quarta-feira, 1 de outubro de 2008

BAÚ DE MEMÓRIAS

Depois de uma derrota como a de ontem, uma olhadela ao Baú de memórias pode funcionar como terapêutica perfeita para esquecer tal desastre...

2007/2008 O TRICAMPEONATO DA CLASSE

A segunda época de Jesualdo Ferreira foi, em termos de Campeonato Nacional, um autêntico passeio de classe da equipa do FC Porto, já que o nível competitivo apresentado cedo mostrou não ter concorrência capaz de ofuscar o brilho dos bicampeões nacionais.

Houve alguns ajustamentos ao plantel, muito para além das necessárias em função das vendas milionárias de Pepe para o Real Madrid e Anderson para o Manchester United.

Lino (ex-Académica), Stepanov (ex-Trabzonspor), Bolatti (ex-Belgrano, da Argentina), Farías (ex-River Plate, da Argentina), Leandro Lima (ex-São Caetano, do Brasil), Kazmierczak (ex-Boavista), Mariano Gonzalez (ex-Inter de Milão) e Edgar (ex-Beira-Mar) a quem se juntaram os promovidos Ventura, Castro e Rui Pedro, mais os regressados Nuno e Tarik Sektioui, constituiram os reforços do plantel.


Na imagem da esquerdapara a direita, em cima: Tarik Sektioui, Edgar, Stepanov, Nuno, Helton, Ventura, Kazmierczak, Lino e Bolatti; Ao meio: Luis Aguiar, Fucile, Hélder Postiga, Paulo Assunção, Pedro Emanuel, Jesualdo Ferreira (Treinador), Bruno Alves, João Paulo, Mariano Gonzalez e Jorginho; Em baixo: Castro, Leandro Lima, Adriano, Lisandro Lopez, Raúl Meireles, Quaresma, Lucho Gonzalez, Bosingwa, Marek Cech, Farías e Rui Pedro.

A época começou com uma derrota frente ao Sporting, na Supertaça Cândido de Oliveira disputada mais uma vez em Leiria. O resultado foi de 1-0 para os leões, no que constituiu uma grande injustiça, ainda que a exibição portista não tenha sido das melhores, mesmo assim superior à do adversário. Três remates nos ferros e um penalty sonegado pelo árbitro foram o corolário desse revés.

Jesualdo Ferreira já com todo o plantel à disposição apostou numa formação base, formada por jogadores do ano anterior que lhe garantiu maior entrosamento e coesão. Conseguiu um arranque de campeonato espectacular, com oito vitórias consecutivas. No final da 8ª jornada o Benfica e o Sporting já estavam a 8 e a 9 pontos de distância, respectivamente.

À 9ª jornada o Belenenses quebrou a senda de vitórias, impondo um empate no Dragão por 1-1, igualdade que se repetiu na jornada seguinte na Reboleira, contra o Estrela da Amadora, por 2-2, depois dos Dragões estarem a ganhar por 0-2. O desacerto de Stepanov nesse jogo custar-lhe-ía a titularidade.

Na 12ª jornada o FC Porto delocar-se-ia à Luz para defrontar o Benfica com "apenas" 4 pontos de vantagem.

O folclore habitual dos "pasquins amestrados" durante toda a semana que antecedeu o jogo, enfatizando todos os argumentos que pudessem contribuir para elevar a moral da equipa da capital do império (possibilidade de ficarem a 1 ponto do comando, a "grande" exibição frente ao Milão, as cinco vitórias consecutivas, os trinta e tal jogos sem perder para o campeonato, enfim um somatório de coisas boas para alimentar o ego vermelhusco).

Alheio a estas jogadas de bastidores, o FC Porto apresentou-se na Luz com todas as suas credenciais que o defeniam como um campeão de corpo inteiro: Personalidade, coesão e classe, sem necessidade de colinho ou de palmadinhas nas costas.

A velocidade de Bosingwa, a robustez de Bruno Alves, a eficácia de Paulo Assunção, a clarividência de Lucho Gonzalez, a sagacidade de Lisandro Lopez e a magia de Quaresma reduziram os campeões da treta à sua dimensão real. 0-1 foi o resultado final com um golo soberbo de Quaresma, obtido com a sua famosa trivela, depois de trocar os olhos ao defesa David Luiz. A qualidade do futebol portista justificava resultado mais robusto que, umas vezes por infelicidade outras por influência do árbitro, não foi concretizado.

A Comunicação Social sofrera mais um rude golpe na sua estratégia e ao invés de um ponto, viram o clube do coração ficar a sete!

Apesar da superioridade patenteada, o FC Porto não foi capaz de evitar alguns desaires, provavelmente ditados por alguma saturação e desgaste, em função das várias frentes em que se encontrava envolvido e ainda pela fraca resposta dos reforços que iam sendo experimentados por Jesualdo Ferreira. As derrotas com o Nacional da Madeira (14ª e 29ª jornadas) e com o Sporting (17ª jornada) foram os factos mais negros duma época brilhante.

O título anunciado foi matematicamente concretizado à 25ª jornada, em 5 de Abril de 2007, no Estádio do Dragão, frente ao Estrela da Amadora.

Perante 50.138 espectadores, os jogadores portistas encararam este jogo como uma festa e proporcionaram, em largos períodos do encontro, um futebol avassalador, triturante, belo e vistoso. Foi um Porto de gala que se apresentou no palco dos sonhos, correspondendo ao entusiasmo dos seus seguidores que não se cansaram de incentivar com cânticos e muita alegria.

Seis golos foram quantos se marcaram nesta partida, todos na baliza do Estrela da Amadora que nada podia fazer para contrariar a festa. Lucho Gonzalez (8'), Taril Sektioui (11'), Quaresma (64'), Maurício (70' na própria baliza), Bruno Alves (77') e Lisandro Lopez (87'), foram os autores dessa goleada.

Terminado o jogo seguiu-se uma linda festa, com os jogadores a serem chamados um a um para o centro do terreno para festejarem 0 23º título do FC Porto, que se prolongou na Alameda e nas ruas da cidade.


As jornadas seguintes foram para cumprir calendário, quase sempre em clima de festa, com as vitórias, em Setúbal frente ao Vitória local (1-2), no Dragão frente ao Benfica ("só" 2-0), em Guimarães frente ao Vitória (0-5), a derrota com o Nacional, no Dragão (0-3) e a vitória frente ao Naval (0-2), na Figueira da Foz.

Acabou por ser um campeonato praticamente sem dificuldades em que a concorrência terminou bem distante conforme documenta o quadro abaixo:
Os portistas chegaram ao fim com o melhor ataque, a melhor defesa e o melhor marcador do campeonato (Lisandro Lopez, 24 golos marcados).

Aos 75 pontos conquistados no terreno de jogo, a Comossão Disciplinar da Liga entendeu "surripiar" 6, depois de uma ardilosa decisão no âmbito do Apito Final, com os quais o FC Porto não se conformou recorrendo para os Tribunais civis, na pessoa do seu presidente Pinto da Costa.

Os vinte pontos de vantagem relativamente ao segundo classificado ficam na história como a maior jamais alcançada por um campeão em Portugal.

Um comentário:

dragao vila pouca disse...

Esta época não será um passeio, mas acredito que se conseguirmos um resultado positivo no domingo, daremos um grande passo em frente.
A equipa só pode melhorar e depois, a nível interno, as dificuldades vão diminuir o que vai ajudar a consolidar o conjunto.
A época passada, foi como dizes, um passeio, é pena que nas provas a eliminar ou de um só jogo, tenha corrido tão mal.
Será que este ano o Jesualdo vai alterar esta sina?
Não parece pelo que se tem visto.
Um abraço