quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

O TERCEIRO TÍTULO NACIONAL DE FUTEBOL

O triunfo azul e branco em 1931/32 foi o terceiro no Campeonato de Portugal e ficou como uma das páginas épicas no futebol do Clube e do próprio futebol português. A prova disputava-se ainda em sistema de eliminatórias, apurando-se o campeão numa final em terreno neutro. Nos quartos de final saiu-nos na rifa o Benfica.

Para não haver dúvidas até veio um árbitro espanhol, Pedro Escartin, para dirigir o encontro. Goleada do FC Porto por 8-0, golos de Valdemar (3), Acácio Mesquita (3), Lopes Carneiro e Carlos Nunes.
Os «três diabos do meio-dia», assim ficaram imortalizados pelo povo, Valdemar Mota, Acácio Mesquita e Artur de Sousa "Pinga" lançaram o terror na defesa benfiquista transformando-a num queijo suíço.

Imagem que mostra os «três diabos do meio-dia», Acácio Mesquita, Valdemar Mota e Pinga, também Lopes Carneiro, junto ao árbitro, todos festejando a marcação de um dos oito golos ao Benfica

FC Porto e Belenenses foram os finalistas, cuja decisão foi marcada para o Campo do Arnado, em Coimbra. O FC Porto apresentava-se como favorito e o título parecia assunto arrumado, quando a escassos quinze minutos do termo do encontro, os lisboetas perdiam por 4-1. A massa de adeptos portistas já festejavam o título nas bancadas, quando a equipa da capital, comandada por Augusto Silva, que ficaria como figura lendária do futebol português, iniciou uma tão inesperada como impensável recuperação, chegando ao empate.

O volte-face do resultado, nesses quinze minutos de alta-voltagem (ficou para a história como o «quarto de hora à Belenenses»), levou a um prolongamento que não alterou o resultado.
Houve assim, necessidade de uma finalíssima, efectuada no mesmo cenário, duas semanas depois. Campo à cunha, outra vez, e reedição do empolgante embate, que mobilizava atenções e alimentara apaixonantes discussões na sequência do dramático empate a quatro golos. Durante hora e meia, as duas formações entregaram-se a uma luta sem tréguas, de desfecho imprevisível.

O dedo do treinador húngaro do FC Porto, tornou-se determinante. A táctica de Joseph Szabo permitiu segurar Augusto Silva, limitá-lo na manobra estratégica e na criatividade individual, reduzindo capacidade ofensiva dos lisboetas. O desafio foi cerrado mas o Porto acabou por fazer valer o seu poderio obtendo uma vitória por 2-1. Pinga de penalty e Carlos Mesquita foram os concretizadores portistas, num jogo em que também sobressaiu a classe rara do guarda-redes Mihaly Siska. A explosão de entusiasmo que rebentou no Campo do Arnado iria repercutir nas ruas de Coimbra, com os adeptos do FC Porto a festejarem o terceiro título azul e branco.

Recepção apoteótica junto à sede do Clube, na Rua Sá da Bandeira no Porto

A apoteose ficaria guardado para o dia seguinte, quando dezenas de milhar de pessoas acolheram a comitiva portista regressada de Coimbra. Um cortejo compacto acompanhou os campeões pelas ruas da cidade e vibrou diante da sede do Clube, a cuja varanda surgiram os heróis de uma vitória que um cronista descreveria como conquistada «com sangue, suor e lágrimas».

Campeões de 1931/1932: Da esquerda para a direita, em cima: Fernando Trindade, Jerónimo Faria, Francisco Castro, Pinga, Carlos Mesquita, Álvaro Sequeira, Lopes Carneiro, Valdemar, Álvaro Pereira, Pedro Themudo e Szabo (treinador); Em baixo: Mihaly Siska, Avelino Martins e Acácio Mesquita.

Fontes: 100 Anos de História de Álvaro Magalhães e Manuel Dias; Livro de ouro do Diário de Notícias

2 comentários:

Sérgio de Oliveira disse...

Belas imagens !
Grande Porto !

dragao vila pouca disse...

Os «três diabos do meio-dia»Bem prcisavamos de uns Diabos assim para acbar com a conversa.

Grandes e inesquecíveis pedaços na nossa goloriosa história, que ficam registados para memoria futura e ao alcance de todos.

Parabéns e um abraço