sábado, 28 de fevereiro de 2009

PORTO DE SEGUNDA PARA CONSUMO INTERNO

FICHA DO JOGO

(Clicar no quadro para ampliar)

As expectativas eram elevadas face ao comportamento de ambas as formações nos seus compromissos europeus. O FC Porto em alta, ao contrário do Sporting, «na fossa» depois do descalabro frente aos bávaros, indiciava um encontro entre estes rivais com algum desequilibro.

Alguns adeptos portistas fizeram alarde, durante o resto da semana, à boa exibição alcançada em Madrid e logo partiram para um insensato optimismo, reforçado pela derrota copiosa do Sporting em casa frente ao Bayern de Munique. Esperavam certamente nova humilhação, agora no Dragão.

Mas quem anda no futebol há longos anos, como eu, está perfeitamente avisado que as aparências, nesta modalidade, raras vezes se confirmam.

O que aconteceu hoje no Dragão ilustra exactamente esta minha perspectiva, que aliás tive ocasião de expressar previamente, no comentário que produzi no blogue do Vila Pouca, no sua antevisão a este encontro.

O FC Porto entrou determinado no jogo, produziu 20 minutos de futebol ofensivo, dinâmico, frenético, insistente e rápido, na tentativa de criar espaços e desequilíbrios que lhe garantissem supremacia no marcador. Contudo, a boa organização defensiva do Sporting, aliada à tolerante actuação do homem do apito que permitiu que os defesas sportinguistas usassem a abusassem do jogo faltoso e em alguns casos violento, com destaque especial para o reincidente Pedro Silva, evitaram que o perigo chegasse até às suas redes. Aos 11' o FC Porto produziu aquele que terá sido o lance mais perigoso junto da baliza leonina, com Rodriguez a cabecear forte e Pereirinha a safar, também de cabeça sobre a linha fatal.

Depois o FC Porto foi perdendo o fulgor e o Sporting começou a equilibrar, conseguindo momentos de supremacia. Criou a oportunidade mais flagrante por Liedson que fez a bola esbarrar na trave aos 39 minutos.

Os Dragões sentiram então dificuldades em ligar o seu jogo, perdendo muitos lances à custa de passes errados, com Lucho muito apagado, Hulk espartilhado, sem espaço, Lisandro pouco esclarecido e lá atrás Pedro Emanuel a acusar a veterania. O Primeiro tempo acabou com três remates portistas dos quais apenas um fez perigar a baliza forasteira.

O regresso ao relvado fez-se sem grande inspiração de parte a parte. O jogo baixou de qualidade, a capacidade física piorou, o encontro tornou-se ainda mais disputado, com muitas faltas e muita quezília, mas longe das balizas.

Destaque para Cristian Rodriguez, o melhor jogador em campo, pelo inconformismo, pela capacidade física, pela entrega e pela raça.

O negativo deste encontro, a incapacidade do árbitro João Ferreira no julgamento das jogadas faltosas, permitindo a toada sarrafeira com que o Sporting começou o jogo. Evidentemente que os jogadores portistas tiveram de responder, mas por isso foram penalizados. Jamais conseguiu impôr disciplina. Foi um autêntico «banana». Sem classe!

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

CONTRARIANDO AS PREVISÕES

Na época de 1924/1925, o FC Porto, surpreendentemente, venceu o Campeonato de Portugal, numa final que teve como opositor o Sporting, no dizer dos cronistas, o amplamente favorito à vitória final.

Segundo eles, os «leões» terão sido superiores durante o jogo que se disputou no Campo de Monserrate, em Viana do Castelo, só que, na baliza do Porto, estava um jovem de 19 anos com um nome exótico, de figura maciça mas de reflexos rapidíssimos, que magnetizava todas as bolas. Chamava-se Mihaly Siska, húngaro de nascença e entraria na galeria dos grandes ídolos do clube assumindo-se como um dos melhores guarda-redes de sempre. Siska, que se naturalizaria poucos anos depois, impôs a diferença. O FC Porto sagrou-se campeão de Portugal com uma vitória por 2-1. Marcaram os golos, João Nunes e Coelho da Costa, de penalty.


À chegada ao Porto, reportou uma revista portuense, «não podiam as festas da cidade ter como remate melhor acontecimento». Na estação de São Bento, milhares de adeptos e simpatizantes, acompanhados de banda de música receberam entusiasticamente os Campeões Nacionais. Foi improvisado um cortejo, com um grupo de populares empunhando archotes para percorrer várias ruas da cidade onde o povo do Porto se associou à manifestação, correspondendo com calor, entusiasmo e regozijo.

Campeões de Portugal de 1924/1925. Na foto da esquerda para a direita: João Costa, Júlio Cardoso, Mihaly Siska, Floriano Pereira, Balbino da Silva, Humberto Bragança, Coelho da Costa, Flávio Laranjeira, Pedro Themudo, Norman Hall, Artur Freire, João Nunes e Álvaro Sequeira.

Fontes: Livro de Ouro do Diário de Notícias e 100 Anos de História de Álvaro Magalhães e Manuel Dias

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

EM NOITE DE INFORTÚNIOS, UM RESULTADO ASSIM ASSIM!

FICHA DO JOGO

(Clicar no quadro para ampliar)

De volta ao futebol europeu, o FC Porto perdeu hoje uma oportunidade de ouro de garantir desde já o seu lugar nos quartos-de-final da Champions League.

A noite foi de um desenrolar de infortúnios que penalizaram fortemente os Dragões, senão vejamos:

Fucile, escalado para ser titular neste jogo, durante o aquecimento ressentiu-se da lesão que o tinha já afastado do jogo frente ao Paços de Ferreira, teve de ceder o seu lugar a Sapunaru; Lisandro Lopez viu um golo seu mal anulado por pretenso fora de jogo; Helton, já nos descontos da primeira parte, consentiu um «frango» num remate inofensivo. Infelecidades a mais para um jodo desta importância.

O FC Porto foi quase sempre a melhor equipa em campo, demonstrando grande capacidade para levar perigo à área madrilena, onde espalhou o pânico. Porém, a habitual ineficácia finalizadora e algum facilitismo na defesa contribuiram para que o resultado evoluísse de forma pouco satisfatória.

Logo aos 2' Hulk pela direita passou em velocidade três adversários, cruzou para Rodriguez que, em boa posição, não foi capaz de bater Leo Franco; Aos 9 ', o mesmo Hulk volta a vencer a oposição e em vez de servir Lisandro optou pelo remate que saiu por cima da baliza; Aos 18' Lisandro coloca a bola nas redes mas o golo foi anulado por pretenso fora de jogo; Aos 22', Lisandro aproveitou uma falha da defesa, após um cabeceamento de Raúl Meireles, isolando o argentino que não perdoou, fazendo o empate; Aos 25' Lisandro teve de novo o golo nos pés, ao receber um cruzamento de Rodriguez, com um remate que o guardião desviou com o pé; Aos 29' Hulk isolado atirou contra o guarda-redes, quando todos esperavamos o golo; Aos 47' Leo Franco volta a defender, de recurso uma cabeçada de Rodriguez; Aos 55' é Lisandro que no coração da área, isolado não consegue concretizar; Aos 72' Lisandro Lopez atenua a injustiça do resultado , acorrendo com oportunidade e rapidez a um cruzamento da esquerda de Cissokho, fazendo a igualdade (2-2).

Tantas oportunidades para apenas dois golos! E como se não bastasse, dois golos sofridos perfeitamente evitáveis. O primeiro aos 3' numa falha de marcação de Cissoko a permitir espaço a Maxi Rodriguez que aproveitou e agradeceu a liberdade e o segundo num infortúnio de Helton a largar para a baliza uma bola fácil. Um «dejá vue» a lembrar o jogo frente ao Chelsea, nesta mesma fase da prova.

O resultado final, não sendo mau (os golos marcados fora podem ser uma mais valia) foi todavia injusto face ao superior futebol apresentado pelos Dragões. O Atlético foi bafejado pela sorte, livrando-se, sem saber ler nem escrever, de um resultado pesado.

No FC Porto destaque para as boas exibições de Bruno Alves, Fernando e Lucho, Lisandro Lopez, Rodriguez e Hulk, estes apesar de muito perdulários.
Jesualdo Ferreira tem finalmente a eliminatória ao seu alcance para pela primeira vez passar aos quartos-de-final. Espero que aproveite esta pequena vantagem.

sábado, 21 de fevereiro de 2009

PASSO A PASSO SE CONSTROI UM TÍTULO

FICHA DO JOGO

(Clicar no quadro para ampliar)

Num terreno onde habitualmente o FC Porto sente grandes dificuldades, a equipa azul e branca apresentou-se com três alterações em relação ao último jogo para o campeonato. Sapunaru rendeu Fucile, afastado por lesão; Tomás Costa jogou no lugar de Lucho e Lisandro Lopez reapareceu para jogar na posição de Rodriguez.

Entrou forte o FC Porto, assumindo as despesas do jogo, impondo a sua melhor organização bem como capacidade ofensiva. Foram cerca de trinta minutos na procura intensa do golo que acabaria por surgir aos 16', numa jogada conduzida pela esquerda por Cissokho, que endossou a bola a Hulk. Este, à entrada da área, disparou uma «bomba» indefensável. Outras oportunidades foram sendo criadas mas a falta de afinação do remate impediram que o marcador se avolumasse.

O Paços raras vezes importunava. Sentia grandes dificuldades em ultrapassar a defensiva portista, bem comandada por Bruno Alves, razão pela qual recorreu com alguma insistência ao remate de longa distância. Num desses remates, Rui Miguel fez a bola esbarrar na trave, quando os ponteiros do relógio marcavam 27' de jogo. O intervalo chegou assim com o resultado favorável aos tricampeões nacionais, pela magra vantagem de 0-1.

No segundo tempo o FC Porto, como já vem sendo habitual, abrandou o ritmo de jogo, permitindo o adiantamento do seu adversário. Mais atrevido e pressionante o Paços apareceu a jogar mais próximo da área portista. Os Dragões lançaram então com alguma frequência os contra-ataques rápidos para fazer perigar a baliza dos pacenses. Aos 64' Hulk, outra vez, lançado pela esquerda entrou na área adiantou a bola a Ricardo que só o parou derrubando-o. Jorge Sousa não teve dúvidas ao apontar a grande penalidade respectiva. Bruno Alves, chamado a apontar, enganou Coelho que se lançou para a esquerda enquanto a bola se foi anichar no canto direito da sua baliza. Estava fixado o resultado e concretizada mais uma vitória importante rumo ao tetra.


O Paços ainda conseguiu introduzir a bola nas redes de Helton, mas como o jogo não era de andebol o árbitro Jorge Sousa anulou contra a vontade do comentador da RTP que afirmou que se fosse ele o juíz da partida deixaria seguir o lance! Olha a novidade! Perderam completamente a vergonha e a noção do ridículo.

Hulk foi para mim o melhor jogador em campo e é hoje em dia a peça mais importante deste FC Porto, que continua a ter em Lisandro e Lucho duas sombras do passado recente.



quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

O TERCEIRO TÍTULO NACIONAL DE FUTEBOL

O triunfo azul e branco em 1931/32 foi o terceiro no Campeonato de Portugal e ficou como uma das páginas épicas no futebol do Clube e do próprio futebol português. A prova disputava-se ainda em sistema de eliminatórias, apurando-se o campeão numa final em terreno neutro. Nos quartos de final saiu-nos na rifa o Benfica.

Para não haver dúvidas até veio um árbitro espanhol, Pedro Escartin, para dirigir o encontro. Goleada do FC Porto por 8-0, golos de Valdemar (3), Acácio Mesquita (3), Lopes Carneiro e Carlos Nunes.
Os «três diabos do meio-dia», assim ficaram imortalizados pelo povo, Valdemar Mota, Acácio Mesquita e Artur de Sousa "Pinga" lançaram o terror na defesa benfiquista transformando-a num queijo suíço.

Imagem que mostra os «três diabos do meio-dia», Acácio Mesquita, Valdemar Mota e Pinga, também Lopes Carneiro, junto ao árbitro, todos festejando a marcação de um dos oito golos ao Benfica

FC Porto e Belenenses foram os finalistas, cuja decisão foi marcada para o Campo do Arnado, em Coimbra. O FC Porto apresentava-se como favorito e o título parecia assunto arrumado, quando a escassos quinze minutos do termo do encontro, os lisboetas perdiam por 4-1. A massa de adeptos portistas já festejavam o título nas bancadas, quando a equipa da capital, comandada por Augusto Silva, que ficaria como figura lendária do futebol português, iniciou uma tão inesperada como impensável recuperação, chegando ao empate.

O volte-face do resultado, nesses quinze minutos de alta-voltagem (ficou para a história como o «quarto de hora à Belenenses»), levou a um prolongamento que não alterou o resultado.
Houve assim, necessidade de uma finalíssima, efectuada no mesmo cenário, duas semanas depois. Campo à cunha, outra vez, e reedição do empolgante embate, que mobilizava atenções e alimentara apaixonantes discussões na sequência do dramático empate a quatro golos. Durante hora e meia, as duas formações entregaram-se a uma luta sem tréguas, de desfecho imprevisível.

O dedo do treinador húngaro do FC Porto, tornou-se determinante. A táctica de Joseph Szabo permitiu segurar Augusto Silva, limitá-lo na manobra estratégica e na criatividade individual, reduzindo capacidade ofensiva dos lisboetas. O desafio foi cerrado mas o Porto acabou por fazer valer o seu poderio obtendo uma vitória por 2-1. Pinga de penalty e Carlos Mesquita foram os concretizadores portistas, num jogo em que também sobressaiu a classe rara do guarda-redes Mihaly Siska. A explosão de entusiasmo que rebentou no Campo do Arnado iria repercutir nas ruas de Coimbra, com os adeptos do FC Porto a festejarem o terceiro título azul e branco.

Recepção apoteótica junto à sede do Clube, na Rua Sá da Bandeira no Porto

A apoteose ficaria guardado para o dia seguinte, quando dezenas de milhar de pessoas acolheram a comitiva portista regressada de Coimbra. Um cortejo compacto acompanhou os campeões pelas ruas da cidade e vibrou diante da sede do Clube, a cuja varanda surgiram os heróis de uma vitória que um cronista descreveria como conquistada «com sangue, suor e lágrimas».

Campeões de 1931/1932: Da esquerda para a direita, em cima: Fernando Trindade, Jerónimo Faria, Francisco Castro, Pinga, Carlos Mesquita, Álvaro Sequeira, Lopes Carneiro, Valdemar, Álvaro Pereira, Pedro Themudo e Szabo (treinador); Em baixo: Mihaly Siska, Avelino Martins e Acácio Mesquita.

Fontes: 100 Anos de História de Álvaro Magalhães e Manuel Dias; Livro de ouro do Diário de Notícias

domingo, 15 de fevereiro de 2009

ÁGUA MOLE EM PEDRA DURA...

FICHA DO JOGO


(Clicar no quadro para ampliar)

Ao vencer o último classificado da Liga Sagres, no Dragão, o FC Porto manteve a liderança isolada da prova, regressando às vitórias no seu estádio.

Apesar da superioridade dos tricampeões nacionais ao longo dos 90' o Rio Ave não foi presa fácil. Bem organizados defensivamente, os vilacondenses chegaram a criar grandes dificuldades.

Os Dragões entraram com o pensamento no ataque, mas sem muita consistência. Os passes errados, a insistência nos cruzamentos para a área, os postes e a determinação do guarda-redes Paiva iam adiando o golo.

Raúl Meireles aos 21' fez a bola beijar o poste e mais tarde Lucho remata para mais uma boa defesa de Paiva. Aos 32', depois de um slalom pela direita Hulk desferiu uma bomba que fez estremecer a barra da baliza. Enfim, sem jogar muito o FC Porto ia desperdiçando boas ocasiões.

O primeiro golo surgiu de grande penalidade a castigar falta de Gaspar sobre Farías, na área de rigor. Lucho Gonzalez não perdoou.

O Porto forçou ainda mais um pouco e aos 40' Mariano Gonzalez cabeceou forte e Paiva defendeu, dando a sensação de o ter feito já dentro da baliza. Os jogadores portistas reclamaram mas Elmano Santos não atendeu.

No segundo tempo o Professor retirou Fucile, aparentemente lesionado e fez entrar Tomás Costa, passando Fernando para lateral. O Porto parecia então satisfeito com o resultado procurando mais o controlo do jogo do que tentar dilatar o marcador, permitindo que o Rio Ave começasse a criar algum perigo.

Aos 57' Fábio Coentrão, em tão de aviso, acertou no poste e aos 72' marcou mesmo num belo remate que não deu hipótese de defesa a Helton. O Porto estremeceu e o nervosismo tomou conta de técnicos, jogadores e massa associativa. Com 18' para jogar, pairava no Dragão o espectro de novo empate, que a registar-se seria o 4º consecutivo.

Jesualdo arriscou tudo, fez sair Cissokho para a entrada de Lisandro, passando a actuar com três defesas.

Foi então que apareceu finalmente no jogo esse jogador normalmente abúlico, desatento e complicado, Ernesto Farías que com dois golos resolveu a partida. O primeiro aos 86' a corresponder a um cruzamento de Lucho Gonzalez e três minutos depois emendando um cruzamento de Lisandro.

Finalmente respirou-se de alívio! Quem diria.

Numa exibição pobrezinha sobressairam por alguns momentos Raúl Meireles, Lucho Gonzalez, Hulk e... pela importância dos golos, o «morrinhento» do Farías.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

ESTREIA DA LIGA COM FC PORTO CAMPEÃO

Importado o exemplo britânico do «association», a época de 1934/1935 traz uma novidade ao futebol português, que acompanhando a tendência europeia atravessava uma fase de crescimento, de expansão e de popularidade; disputa-se, pela primeira vez, um campeonato em sistema de competição de todos contra todos, com a atribuição de dois pontos por vitória e um ponto por empate.

Foram oito as equipas participantes na prova inédita em Portugal, a que se deu o nome de Liga: FC Porto, Académico do Porto, Académica de Coimbra, Benfica, Sporting, Belenenses, União Futebol Clube de Lisboa e Vitória de Setúbal.

Estreia auspiciosa dos azuis e brancos. Ganharam todos os jogos em casa e fora venceram três (União, Académico e Académica), empataram dois (Belenenses e Sporting) e perderam dois (Benfica e Setúbal), somando no total dos 14 jogos, dez vitórias, dois empates e duas derrotas, 22 pontos, 43 golos marcados e 19 sofridos.

Salientaram-se Soares dos Reis, o primeiro guarda-redes internacional do FC Porto. Testava os reflexos apanhando pequenos coelhos, peculiar maneira de nos jogos não fazer da baliza capoeira de pequenos ou grandes «frangos»; Pinga, esquerdino de talento, saiu da escola do Marítimo por tanto encantar a sua maneira de fazer o «dribling» curto. Foram Szabo (treinador) e Dumont Villares (presidente) que se empenharam em vencer a corrida a outros clubes e agarrar Pinga. Uma aposta ganha uma vez que o atleta esteve ao serviço dos Dragões durante 16 anos tendo sido internacional por 23 vezes, tornando-se um ídolo do Clube.

Campeões do primeiro Campeonato da Liga na época de 1934/1935. Faziam parte desta equipa, Soares dos Reis, Pinga, Valdemar Mota, Carlos Nunes, Avelino Martins, Lopes Carneiro, Nova e Carlos Pereira.

Fonte: Livro de Ouro do Diário de Notícias, 100 Anos de História de Álvaro Magalhães e Manuel Dias, Equipamentos com história de A Bola.

domingo, 8 de fevereiro de 2009

ESTRATÉGIA FALHADA!

FICHA DO JOGO

(CLICAR NO QUADRO PARA AMPLIAR)

Num jogo preparado com todo o cuidado, pois era importante vencer para deixar os rivais mais longe na tabela classificativa, Jesualdo dispôs dos principais jogadores do plantel em boas condições físicas e anímicas, face ao descanso proporcionado aos habitualmente titulares, durante a semana e teve a lotação do estádio quase lotada, numa manifestação clara de apoio e confiança.

Mas o futebol, ainda bem digo eu, não é uma ciência exacta onde tudo se condiciona a teorias infalíveis. O futebol é um espectáculo sujeito a um conjunto de imponderáveis que, de repente fazem ruir por terra toda a parafernália de conceitos estereotipados gizados pelos «experts» da matéria.

Foi em boa parte isto que aconteceu esta noite no Estádio do Dragão.

Creio que era consensual o favoritismo dos Dragões. Melhor conjunto, jogando em casa perante o seu fiel público, na máxima força, poupado ao desgaste da prova «rafeira» do meio da semana, tudo jogava a favor das cores azuis e brancas.

Os primeiros 35 minutos mostraram realmente um FC Porto possante, empreendedor, virado para o ataque, pronto a passar à prática tudo o que se tinha planeado.

Só que, a incapacidade de fazer os golos, numa meia dúzia de jogadas em que os desequilíbrios foram conseguidos com arte e engenho, destruíram essa possibilidade.

Lucho Gonzalez, duas vezes, Fucile, Hulk e Lisandro foram os perdulários da noite.

Após esse período, inexplicavelmente, o adversário começou a pressionar, a aparecer mais perto da baliza de Helton que se opôs com decisão a um potente remate de Reyes aos 38' e em cima do intervalo Yebda fez o golo num remate de cabeça, a castigar a falta de marcação da defesa portista. Balde de água fria!

O FC Porto entrou para o segundo tempo disposto a alterar o marcador, mais com o coração do que com a cabeça. Faltou discerenimento e disso se aproveitou a turma forasteira que se limitava a controlar e a procurar com mais frequência o contra-ataque no sentido de ferir de morte o resultado final.

Felizmente, o árbitro do encontro, um benfiquista assumido, interpretou uma queda de Lisandro Lopez na área, como falta merecedora de grande penalidade que Lucho Gonzalez não enjeitou, fazendo a igualdade aos 71'. Do mal o menos!

Até final o cariz do encontro não se alterou, acabando o FC Porto por desperdiçar uma boa oportunidade para conseguir uma vantagem mais confortável sobre os adversários directos.

Boas exibições de Helton, Fucile, Fernando e Raúl Meireles.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

MISERÁVEL!!!

FICHA DO JOGO

(Clicar no quadro para ampliar)

Miserável é o termo mais brando para classificar a postura portista para este jogo.

Jesualdo no final da partida fez um discurso mal disfarçado, mostrando o seu aparente contentamento com a exibição da equipa que não com o resultado e muito menos com o trabalho do árbitro.

Parecem-me sinceramente desculpas para disfarçar a forma pouco profissional com que se abordou esta competição. De resto, até a deslocação no mesmo dia, de comboio, foi bem ilustrativo do tipo de interesse manifestado.

O treinador disse ter gostado porque não é adepto deste Clube. Eu detestei e reprovo liminarmente este tipo de gestão. É que não gosto de perder nem a feijões. Sou Dragão, Pentacampão, Bicampeão do Mundo e da Europa. Este historial dá-nos responsabilidades que não podemos nem devemos esquecer. Mais, não creio que esta postura nos vá dar vantagens para o próximo jogo, o tal em que Jesualdo aposta tudo. A ver vamos.

Quanto ao jogo de hoje, importa reflectir na verdadeira qualidade dos jogadores, chamados de segunda linha. O que mostraram hoje foi mais do mesmo, ou seja, aquilo que todos os portistas reconhecem mas que o treinador finge não ver.

Fica mais uma vez a sensação de se tratar de muito dinheiro mal gasto, em estrangeiros sem argumentos que tapam a progressão dos jovens portugueses, forçados a rodar noutros clubes, alguns deles sem quaisquer qualidades para contribuírem para a a sua evolução.

Se na primeira parte o FC Porto ainda conseguiu equilibrar em alguns momentos do jogo, principalmente até ao golo do empate, que diga-se em abono da verdade até foi justo, mas conseguido por linhas tortas (penalty destes só mesmo em Alvalade!), já na segunda parte foi o descalabro total.

A ingenuidade e falta de classe de alguns atletas foi por demais evidente e o resultado acabou por ser o corolário natural de tal naufrágio.

Em resumo, uma péssima representação de um Clube que merece mais respeito. Imperdoável!

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

CAMPEONATO DE PORTUGAL

Na temporada de 1936-37, em simultâneo com com o Campeonato da Liga, decorreu o Campeonato de Portugal em moldes habituais de bota-fora, com final em campo neutro.

Sob a orientação técnica do austríaco François Gutka, o FC Porto dominou os «leões», numa final disputada no Campo do Arnado em Coimbra. Despique rijo e emotivo com os portistas a vencer por 3-2, com golos de Lopes Carneiro, Carlos Nunes e Vianinha. Era o 4º título no Campeonato de Portugal.

Reboredo numa manifestação de júbilo beija a bola no fim do jogo. O polícia não resistiu à emoção!

Num sistema clássico de dois defesas, três médios e cinco avançados, o FC Porto fez alinhar nesse jogo, Soares dos Reis; Ernesto e Vianinha; Pocas, Carlos Pereira e Francisco Ferreira; Lopes Carneiro, António Santos, Reboredo, Pinga e Carlos Nunes.

Esta competição viria a ser substituída, na época 1938/1939 pela Taça de Portugal.

Campeões de Portugal 1936-37: Da esquerda para a direita, em cima: Manuel dos Anjos (Pocas), Carlos Pereira, Francisco Ferreira, Ernesto Santos, Vianinha, Soares dos Reis e Gutkas (Treinador); Em baixo: Lopes Carneiro, António Santos, Reboredo, Pinga e Carlos Nunes.

Fontes: Livro de Ouro do Diário de Notícias e 100 Anos de História de Álvaro Magalhães e Manuel Dias

domingo, 1 de fevereiro de 2009

DE BELÉM A ESPERANÇA DO TETRA

FICHA DO JOGO

(Clicar no quadro para ampliar)

O FC Porto deu hoje um importante passo para manter viva a ambição de coleccionar novo triunfo no Campeonato principal do futebol português.

A deslocação a Belém que se antevia difícil redundou num êxito em números que embora justos não traduzem as dificuldades por que passou.

Entrou melhor no jogo, patenteando vontade de procurar bem cedo os golos que lhe garantissem a confiança necessária para construir uma exibição sólida.

Fruto de um futebol rasgado e ofensivo, em dois minutos (21 e 22) concretizou, primeiro por Hulk a concluir um cruzamento da direita de Mariano Gonzalez e depois por Rodriguez que apareceu solto na cara do guarda-redes do Belenenses cabeceando para as malhas um cruzamento de Lucho Gonzalez.

Dispôs ainda de duas soberanas ocasiões, nos quatro minutos seguintes. A primeira, perdida infantilmente por Mariano e a segunda, na sequência de um belo remate em arco de Raúl Meireles que merecia melhor sorte. Teria sido o matar definitivo do jogo que lhe permitiria controlar e gerir o esforço até ao apito final (salvo seja).

Não o conseguindo acabou por se expor às vicissitudes de que o futebol é fertil. O Belenenses aos poucos apareceu mais atrevido e numa jogada bem delineada acabou por ser feliz com um auto-golo de Rolando, estavam decorridos 35'. A turma do Restelo cresceu e empurrou o Porto para o seu meio campo, obrigando-o a trabalho mais exigente.

Na segunda metade,, o jogo foi mais dividido, mais mal jogado, por isso mais feio e desinteressante. O Porto defendeu quase sempre bem procurando mais o contra-ataque que raras vezes saiu perfeito. Foi ainda capaz de marcar o terceiro golo da autoria de Lucho Gonzalez, aos 87' bem assistido por Lisandro Lopez que tinha entrado pouco antes a substituir Hulk, com o capitão portista a entrar pelo centro da área e a rematar fora do alcance de Júlio César.

Num jogo que não foi brilhante, destaque mais uma vez para Hulk com mais uma bela exibição.


Duarte Gomes, o «assoprador» de serviço esteve quase sempre bem mas teve duas falhas imperdoáveis. A primeira ao sancionar o golo do Belenenses uma vez que Saulo se encontrava ligeiramente deslocado. A segunda foi a amostragem ridícula do primeiro amarelo a Fucile, já que claramente se tratou de bola na mão.