quarta-feira, 29 de outubro de 2008

BAÚ DE MEMÓRIAS

PRESIDENTES DA MINHA FILIAÇÃO (PARTE II)

DR. AMÉRICO DE SÁ
Foi presidente da Direcção do FC Porto de 1972 a 1982, sucedendo a Afonso Pinto de Magalhães. Foram dez anos à frente dos destinos do Clube, exercendo um dos mais longínquos mandatos.

Advogado de profissão, fez questão de continuar a política de melhoramentos e crescimento encetado pelo seu antecessor.

São da sua gestão a construção do edifício sede do Clube junto ao Estádio das Antas (A Torre das Antas), a construção da bancada e arquibancada da maratona, que ampliou a lotação com mais 15 mil lugares e o pavilhão gimnodesportivo ao qual foi dado o seu nome, beneficiações que muito contribuíram para o acentuar da centralização das modalidades amadoras bem como dos Órgãos Sociais e serviço de atendimento.

No canto superior esquerdo o edifício sede onde se instalaram os Orgãos Sociais; Na imagem da direita o conjunto do Estádio das Antas já com a Porta da Maratona fechada pela bancada e arqui-bancada e ainda um plano aéreo da Torre das Antas; Em baixo, ao fundo a bancada e arqui-bancada vista por fora. No seu interior funcionava a Secretaria do Clube e o atendimento aos sócios. No canto inferior direito o Pavilhão Gimnodesportivo Dr. Américo de Sá, tendo à esquerda em primeiro plano as piscinas cobertas na frente do pavilhão gimnodesportivo de treinos (estas duas obras do tempo de Afonso Pinto de Magalhães)

Em termos desportivos fica o registo da germinação da viragem do FC Porto rumo à hegemonia do futebol nacional, numa inversão de ciclo, ainda que bruscamente interrompida por factores que adiante aludirei.

Para tal muito contribuiu a reforma que encetou no Departamento de Futebol, com a chefia a ser entregue a Pinto da Costa que convidou José Maria Pedroto para ser o treinador da mudança.

A aposta viria a dar frutos com os títulos de Bicampeão nacional 1977/1978 e 1978/1979, quebrando um prolongado jejum de 19 anos e ainda com a conquista da Taça de Portugal de 1976/1977.

Não foi capaz de evitar a polémica numa altura em que Pinto da Costa e Pedroto saíram a terreiro para denunciar a podridão em que se encontrava mergulhado o futebol nacional, numa cruzada sem precedentes contra o "status-quo" que beneficiava descaradamente os clubes de Lisboa, mais tarde entitulada pelos pasquins da capital como o tempo do futebol transparente(!!!).

O Presidente, na altura acumulando o cargo de deputado pelo CDS na Assembleia da República, pressionado pelos deputados dos clubes rivais, tentou desmobilizar os representantes portistas dessa "guerra", provocando mal-estar quer no seio da massa adepta que se dividiu quer no seio do Departamento de Futebol Profissional, levando mesmo ao afastamento da equipa técnica, de Pinto da Costa e de alguns jogadores que não pactuaram com a falta de solidariedade do responsável máximo do Clube.

Foi o chamado «Verão quente de 1980» que constituiu a maior clivagem da história do FC Porto.

Tal atitude provocou o inevitável desgaste da figura de Américo de Sá que viria a sair em 1982.

Foi eleito Presidente Honorário por deliberação da Assembleia-geral de 9 de Novembro de 1979 e distinguido com o Dragão de Ouro.

Faleceu em Setembro de1989 após prolongada doença.

Um comentário:

dragao vila pouca disse...

O facto de ter estado do outro lado da barricada no Verão Quente de 1980, não me impede de reconhecer o contributo importantíssimo de Américo de Sá, para que o F.C.Porto virasse uma página e iniciasse uma caminhada que o levou ao topo do Mundo do futebol.
Em primeiro lugar, porque num período difícil, muito difícil mesmo, com o clube à beira de uma Comissão Administrativa, o advogado portuense, nascido na Póvoa de Varzim, deu na histórica Assembleia Geral, realizada no Teatro Sá da Bandeira, um passo em frente, revelando grande coragem, determinação e vontade de mudar, o rumo dos acontecimentos.
Depois, porque foi na Presidência de Américo de Sá que Jorge Nuno Pinto da Costa começou a gerir o futebol e deu inicio à caminhada que nos levou ao cimo da montanha. Sem esquecer também, que José Maria Pedroto que estava impedido de treinar o F.C.Porto, com Américo de Sá, viu esse impedimento terminado. E as obras que fazes referência, mas com um reparo: a torre das Antas já foi construída nos mandatos de Pinto da Costa.
Um abraço