quarta-feira, 21 de maio de 2008

BAÚ DE MEMÓRIAS

Depois de uma fugaz passagem de Tomislav Ivic, que regressara para substituir o bicampeão Carlos Alberto Silva, Pinto da Costa, numa das suas habituais jogadas de mestre, aproveitou o despedimento a que tinha sido submetido Bobby Robson no Sporting, para o contratar e substituir o croata que estava a sentir dificuldades para levar a equipa a bom porto.

Robson ingressou no FC Porto em Finais de Dezembro de 1993 conseguindo rectificar o mau início do campeonato e colocar o Clube na luta pelo titulo que não veio a conseguir, quedando-se pelo segundo lugar a dois pontos do campeão. Viria no entanto a ter sucesso na Taça de Portugal, vencendo no Jamor o seu ex-clube Sporting, numa finalíssima turbulenta, depois de um empate sem golos, e que terminou com a vitória por 2-1, como prenuncio do que estava para vir.

1994/1995 O PRIMEIRO PASSO PARA O PENTA

Mais uma vez a Comunicação Social lançara antecipadamente os seus campeões, deixando o FC Porto estrategicamente de fora do lote dos favoritos.

O plantel conhecera as saídas de Fernando Couto para o Parma de Itália e Kostadinov para o Corunha de Espanha. Caras novas chegaram às Antas: Cândido (ex-Setúbal), Emerson (ex-Belenenses), Latapy (ex-Académica), Drulovic (ex-Gil Vicente), Iuran e Kulkov (ex-Benfica) e o regresso de Rui Barros.

Na foto da esquerda para a direita, em baixo: André, Domingos, Folha, Rui Barros e Secretário; Em cima: Vítor Baía, Bandeirinha, Zé Carlos, Emerson, Jorge Costa e Paulinho Santos

O Porto não começou bem o campeonato pois ao cabo da 7ª jornada já tinha perdido 3 pontos (empate na Luz e derrota na Madeira ante o Marítimo), mas a equipa soube encontrar uma cadência de vitórias consecutivas que a colocaram no rumo certo para chegar ao título.

A equipa patenteou durante a prova solidez e eficácia defensiva bem como um ataque concretizador que fez dela a equipa menos batida do campeonato (15 golos sofridos) e com o melhor ataque (73 golos marcados).

A qualidade do seu futebol foi reconhecida por todos bem como a justiça na vitória do campeonato. Deixou o Sporting a 9 pontos e o Benfica a 13, 2º e 3º classificados respectivamente.

A festa do título aconteceu a 7 de Maio de 1995. O jogo foi em Alvalade e o Sporting depositava todas as esperanças de reduzir a diferença pontual, colocar a discussão do título ao rubro e esperar que as últimas três jornadas revertessem a seu favor.

Os Dragões impuseram-se de forma categórica explanando um futebol equilibrado, com segurança defensiva, consistência no miolo do campo e rapidez, astúcia, talento e organização no ataque.

Foi uma exibição de grande nível técnico só ao alcance de equipas com "estaleca" de campeão.

Domingos viu um golo limpíssimo anulado por Bento Marques de Évora, antes do intervalo, golo que seria o corolário lógico de uma atitude de campeão na casa do adversário e concorrente directo.

O mesmo Domingos foi, já na segunda parte, derrubado por Iordanov na área de rigor e o árbitro desta vez cumpriu a leis do jogo. Domingos não perdoou e pôs um ponto final nos desígnios do título.

Bobby Robson festejou ironicamente na casa de onde antes fora corrido.

A baixa portuense transformou-se rapidamente num imenso mar azul e branco. Milhares e milhares de adeptos concentraram-se na Av. dos Aliados e a partir daí percorreram as ruas da cidade desfraldando bandeiras e cachecóis, em carros engalanados a rigor e com as buzinas muito ruidosas. O contentamento era visível .

A 34ª e última jornada ocorreu no Estádio das Antas onde o público adepto acorreu, como de costume, em grande número para festejar e saudar os campeões.

Os jogadores, já campeões, inauguraram uma nova forma de festejo apresentando-se de cabelos pintados de azul e branco dando ainda mais colorido à bonita festa.

O opositor foi o Tirsense que mantinha ainda algumas esperanças de ainda chegar ao 5º lugar e consequente participação nas provas europeias.

O arreganho forasteiro aliado à obsessão de jogar para Domingos no sentido de o tornar o melhor marcador do campeonato, originou uma primeira parte muito disputada onde Vítor Baía , por duas ocasiões evitou o golo.

A segunda parte mostrou um FC Porto ao seu melhor nível e os golos aparecerem com toda a naturalidade, resultando nuns claros 4-0. Folha inaugurou o marcador, Domingos apontou os dois seguintes e Jorge Costa encerrou a contagem. Apesar dos dois golos marcados, Domingos acabou atrás de Hassan do Farense, com menos dois golos na lista dos melhores marcadores.

No final a invasão do terreno para vitoriar os campeões seguida de nova invasão das ruas da cidade para a loucura habitual.

RUI FILIPE

Jogador promissor com apenas 26 anos, actuava no meio campo e vinha dando mostras de grande progressão. Era o sucessor natural de André. Lançado por Carlos Alberto Silva em 1992/1993, época em que participou em 25 jogos do campeonato, esperava-se a sua consagração em 1995/1995. Foi dele o primeiro golo do penta, frente ao Braga.

Uma punição federativa e dispensa de um treino, libertaram o jogador no fim de semana, em vésperas do compromisso com o Beira-Mar, em Aveiro, para o qual evidentemente não estava convocado. No regresso a casa depois de um jantar com amigos, Rui Filipe sofreu um acidente de automóvel, perdendo a vida e deixando consternados os seus colegas de equipa que se encontravam já em estágio e que tudo fizeram para conseguir a vitória dedicando-o ao malogrado jogador.

O funeral levou a Vale de Cambra, terra natal do atleta, milhares de pessoas, numa comovente homenagem de adeus ao jovem desportista.


3 comentários:

Sérgio de Oliveira disse...

Com uma lágrima...

Bravo !

dragao vila pouca disse...

Grande época com um belo futebol.
Robson melhor treinador que vi no treino semanal.
Grande Emerson
Grande P.da Costa que viu as carências do plantel e foi buscar, já depois de iniciada a época, o Yuran e o Kulkov.
Grande Domingos que perdeu a bola de ptrata por um golo.
Finalmente grande Rui- conhecia-o pessoalmente- que pena a motrete tão prematura.
Um abraço

Paulo Pereira disse...

Fantástica epopeia k nos recorda o início da campanha do Penta. Uma fantástica equipa, lutadora, com exibições personalizadas, não perdendo em casa dos rivais (penso k foi nesse ano k empatámos na Luz, com golo de Iuran e empate por Isaias, no último minuto).

Emerson, bela contratação, assumiu as rédeas de pilar do meio-campo, com Robson a vngar-se bem da humilhação da chicotada dada por Sousa Cintra...

A marcar, de forma indelével, o trágico desaparecimento de Rui Filipe. E eu, k vivo perto de Aveiro, no dia seguinte a caminho do Estádio, para ver a partida e, também, prestar homenagem ao malogrado atleta, tive tb um acidente. Sem gravidade de maior, mas k me impediu de ver a partida...

Coisa do destino!