que gostava e se assumia do FC Porto, mesmo nos lugares mais difíceis. Ele ia às festas da Delegação do Porto e dizia com muita graça “Presidente esteja tranquilo que em Lisboa está seguro, o Presidente da Assembleia Municipal é portista, o Vice Governador Civil é portista, o Bispo das Forças Armadas, D. Januário também é portista. Esteja à vontade que está tudo controlado”. Era uma pessoa com um espírito fantástico que eu gostava muito.

Agora alguém vai ser lembrado por chorar no funeral de um amigo? Alguém será lembrado é se for rir para os funerais. O facto de se emocionar por ver o Papa. Uma pessoa que seja católico e eu sou, gostava e gosto imenso do Papa e acredito que uma das coisas que me dá força é o Papa. Trago sempre uma fotografia dele com um significado especial desse dia. Tenho-a aqui no bolso.

J: Um homem normal com fé, é assim que espera ser...

PC: Qualquer católico que tenha fé não pode deixar de se emocionar se vir um Papa como aquele.

J: Não o preocupa a imagem?

PC: Não me preocupa nada. O que me preocupa são os meus amigos que considero tenham a imagem de aquilo que eu sou. O que os outros dizem ou que escrevem até me dá gozo.

Falou há bocado no Pedroto e eu vou dizer-lhe uma coisa, que também muito me custou.

Pedroto era treinador do FC Porto era super atacado, tinha aquelas frases de “roubos de igreja”, era super atacado. Quando estava doente, eu fui das primeiras pessoas a saber que ele tinha um cancro e ele não sabia. Durou mais dois anos e tal e só ele não sabia. Um dia um articulista da “Bola” escreveu um artigo a dizer bem dele. Ele virou-se para mim e fiquei sem palavras: “Jorge Nuno você já viu este tipo a dizer bem de mim? Não me diga que tenho algum cancro sem saber?”

A mim interessa-me a imagem que vão ter de mim a família, os amigos, as pessoas que privam comigo, as pessoas que me ajudaram, o resto quero lá saber o que pensam.

Eu acho que tenho uma imagem óptima para aquilo que procuram pôr- me como sendo, os bobys, os tarecos, aquele mau. Tudo isso tem uma estratégia.

Para concluir, no dia em que eu falecer vou de consciência tranquilíssima.

J: Senhor Jorge Nuno Pinto da Costa, agradeço a sua presença.

PC: Foi um prazer.

quinta-feira, 16 de agosto de 2007

ENTREVISTA DE PINTO DA COSTA (CONTINUAÇÃO) - IV

Dado tratar-se de uma entrevista bastante extensa, decidi dividi-la em cinco partes.

Se pretende acompanhar toda a entrevista, pela ordem em que foi transmitida e só agora entrou neste blogue, sugiro que o faça pela ordem das divisões.


QUARTA PARTE

J: Se o Manchester namorar o Quaresma deixa-o ir?

PC: Se for vontade do Quaresma e o Porto for devidamente compensado naturalmente que vou ter um procedimento igual com o Quaresma. O que eu não faço é agora um lembra-se amanhã e acorda a dizer que quer o Manchester. Estas coisas são pensadas a tempo. Quando acertamos o negócio com o M.U. , o Anderson já estava falado há muito tempo. Houve uma conversação, o Carlos Queirós perguntou se admitíamos vender o jogador e ficou combinado falarmos na altura própria. Imediatamente passamos a admitir a possibilidade dele sair e tomamos as medidas. Foi por isso que contratamos o Leandro Lima, que não sendo igual, porque não há jogadores iguais a esse nível.

J: O que eu lhe queria perguntar é se eles foram bem substituídos, se esses lugares foram bem preenchidos?

PC: Foram, penso que sim. Jogadores como o Leandro Lima, Mariano Gonzalez, como outros que adquirimos são grandes jogadores. Agora têm um período de integração, porque quando uma equipa é bicampeã, é no ano passado eliminada pelo Chelsea da maneira que foi, com a passagem aos quartos de final quase na mão é evidente que tem que ser uma grande equipa. Há poucos jogadores que se vão buscar e possam ser titulares. Nós fomos buscar um jogador de grande futuro à Argentina, que é o Bolatti mas que tem de ter um período de adaptação, porque o ritmo do futebol europeu é muito diferente do ritmo do futebol sul-americano. Por exemplo, para a Super taça de Sábado, estou convencido, sem pretender influenciar o treinador, que não o é, tenho a certeza que a grande maioria, pelo menos 9 ou 10 jogadores vão ser do ano passado, porque têm ritmo e estrutura. Nós não vamos buscar jogadores para calar os sócios, mostrar aos sócios, para os jornais colocarem nas primeiras páginas. São jogadores que daqui a um ou dois meses estarão integrados. O Anderson quando veio para o FC Porto era considerado um génio. E era, mas andou a jogar na equipa B três meses e andou a entrar aos bocados. No ano seguinte foi para o Manchester por 31,5 M. Para lhe dizer que quando as negociações interessam a ambas as partes eu deixo-os partir e tenho muito orgulho, disse isso ao Pepe quando esteve há anos para ir para o Corunha por estarem a negociar o Jorge Andrade com o Newcastle, nessa altura eu disse ao seu empresário que não queria ver um meu jogador que já foi campeão europeu a sair para o Corunha.

Tenho muito orgulho quando me perguntam onde estão os jogadores que o FC Porto fez ou contratou quando ninguém os conhecia poder responder que o Ricardo Carvalho e o Paulo Ferreira estão no Chelsea, o Deco que o Benfica não quis está no Barcelona, o Pepe que também ninguém quis, esteve a treinar no Sporting e passados alguns meses foi devolvido à procedência está no Real Madrid, isso é que eu tenho orgulho. Nós sabemos escolher, valorizar e torná-los felizes.

J: Quando diz nós...

PC: Não sou eu. Nós FC Porto, treinadores, dirigentes, é o grupo de olheiros que temos quer nacionais ou internacionais. Nós temos grandes jogadores do passado com todo o seu conhecimento e toda a sua paixão pelo FC Porto a trabalhar diariamente no Dragão a ver filmes, o Lima Pereira, o João Pinto também esteve nessa missão, o André, o Bandeirinha, agora o Semedo que estão a ver filmes, fazer selecção de imagens...

J: E quando se enganam?

PC: Quando se enganam mostram que são seres humanos. Quando houver um olheiro que não se engane ... deve ser um espírito com olhos. O índice de aproveitamento dos nossos jogadores é notável. O Anderson é contratado com 17 anos, ninguém o conhecia.

J: E Jesualdo Ferreira é um treinador com futuro no FC Porto?

PC: Se me pergunta que um treinador chega ao FC Porto é campeão, fez e está a fazer um trabalho excelente, é óbvio que é um treinador com futuro. É um treinador competente, extraordinariamente rigoroso e sério porque razão não há-de continuar no FC Porto? A vida dá muita volta, mas tudo leva a crer e espero bem que sim porque ele merece pelo trabalho que tem feito, penso não vir a ter já outro treinador.

J: Como assim?

PC: Mantê-lo no meu mandato.

J: Estamos a falar nas transferências e nas verbas que o FC Porto conseguiu nesta época. Já disse que grande parte dessas verbas vai para cobrir o passivo. Como é que o FC Porto que ainda há três anos fez vendas milionárias também, aparece sistematicamente com passivo?

PC: Posso lhe dizer que o FC Porto fez vendas milionárias relativamente em relação ao presente. Vendemos dois jogadores por 50 M que foi o Ricardo Carvalho por 30 e o Paulo Ferreira por 20, mas quando dizem que desbaratamos uma equipa é uma das coisas mais incríveis que eu já li. As equipas têm ciclos. Quando um clube como o FC Porto ou outro clube português faz uma equipa que tem êxito internacional, é óbvio que perde essa equipa.

J: Está a falar de fim de ciclo de José Mourinho?

PC: Precisamente. E quando nós vendemos esse jogadores compramos outros. Porque agora quando vendemos o Pepe por 30M é porque o dinheiro não foi desbaratado, é porque fomos comprar o Pepe, quando se vende o Lucho é porque... quando se pode vender o Lucho é porque o fomos comprar. O Quaresma não caiu aqui de pára-quedas, também o fomos comprar quando ninguém acreditava nele, nem o Barcelona. E agora todos torcem a orelha. Nós fomos buscar o Helton. É um dos guarda-redes da selecção do Brasil.

J: O Porto passou por um momento difícil com a saída de Mourinho

PC: Naturalmente. Quando uma equipa ganha tudo como aquela, não é só a saída de José Mourinho. É evidente que há um período, uma fase de transição. Como quando esta equipa acabar há-de haver outro, são ciclos. No futebol há ciclos, agora o que é que nós procuramos minimizar? Porque é que nós conseguimos que as grandes equipas acabem e continuemos na CL sempre com prestações valiosas? Porque antes dos jogadores saírem já temos outros a serem observados e com pré acordos para o futuro. Só assim é que é possível. A senhora não consegue dizer a um jogador que ganha 500 mil euros que o Deco foi para o Barcelona ganhar 5 Milhões. Como é que eu posso ter um jogador satisfeito se sabe que aqui ao lado pode ganhar dez vezes mais? É claro que têm que partir. São ciclos.

J: Cometeu erros depois da saída de Mourinho? Cometeu erros na escolha de treinadores?

PC: Eu penso assim, o treinador ganhando pode-se dizer que se acertou, não ganhando que se errou. Há factores que levam a ter que se escolher à pressa. Por exemplo o Mourinho sai numa altura em que é campeão europeu e sai sem se contar. Mourinho dois meses antes tinha-me apresentado um relatório para a época seguinte com os jogadores que queria. Depois com os êxitos internacionais, as coisas desenvolvem-se rapidamente. Ficamos sem aqueles que gostaríamos de ter disponíveis.

J: Foram apanhados desprevenidos

PC: É evidente, naquela altura entramos numa fase de transição que não resultou.

J: Estávamos a falar em finais de ciclo. Quando pensa terminar a sua carreira no Porto?

PC: Quando eu não me sentir motivado para que, como disse à bocado, não me levantar e deitar a pensar no Porto e quando os sócios não quiserem, porque eu não estou no FC Porto por assalto mas sim porque fui eleito. Ainda recentemente voltei a ser eleito e noventa e tal por cento deram-me o seu voto, sinal que querem que eu lá esteja. Enquanto ambos quisermos eu continuarei.

J: Não há algum tipo de apoio que o incomode? Como é que convive com a claque e com os seus excessos?

PC: Reprovando-os firmemente e por isso, ainda não há muito tempo estiveram com todo e qualquer apoio cortado. Curiosamente escrevi, numa página da Revista Dragões, que ainda não saiu, que espero que as claques, não só a nossa mas sobretudo a nossa porque é essa que está ligada a nós, embora oficialmente neste momento não lhe saiba dizer se já está tudo legal, acabem com os cânticos insultuosos seja para quem for. Portanto é evidente que me incomoda.

J: Vamos deixar de ouvir “Queremos Lisboa a arder”?

PC: Isso já não se ouve há muito. Primeiro porque seria uma estupidez e depois porque temos muitos portistas em Lisboa que seria crime vê-los a arder. Até na SIC quando eu vinha só cá havia um hoje há três! (risos)

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

ENTREVISTA DE PINTO DA COSTA (CONTINUAÇÃO) - III

Dado tratar-se de uma entrevista bastante extensa, decidi dividi-la em cinco partes.

Se pretende acompanhar toda a entrevista, pela ordem em que foi transmitida e só agora entrou neste blogue, sugiro que o faça pela ordem das divisões.

TERCEIRA PARTE

J: E a agressão a Ricardo Bexiga?

PC: Olhe, isso nem vou comentar. Digo-lhe só um pormenor, uma coisa engraçada. É que no livro original está uma versão e no livro que sai está outra.

J: Como é que acha que vai acabar, no que a si diz respeito, o processo AD?

PC: Eu confio na justiça. E como confio na justiça e nos tribunais, estou convencido que, apesar da intoxicação pública que tem havido, de pessoas que deviam ser mais responsáveis. Eu vou-lhe dar um exemplo que me preocupou. Num dia porque o livro sai e é considerada pessoa credível uma “senhora” que aquilo que fez e se há-de provar, porque eu tenho as queixas na GNR e MP, com fotografias, depoimentos, com provas, com tudo, no dia em que por esse livro é reaberto o processo, acontecem duas coisas curiosas. Nomeada a Dra. MJM para superintender o AD. Primeira declaração do Sr. LFV “Agora sim, agora isto vai ser assim, vai ser assado”. Eu...possa, o homem até sabe... de escolher jogadores não sabe, mas pelos vistos sabe escolher os do MP! Aqui na SIC Notícias, eu vejo a SIC Notícias e vou prová-lo, e vejo uma entrevista em directo ao senhor Dr. Saldanha Sanches, que é marido há muitos anos, espero que por muitos mais, da Dra. MJM, faz esta afirmação fantástica: “É preciso acabar com a corrupção no futebol porque o presidente do Porto Sr. PC", agora não sei dizer se disse PC ou só disse presidente do Porto.

J: A primeira parte, a primeira afirmação não seria inédita, já a ouvimos várias vezes

PC: “É preciso acabar com a corrupção no futebol, porque o presidente do Porto, declarou no tribunal”, não é disse no café nem disse num jornal, “declarou em tribunal que ganhava dois mil euros por mês e a vida que ele faz é incompatível com o que ele disse no tribunal, portanto há corrupção”. Isto é fantástico. Eu não disse nada disso no tribunal. Tenho um extracto das declarações, em que disse o que realmente ganhava porque me perguntaram, que não tem nada a ver com isso e uma pessoa vai para a televisão intoxicar...

J: É uma teoria da conspiração contra si?

PC: Não sei se é, o que eu sei é pelo menos a teoria de falta de rigor e de verdade, porque ir dizer para a televisão...

J: O senhor acha que na intenção que houve, no facto da nomeação de MJM, uma humilhação contra si?

PC: Não faço ideia, não conheço sequer a senhora nem a ponho em causa. Agora não é de certeza absoluta mais competente, mais rigorosa, mais minuciosa do que os magistrados, que repito eu não conheço, que tinham mandado arquivar os processos, depois de analisados e ouvido toda a gente. Quando uma pessoa está a ver a tv e ouve que o Sr. Fulano foi para o tribunal dizer que só ganha dois mil euros por mês, portanto isto não é verdade, é tudo uma mentira. Eu se estivesse a ouvir aquilo dizia “realmente este tipo não pode, ele tem aquele carro, tem isto, faz aquilo, dois mil euros por mês, deve estar cheio de calotes ou anda ai aos tiros a alguém”. Se dissesse que ganha... agora dizê-lo em tribunal?

J: O senhor sente-se sozinho, ou mais sozinho?

PC: Não, sinto-me com muita gente, todos os dias tenho demonstrações de solidariedade. Todos os dias me enviam documentos que na altura própria eu apresentarei no sítio devido, que se eu os trouxesse aqui seriam se calhar uma bomba. Isto apenas significa solidariedade. Mas há uma solidariedade para mim que é mais importante. A minha consciência. A minha filha sabe e tem orgulho no pai. Como tenho orgulho nela, apesar de ser amiga dos cavalos. Tenho a consciência tranquila e ando de cabeça levantada perante toda a gente.

Os crimes de que sou acusado são o FC Porto – E. Amadora e Braga – Porto. Eu vou exibir esses filmes. Mas faço um desafio. Exibam por exemplo do ano passado, os jogos Marítimo – Benfica e Nacional – Benfica.

J: Porque...

PC: Porque se calhar vão fazer o Apito Encarnado. Exibam esses jogos, é o desafio que eu faço aqui.

J: Aí acha que os árbitros...

PC: Exibam esses jogos. Não, não estou a fazer juízo de valores, exibam esses jogos e depois comparem com o que se tem dito, escrito e falado dos outros dois que nós vamos apresentar publicamente.

J: Mas ajude-nos a refrescar a memória em relação a esses dois jogos. O que é que aconteceu?

PC: Não aconteceu nada! No Marítimo – Benfica? Olhe há penalty a favor do Benfica que não existe, penalty contra o Benfica que não é marcado, expulsão que tem que ser feita que não é feita... eu não estou a dizer que o árbitro fez de propósito. Se isso acontecesse em relação ao FC Porto, isso era já corrupção activa, passiva... é um desafio que eu deixo aqui. Nós vamos transmitir o Porto – Estrela...

J: Onde?

PC: No anfiteatro do Estádio do Dragão. E vai lá estar toda a gente que queira ser esclarecida, porque há muita gente que não vai aparecer porque não quer e depois façam o mesmo em relação a estes dois jogos e depois vejam se não vai ser preciso mudar o dourado para encarnado.

J: O senhor sente-se fragilizado? Sozinho já nos disse que não! Mas mais fragilizado que alguma vez esteve?

PC: Não, não me sinto rigorosamente nada fragilizado. Tenho tido o apoio em todas as grandes decisões que temos tomado da minha Administração e da minha Direcção, o FC Porto está como nunca esteve. Pela primeira vez nos últimos anos vai apresentar saldo positivo, mais uma vez tem um plantel fantástico. O FC Porto vendeu dois jogadores por números considerados elevados.

J: E é campeão europeu no valor das transferências, neste momento.

PC: Mas é campeão europeu a não vender. Porque se nós quiséssemos vender o Quaresma para o Atlético de Madrid, tínhamo-lo vendido bem mais caro do que o Benfica vendeu o Simão Sabrosa, que era a sua estrela e o capitão da equipa. Nós não vendemos porque não quisemos.

J: Não vão vender?

PC: Não vamos vender.

J: É uma garantia que deixa aos portistas?

PC: É uma garantia que deixo. Mais...

J: E Lucho Gonzalez?

PC: Adivinhou o meu pensamento. Lucho Gonzalez, há quatro dias tivemos uma proposta do Everton por escrito de 15 milhões. O FC Porto porque é parceiro de uns Fundos desse jogador, perante uma proposta tinha duas hipóteses. Sim senhor vendo e recebo 7,5 M, não senhor, não vendo, pago ao Fundo, não os 7,5 porque tinha a descontar coisas que entretanto tínhamos pago. A nossa opção foi não vender. Quer dizer, em vez de vender compramos. Quer dizer, nós fizemos cerca de 70 milhões de euros em jogadores...

J: E gastaram menos de treze milhões em compras.

PC: Sim, por aí. De jogadores que eu não tenho a mínima dúvida. Não compramos Manducas nem Marceis. Compramos jogadores que daqui a dois anos, quando renovarmos a equipa se calhar estaremos a dizer “como é possível vendermos este jogador?”. É possível porque quando um jogador é comprado... eu vou-lhe dizer uma coisa curiosa. O Leandro Lima, que nunca ninguém tinha ouvido falar, foi comprado por 2 milhões de euros. Ainda não tinha chegado ao FC Porto e da Alemanha ofereceram-nos 4,5. Sinal...

J: Os atletas valorizam-se dentro do FC Porto?

PC: Valorizam-se e sabemos o que compramos. Nós não compramos porque vendemos um jogador e para calar a opinião pública e para os jornais não falarem disso vamos comprar três, sai daí, vai ao sortido e venham lá três. Vou-lhe fazer uma confissão. Nós já temos dois jogadores de grande qualidade para a próxima época comprados.

J: Quem são?

PC: Ah! Isso... é uma confissão, mas...

J: É uma meia confissão!

PC: Sim, uma meia confissão. Já temos. Nós trabalhamos “à la longue” e sabemos o que compramos.

J: Um deles é o chileno Isla?

PC: Não, não. Nunca isso me saiu... está bem documentada! Não isso não tem o mínimo de fundamento nem de verdade, nem foi jogador que estivesse algum dia nos nossos planos. O que acontece é que vem muitos jogadores dados no FC Porto, porque são os empresários que dizem que o Porto está interessado neste e então se está interessado deve ser bom. Eu às vezes vejo dessas coisas mas nem sequer desminto. Cada um faz pela vida. Esse nunca esteve nos nossos planos.

J: E o senhor tem este ano uma equipa para continuar a ganhar? Qual é a sua meta desportiva este ano?

PC: O nosso objectivo é sempre o mesmo. Primeiro tentar... nós nunca somos campeões no início, isso são os outros, nós costumamos ser no fim, portanto não vamos dizer que somos campeões. O nosso objectivo é sermos campeões, vencer a Liga e depois o objectivo imediato é passar aos oitavos de final da Champions League. Primeiro financeiramente é importante, segundo o FC Porto é dos clubes na Europa, não é de Portugal que isso então não tem comparação, o segundo ou o terceiro com presenças na CL e é importantes estarmos nos oitavos de final, porque quando é feita a primeira grande selecção está-se nas bocas do mundo, nas televisões do mundo, depois já não temos objectivos, pois tudo pode acontecer.

J: Mas tem equipa para chegar...?

PC: Tenho. Mantendo o Quaresma, como vamos manter, com a qualidade dos jogadores contratados, com os que ficaram do ano passado...

J: Hélder Postiga? Vai jogar ou não? É um jogador que entra, sai, marca golos...mas nunca...

PC: Marca golos mas é um jogador que nunca se firmou como efectivo indiscutível no FC Porto.

J: Isso faz dele um dispensável ou não?

PC: Há vários tipos de jogadores. Eu costumo dizer que tenho três tipos de jogadores. Os que são dispensáveis e queremos dispensar, os que são inegociáveis e aqueles que se houver entendimento tanto podem sair como ficar.

J: E o Hélder Postiga está em que tipo?

PC: Está nos que se ficar, muito bem. Se tiver uma proposta e queira ir, não é dizer vai-te embora não queremos. Parece que há um clube que lhe interessa, ao que nos dizem. A confirmar-se sai, se não, fica. Não está no rol do Quaresma, do Bruno Alves, do Helton... que são inegociáveis nem está no lote dos que o treinador não conta com eles.

J: E um jogador pode passar para essa categoria pelo facto de aceitar o namoro de outro clube? Isso ofende-o, incomoda-o?

PC: Não. Não tenho casos desses. Normalmente quando vem uma proposta sabemos e falamos com o jogador. No caso do Pepe, fomos nós que lhe transmitimos o interesse do Real.

É evidente que não podemos permitir que os jogadores digam eu quero ir para ali ou para acolá. Eu costumo dizer que deixo sair todos se todos os que querem vir para cá os seus clubes também deixarem. O Real Madrid falou-me na hipótese de outro jogador que nem era o Pepe nem o Quaresma. Perguntaram se admitia vender e respondi que sim.

J: Quem era? O Lucho?

PC: Era o Lucho. Disse que não admitia vendê-lo mas que o poderia trocar pelo Nistelrooy. “Esse não vendemos”, então estamos empatados. É evidente que temos que ser sensíveis aos interesses dos jogadores e quando aparece uma proposta como no caso do Anderson que tem uma oportunidade de ir para o M. United, ou a aproveita naquela altura par ir ganhar cinco ou seis vezes mais que no FC Porto, eu sinto que se não o deixar ir talvez o rapaz não volte a ter outra. No caso do Lucho Gonzalez, o Valência está interessado no jogador. O jogador está bem no Porto, gosta do Porto, no Porto toda a gente gosta do Lucho, é o capitão da equipa, ele diz que se sente feliz aqui, ao Valência não há conversa. Agora se amanhã aparece o Manchester, o Real Madrid ou o Barcelona eu tenho que pesar se isto para ele não será uma oportunidade que passa. Eu costumo dizer aos jogadores e treinadores que o cavalo anda à volta de nossa casa, à nossa porta mas só passa uma vez desmontado.

ENTREVISTA DE PINTO DA COSTA (CONTINUAÇÃO) - II

SEGUNDA PARTE

J: Acreditava que ela ia escrever o livro?

PC: Eu acredito em tudo. Conforme de onde vêm as coisas acredito em tudo. E depois sei que houve contactos no Porto com várias editoras para LFV que alias vem na CS que quem a tinha levado à PJ para apresentar um agente foi o Sr .LFV em Lisboa. Isto nunca foi desmentido. Foi a Leonor Pinhão, a mando de LFV, apresentar-se à D. Quixote. A Dra. Teresa Coelho da editora telefonou para Espanha, que não queriam editar. Tiveram que garantir a compra de um determinado número de exemplares para permitir a publicação.

É evidente que agora, sabendo-se quem está por trás do livro, compreende-se o que diz o Sr. Joaquim, e a partir daí é tudo ficção. Tal é a ficção que o filme que tem origem no livro é dito que é um filme de ficção.

J: Por questões jurídicas também!

PC: Então o livro também tem que ser tomado por ficção. Agora diz-me assim: “É considerada idónea a “senhora” que vem falar?”. Se eu quiser pôr em causa ou atestar a sua idoneidade, eu não duvido dela, mas tinha que saber o seu passado. Como é que se pode considerar idónea uma pessoa que aos 16 anos o pai a interna numa casa, não direi de correcção, mas era conhecida na altura... não era para as meninas bem comportadas. Foge de lá e aos 18 ou 19 anos, sem casamento tem dois filhos, que depois tem o passado que tem, que eu tive de romper porque realmente são coisas que guardo para mim. A partir desse momento o que é que vem a seguir? Eu tive um incêndio no meu escritório onde guardava as coisas que tirei de casa, do FCP para pôr num escritório que ninguém sabia onde lá estavam. O indivíduo que foi lá chegar o fogo e na mesma noite ao escritório do Dr. Lourenço Pinto, que era meu advogado, já confessou tudo ao MP.

Na casa da Madalena, onde vivemos, fizemos um acordo. Ela deixava-me a casa onde eu tinha as tais coisas da minha vida do FCP. Pois através desse Dr. Dantas ela entregou-me a casa destruída. Chamei a GNR com o Dr. Dantas e uma advogada do seu escritório, foram identificados e tiradas fotografias. Destruída! Fios eléctricos arrancados. E o senhor que a ajudou a fazer esse trabalho já confessou tudo, até em livro. Aquilo que escreveu pormenorizadamente corresponde exactamente com as fotografias em poder da GNR. A pessoa que faz isto é considerada idónea e serve para reabrir processos judiciais? Uma pessoa que me roubou imensas coisas. Apresentei uma queixa por roubo. Dizia que não tinha nada.

A policia restituiu-me algumas coisas dizendo que foram encontradas na garagem da “senhora”. É isto uma pessoa com idoneidade? É esse critério que eu contesto!

J: Como se sente ao ver a sua vida privada exposta desta forma?

PC: Lamento sinceramente. Naturalmente que há coisas que são tabu e que cada um guarda para si. Eu guardo muita coisa para mim porque senão escrevia um Best-seller, mas é preciso ter princípios, agora quando não se tem...

Ontem ou anteontem, achei muita graça, quando o comentador da RTPN, ao comentar a Revista de Imprensa, dizia que achava graça ao facto de todos os dias invariavelmente vir uma página ou duas sobre o filme da Corrupção. Isto realmente é fantástico, parece que nunca em Portugal...

J: Foi na Revista da Imprensa da SIC

PC: Não era minha intenção fazer publicidade à RTPN! (risos)

J: Este livro é uma vingança... um ajuste de contas?

PC: Este livro não é uma vingança. Este livro é dizer assim, no dia 14 de Maio de 2006, o indivíduo que andou com ela, digamos assim, para ser um termo moderado, fez uma entrevista no CM. Estava eu no Hotel Altis e meteram-me o jornal por debaixo da porta, na véspera de um jogo do Benfica e vinha a fotografia desse sujeito a exibir um prato, um capacete e um fato meus que reconheci e ainda hoje não me foram restituídos, embora tenham dito que foram entregar na polícia ou no tribunal, a mim é que não os restituíram. Dizia nessa entrevista, em que não era inventado porque os objectos estavam identificados, o capacete até tinha o meu nome, que era o capacete com que eu ia às obras durante a construção do Estádio e ele dizia assim: “Carolina Salgado quer extorquir 500 mil euros a Pinto da Costa”. Está lá escrito. E depois foram a um Banco e raparam-me a conta, de que existe uma queixa na polícia. Como não acedi a isso, foi não só uma vingança por esse facto como também uma forma de receber dinheiro.

Há dois anos que ela não trabalha e continua a viver faustosamente!

J: Continua a manter contactos com a família..., com Ana Salgado?

PC: Não, com ninguém.

J: Não sabia sequer que ela ia fazer o depoimento no DIAP do Porto?

PC: Não. Soube que ela o tinha feito. A única coisa que eu soube da D. Ana Maria foi que um dia o Dr. Lourenço Pinto me telefonou a dizer que tinha sido contactado por ela, que tinha em seu poder objectos que eram meus que a Carolina tinha posto à guarda em sua casa e que ela achava que não os devia ter por estar indevidamente com coisas minhas, como sei através do Dr. Lourenço Pinto que lhe telefonavam para dizer que precisavam das coisas para vender.

Disse ela que recebeu das mão de Leonor Pinhão um quadro que a Carolina tinha dado ou vendido a LFV e restituiu-me esse quadro por intermédio do Dr. Lourenço Pinto.

J: A Carolina Salgado é hoje na sua vida, uma desilusão, uma frustração, um trauma?

PC: Não. Digamos... como é que lhe vou definir? Olhe, é uma coisa sem nexo. Eu guardei muita coisa, aturei muita coisa, pelos filhos, porque gostava muito deles. Portanto chegou a um ponto que entendi que tinha que me sacrificar pela minha filha e não pelos filhos dos outros.

Repito, o livro só nasce pelas ameaças do Dr. Dantas e porque, ninguém lhe queria editar o livro, LP e LFV garantiram a compra.

J: O senhor durante mais de vinte anos criou publicamente uma imagem de dirigente implacável, de um profissional do futebol, como se dizia, que adormecia e acordava a pensar no Porto. E nos últimos anos começou surpreendentemente a aparecer nas revistas cor de rosa, começamos a poder ser testemunhas de momentos da sua vida social. Arrepende-se de ter aberto essa porta?

PC: Eu não abri bem a porta. Claro que se reparar eu deixei de aparecer. Eu fui envolvido porque realmente ela tinha uma fobia, tinha uma loucura de protagonismo que não aguentava deixar de aparecer. Às vezes fui arrastado para essa situação. Eu fui casado e vivi muitos anos com a mãe da minha filha, era tão importante como presidente do Porto como agora, ou até mais, porque em 1987 o Porto tinha sido Campeão Europeu, o que era impensável, um clube português ser Campeão dava muito protagonismo, mas eu evitei sempre e continuo a evitar.

Há pessoas que não podem viver sem isso e uma certa CS também não pode viver sem essas pessoas. São o seu padrão moral e tem que as promover porque é isso que vende esse tipo de jornais.

J: Vamos ao futebol novamente, às investigações do AD e às suspeitas que já eram muito anteriores ao AD. O senhor tem ou não conhecimento de que há dirigentes desportivos que escolhem os árbitros para as partidas de futebol?

PC: Há uma coisa engraçada. Deixe-me dizer-lhe já agora, que tenho lido muitas vezes, então no CM é todos os dias. Eu combinava os árbitros com o Sr. Pinto de Sousa. Curiosamente o Sr. Pinto de Sousa não nomeava, não escolhia árbitros porque os árbitros da Liga, das Ligas que nós ganhamos eram nomeados, são nomeados, classificados e julgados pela Comissão de Arbitragem da Liga que nem sequer falavam com o Sr. Pinto de Sousa, havia um mau relacionamento e então eram dirigentes, um era até magistrado, o Dr. Cruz Pereira que nomeavam, escolhiam, julgavam e classificavam tudo. O Sr. Pinto de Sousa não tinha nada. Pois essa “senhora” veio dizer que todas as semanas ou quinzenalmente eu me juntava com o Major Valentim Loureiro para escolher os árbitros para o Porto.

J: Tudo ficção?

PC: Ficção. Quer dizer, por acaso nunca ela jantou connosco, nem eu com os três, jantar era raro, mas almoçar com um ou com o outro, até porque sou amigo do Pinto de Sousa desde os bancos de escola. Agora como é que se pode vir dizer, que credibilidade tem vir dizer, é a mesma coisa que vir dizer, olhe ele combina realmente as operações de Bolsa com aquele indivíduo que é médico! O Sr. Pinto de Sousa não tem nada a ver com os árbitros da Liga, nada, rigorosamente nada.

J: Mas a pergunta era se há dirigentes de clubes de futebol que conseguem escolher ou influenciar a escolha dos árbitros.

PC: Actualmente e desde os tempos da Liga eu penso, lá está não posso pôr as mãos no fogo, ponho por mim e desafio algum dirigente das Comissões de Arbitragem, desafio aqui algum que venha dizer que eu alguma vez, não é indicar, tenha tentado que lhe indicasse qualquer árbitro, desafio publicamente qualquer um. Agora é evidente, e por ele publicamente foi assumido, que o Sr. Pinto de Sousa, quando, dos jogos da Taça de Portugal, que eram os únicos que lhe competiam, tinha que nomear um árbitro procurava um consenso até para defesa dele que era a sua teoria. Se o árbitro errar nenhum pode dizer nada porque foi com o acordo deles. Há telefonemas do Sr. LFV para o Major VL a escolher árbitros. Há um Benfica -Belenenses em que lhe perguntam, O António Costa? Esse não porque é não sei o quê, o Fulano? Esse também não porque não dá confiança, e o João não sei quantas? Bem o João pode ser. Mas olha o que me estava prometido era “aquele”. Isso está escrito!

J: LFV é o dirigente que escolhe árbitros?

PC: Não é o que escolhe, “também” era ouvido na escolha dos árbitros para a Taça.

J: O senhor tem essa percepção, de que um árbitro é a favor de um clube ou outro a favor de outro?

PC: Não tenho essa percepção. Aquilo que eu penso dos árbitros é o seguinte, o árbitro o que quer é arbitrar bem. Porque a senhora está a entrevistar-me e não está preocupada se eu estou bem ou mal, o que quer é fazer bem o seu trabalho porque o sabe fazer e tem o seu brio. Um árbitro o que quer é arbitrar bem porque quer ser internacional, porque quer ser o melhor. Agora o que há é árbitros com critérios diferentes. Por exemplo, pode para determinado jogo, o clube gostar de ter um árbitro, não é que seja mais ou menos sério do que outro.

J: O senhor tem contactos pessoais com os árbitros antes dos jogos ou tem alguma?...

PC: Não. Agora não tem nem pode ter porque há um delegado, há um quarto árbitro, só o delegado ao jogo que é que pode ter contacto com o quarto árbitro, os outros só pontualmente.

J: Agora. Antigamente tinha?

PC: Antigamente quem ia para o banco é que era o delegado. Tinha como toda a gente tinha antes do jogo. Tinha que se ir levar as licenças, tinha que se ir buscar as coisas, tinha que se...

J: Mas recebia-os em sua casa?

PC: O único árbitro que foi a minha casa... também foi dito por essa “senhora” que ia provar árbitros. Nunca provou nada nem pode provar porque nunca foi nenhum. Dizia que tinha contratos paralelos dos jogadores do FC Porto que ia apresentar, nunca apresentou nenhum.

J: Com dinheiro que estava a ser enviado para Of shores, para paraísos fiscais.

PC: Nunca tive Of shores. Autorizo toda a gente a vasculhar a minha vida, tudo isso. O FC Porto nunca teve contas fora. Nós temos lá, até chamamos na brincadeira o gabinete das finanças, porque temos lá permanentemente fiscalizações por isto, por aquilo, pelas transferências... aquilo é visto a pente fino. Nós ainda há dias vendemos o Pepe ao Real Madrid. Ainda não estava feito o contrato e já nos estavam a pedir a factura do Empresário. O contrato tinha sido feito há um dia pelo telefone, porque as negociações vinham de há muito e até as pessoas brincam agora porque diziam assim. “Oferecemos 25 Milhões e é para acabar”, então está acabado e para começar são 30 milhões, está desfeito o negócio. No último dia perguntaram-me se podia partir ao meio. Não parte nada ao meio que o jogador tem de ir inteiro. São 30 Milhões ou nada. Sim senhor então vamos...

J: Não há dinheiro por debaixo da mesa no FC Porto?

PC: Não há. E se alguém pode provar que não há somos nós, ou então todas as fiscalizações das finanças que passam lá dias e dias e dias e vêm tudo, são incompetentes.

segunda-feira, 13 de agosto de 2007

ENTREVISTA DE PINTO DA COSTA À SIC NOTÍCIAS - I

Ao longo desta semana vou colocar a entrevista de Pinto da Costa à SIC Notícias, transcrita na integra.

É uma entrevista interessante, importante e longa, pelo que decidi apresentá-la por partes para se tornar mais apetecível. Desfrutem!

PRIMEIRA PARTE

Jornalista: A investigação do processo AD resultou em vinte acusações de cinquenta e seis processos que foram abertos, há mais de quinhentos casos de suspeita de falsificação de documentos, há um dos arguídos, o Sr. Pinto de Sousa que é acusado de 144 crimes e como diz o povo, onde há fumo há fogo e o que eu lhe pergunto é, neste processo nas acusações que são conhecidos o que é que é fumo e o que é que é fogo?

Pinto da Costa: Só a justiça é que poderá dizer o que é fumo e o que é fogo, agora e como falou no Sr. Pinto de Sousa eu quero-lhe dizer o seguinte, se tiver que pôr as mão no fogo pela seriedade de alguma pessoa, eu pelo sr. Pinto de Sousa ponho as minhas e tenho a certeza que não me queimo, porque os processos de que ele é acusado, os crimes como pomposamente alguns jornais puseram na sua pessoa eram formas normais, ainda que se calhar não as ideais com que os árbitros eram analisados e classificados mas como compreenderá é um assunto que eu não vou estar a prolongar-me, faço apenas esta observação na medida em que também tentaram envolver-me nisso, na Comunicação Social, nunca percebi porquê quiseram juntar-me a isso mas nesse processo não encontraram a mínima justificação para me envolver.

Agora o que eu tenho a certeza é que quando chegar a hora da justiça ser feita o Sr. Pinto de Sousa demonstrará que é realmente um homem sério.

J: O Sr. neste processo porá as mãos no fogo por muito mais pessoas?

PC: Não quero por o problema em por ou não as mãos no fogo porque eu podia dizer que ponho as mãos no fogo por toda a gente e não ponho as mãos no fogo por ninguém de toda a gente que está envolvida neste processo. O que penso é que tem havido um empolamento de pequenas coisas que em comparação com muitas coisas que sucedem na vida nacional são ridículas. Agora penso se isto não dá jeito para desviar as atenções de casos bem mais graves e a merecer maior atenção.

J: O seu peso neste processo ultrapassou o peso do FC Porto e da actividade desportiva do clube e da sua gestão. Sentiu que houve intenção de o atingir pessoalmente ao longo deste anos de investigação?

PC: Se não houvesse essa ideia generalizada não faria certamente essa pergunta e quando ma faz é óbvio que pensa que eu me posso sentir e sobretudo quando sou deparado...

J: Interpreto as suas palavras porque acabou de dizer que o tentaram envolver...

PC: Quando surgiu o AD, já nem sei há quanto tempo...

J: Em 2004

PC: Sim 2004, foram envolvidos o Presidente da Liga, o Presidente da Arbitragem, árbitros, foi envolvida toda a gente... e eu que estava a ser super, depois se veio a saber, super vigiado, super controlado, com telefones, não fui envolvido. Não encontraram nenhuma matéria para me envolver. Essa primeira fase do processo correu e toda a gente me dizia “Ai quando lá fui ser ouvido perguntavam se com o sr Pinto da Costa nunca teve nada” e toda a gente me dizia “eles querem é metê-lo a si mas realmente não conseguem”. Isto diziam-me a mim.

Quando veio a segunda leva em que fui envolvido, eu costumo dizer na brincadeira , quando era estudante tinha um amigo que sofria de ataques epilépticos e esteve internado no Hospital Conde Ferreira do Porto. Diziam-lhe que era maluco. Ele respondia que esteve internado e teve alta e não sabia se outros lá fossem parar sairiam ou ficariam internados.

Como lhe disse, chegaram ao ponto de andar a vigiar os meus cartões de crédito, a via verde, a ter carros de escuta à porta de minha casa a controlar quem entrava e quem saía. No fim, toda esta onda da corrupção no futebol, que dá para um filme, limita-se a três jogos. Um Nacional – Benfica, em que não há nada de anormal e que para o Porto tanto fazia que ganhasse um como outro porque o Benfica estava a oito pontos na fase final do campeonato e o seu treinador Sr. Camacho tinha assumido nessa semana que o campeonato tinha acabado e iriam lutar pelo segundo lugar; outro jogo FC Porto – Estrela da Amadora em que não houve rigorosamente nada e um Beira Mar – FC Porto em que o único lance duvidoso que há é um penalty a favor do Porto que não é marcado e em que nem sequer ganhamos o jogo.

Quer dizer, de tudo isto, em vinte e cinco anos, em tantos sucessos, em tantas vitórias, aparecem três jogos, dos quais tencionamos publicamente exibir os nossos dois jogos para que realmente quando as pessoas dizem “Pinto da Costa corrupção activa nestes dois jogos” verem aqueles jogos. E quando os virem possam dizer “ realmente se com toda a investigação, os carros a serem controlados, não sei se meteram ships nos meu cães, encontraram esses dois jogos. Não têm rigorosamente mais nada, não tem nenhumas escutas, não têm a falar com árbitros, não têm a falar com dirigentes, não têm rigorosamente nada.

J: Mas em relação a esse jogo Porto – Estrela da Amadora o MP afirma por exemplo que Reinaldo Teles, no final do jogo ofereceu o jantar à equipa de arbitragem em Matosinhos. São acusados e foram apanhados em escutas telefónicas Jacinto Paixão, Reinaldo Teles e o empresário António Araújo que deram a entender que a equipa de arbitragem estaria comprada pela equipa do Porto.

PC: Não, não podem dizer isso. Primeiro porque não é verdade que Reinaldo Teles tenha pago esse jantar. Há uma situação ridícula em relação a isso, já que falou em quem pagou o jantar que eu sei que nesse restaurante, no dia seguinte eu tinha lá estado a jantar com outra pessoa e foram lá perguntar se eu tinha lá estado a jantar. Disseram que sim senhor. Quiseram ver como é que tinha pago a conta. Felizmente que paguei com o cartão de crédito a despesa que creio foi de 53 euros. Esta conta para pagar a despesa de seis, sete ou oito pessoas, realmente... come-se barato nalguns sítios mas naquele não era de certeza absoluta. Quer dizer as pessoas andavam realmente... Eu acho que não houve a intenção de averiguar, houve um objectivo de tentar culpabilizar essa pessoa porque só assim...

J: De quem era esse objectivo?

PC: Eu vou ser muito claro. Quem é que sempre falou no AD? Foi o Sr. Luís Filipe Vieira! E porquê? Eu vou-lhe dizer porquê assumidamente e claramente. Ele foi, quando presidente do Alverca, visita de minha casa, ía ver os jogos do FC Porto, festejava connosco as vitórias do FC Porto. Há uma fotografia dum Porto – Benfica que ganhamos por 2-0, no tempo do treinador António Oliveira, em que sai num jornal ele à porta do balneário do FC Porto, a meu lado. Eu tinha-o mandado para dentro, estava eu, ele e o Sr. Rui Neno e ele disse ”Não eu quero que eles me vejam”, no tempo do Vale e Azevedo. Portanto ele festejava as vitórias do FC Porto sobre o Benfica, ele era visto no nosso camarote, ele é sócio do FC Porto. Quando estava no Alverca telefonava-me a festejar. Cheguei a ir ver jogos a Alverca e depois jantar com ele.

J: Então o que é que o tornou em inimigo?

PC: O Sr. LFV quando assume a presidência do Benfica tem uma marca, é amigo de Pinto da Costa. Tenho fotografias que ele me ofereceu de convívios, oferecia grandes jantares quando íamos a Alverca com os convidados todos. Convidava a comitiva do FC Porto. Punha uma limozina para nos levar para uma quinta perto de Estádio, e tinha ali um ferrete, este é amigo do Porto. Naturalmente que teve de se demarcar para entrar em guerra com o FC Porto para ganhar a simpatia dos seus adeptos.

Naturalmente que entrou como entram muitos, com fanfarronices, que vão ser campeões todos os anos, que vão ganhar tudo, vão ganhar a todos e depois não ganhava nada. Como é que se pode depois justificar o insucesso? Todas as épocas antes de começar o campeonato vão ser campeões. Compram às carradas de jogadores que são os melhores. Grandes títulos, este é mesmo bom, agora é que vai ser e coisas no género a todo o individuo que chegue. Duma assentada, recordo-me que estava a fazer umas curtas férias com o Dr. João Rodrigues que é um grande benfiquista e está lá ligado ao Benfica. O Benfica contratou 4 jogadores no defeso, O Moretto, o Marco Ferreira, o Marcel e o Manduca. Lembro-me do Dr. João Rodrigues telefonar para o Sr. Vieira e dizer: “ Presidente estou a assistir a isto, grande baile que o Sr. está a dar, fantástico!”

Passados seis meses foram todos corridos! Nenhum está no Benfica. Agora esse insucesso...

J: O senhor considera que o processo AD serve para esconder os maus resultados do Benfica?

PC: Não tenho a mínima dúvida. Repare uma coisa, quem é que falou sempre no processo AD? Com todas as escutas e todas as vigilâncias o processo resume-se a três jogos em que, repito, não houve rigorosamente nada nesses jogos. É isso que prova que o FC Porto era beneficiado.

Agora quando se perde sistematicamente, vende gato por lebre, se diz que os Manducas, Marcos Ferreiras, Marceis e Morettos são os grandes craques, que vão ser campeões e depois têm que se mandar embora porque não servem, é evidente que é muito mais fácil dizer que “Nós perdemos porque o Porto controla e os outros controlam” do que dizer assim “Nós não somos capazes, nõs compramos mal os jogadores, nós vendemos os jogadores que não devíamos vender” e é muito mais fácil as atenções para aí.

J: Mas acha fácil acreditar que uma equipa da PGR, que é a PJ Portuguesa, dedica a atenção que dedicou a um processo destes por vontade, por necessidade ou estratégia de LFV?

PC: Eu vou-lhe dizer o seguinte. O processo AD no que me diz respeito e estava envolvido, estes processos que estamos a falar foram arquivados. Não é arquivado por mim ou os meus advogados. Foram arquivados por magistrados que não conheço, que não são menos competentes nem menos rigorosos nem menos minuciosos que os da actual equipa.

J: O Senhor está a contestar... contesta na justiça a reabertura destes processos?

PC: Contesto pelo seguinte. Foram arquivados e continuaram a falar e surge o dito livro. E é esse dito livro que serve de pretexto à reabertura do processo porque é considerada pessoa idónea a pessoa que escreveu o livro. O original tem coisas que não estão no livro que saiu.

J: O senhor tem o original do “Eu Carolina”?

PC: Não tenho mas há quem tenha e sei o que lá está. O original, alias a escritora, a primeira escritora que depois a segunda é a Leonor Pinhão que foi quem fez as rectificações. A primeira escritora já o disse, até no MP segundo vem no jornal, que o livro que vem cá para fora não é o livro que ela escreveu. Há coisas que foram retiradas, outras postas e outras modificadas na edição que saiu cá para fora. E vi declarações da escritora que disse claramente, que se retirou daquilo, que estava aborrecida, porque tinha verificado que foi ludibriada por não ter percebido as intenções que estavam no livro, alias...

J: Leu o livro?

PC: Não li. Li tudo o que saiu na Imprensa, o livro não.

Há um pormenor muito importante. Há dias o sr. Joaquim Salgado foi à televisão e disse uma coisa muito importante sobre o livro. Foram tiradas duas coisas que não interessavam para o objectivo do livro. É curioso. Foram tiradas duas coisas, que eu sei o que são, que não interessavam para o objectivo.

J: Quais são?

PC: Não vou dizer porque penso que estão em segredo de justiça, uma vez que já foi apresentado no MP o livro.

Como é que nasce o livro? É preciso ver como nasce! A primeira pessoa que me falou no livro foi um tal Dr. Dantas, advogado da “senhora”que queria discutir verbas que eu ia dar ou não ia dar, e eu disse-lhe “Óh doutor o senhor...”

J: Verbas para que o livro não saísse?

PC: Não. Verbas que eu teria de dar à Carolina para fazer um entendimento. Respondi que nada tinha que dar por não ser casado com ela, nem ter intenções de o fazer. E na presença do Dr. Lourenço Pinto que esse senhor me informou que ela até poderia escrever um livro. Respondi-lhe: “Ela pode fazer um livro que eu faço o prefácio. Se ela quer escrever um livro com impacto para mostrar o que é, eu faço-lhe o prefácio”.