quarta-feira, 28 de maio de 2008

BAÚ DE MEMÓRIAS

Se os mais jovens portistas pensam que as actuais perseguições, maledicência e arbitrariedades contra o FC Porto são novidade, desenganem-se.

Foi sempre assim desde o começo, com ataques mais ou menos cerrados, conforme a performance da equipa. Por isso é que os nossos título valem o dobro dos títulos dos outros. São conseguídos contra tudo e contra todos. Ainda bem porque o que não nos mata torna-nos mais fortes, como veremos:

1995/1996 O SEGUNDO PASSO DO PENTA

Robson perdeu o arranque da época por causa de uma doença grave que o levou a ser hospitalizado no seu país. Augusto Inácio, seu adjunto, assumiu na sua ausência o comando técnico da equipa e fê-lo de forma demolidora, conseguindo nas primeiras sete jornadas, seis vitórias e um empate.

Regressou o inglês restabelecido da saúde à oitava jornada e a filosofia de ataque manteve-se, com Domingos finalmente a tirar partido e a consagrar-se o rei dos marcadores, galardão que demorou a regressar às Antas onze anos, depois da última conquista por Fernando Gomes em 1984/1985.

Nos 34 jogos do campeonato os Dragões obtiveram 26 vitórias, seis empates e duas derrotas, marcou 84 golos (melhor ataque) e sofreu 20 (melhor defesa). A primeira derrota aconteceu apenas à 27ª jornada, na Luz e só voltaria a perder na antepenúltima jornada, nas Antas frente ao Guimarães, quando o título estava já assegurado.

Fez uma prova brilhante, concluindo com 84 pontos, mais onze que o Benfica (2º) e mais dezassete que o Sporting (3º).

Uma das curiosidades desta época foi a utilização de cinco guarda-redes! E ainda assim foi a defesa menos batida.

Na imagem da esquerda para a direita: Vítor Baía, Silvino, Lars Eriksson, Vítor Nóvoa e Jorge Silva

As circunstâncias desta situação tiveram a ver , primeiro com a suspensão pesada e exemplar (não fosse ele jogador do FC Porto) a que Vítor Baía foi sujeito em função da resposta a uma agressão sofrida na 25ª jornada, em Campo Maior por um tal Pedro Morcela, dirigente do clube alentejano. Baía só voltaria a ser utilizado na última jornada.

Depois com a lesão sofrida pelo guarda-redes suplente Silvino, magoado em choque violento e mal esclarecido com o jogador do Benfica Mauro Airez ( ou Mouro Airez?), no estádio da Luz, onde apenas jogou 5'. Silvino viria a ser operado dois dias depois a uma grave luxação acrómio-clavicular de grau dois. Entrou para o seu lugar o terceiro guarda-redes Vítor Nóvoa. Nas quatro jornadas seguintes Lars Eriksson, o guarda-redes suplente de Thomas Ravelli na selecção sueca, contratado de urgência, foi o escolhido. Na 33ª jornada entrou em acção o quinto guarda-redes, o jovem Jorge Silva que substituiu Silvino a três minutos do fim do termo do jogo, para se sagrar campeão.

Na foto da esquerda para a direita, em baixo: Folha, Latapy, Bandeirinha, Rui Jorge, Bino, Domingos, João Pinto, Rui Barros, Lepcei, Jorge Couto, Drulovic e Secretário; Em cima: Vítor Nóvoa, Paulinho Santos, Mielkarski, Edmilson, Emerson, Zé Carlos, Lino, Vítor Baía, Semedo, João Manuel Pinto, Jorge Costa, Aloísio e Silvino.

O título foi alcançado na 30ª jornada, com a vitória do FC Porto nas Antas frente ao Salgueiros, por 2-0, que jogando à tarde ficou na expectativa do resultado do Benfica que se deslocava a Campo Maior para jogar nessa noite. Com o empate nesse jogo, o FC Porto tornou-se matematicamente campeão com quatro jornadas ainda por cumprir.

Coube ao Belenenses visitar o campeão na última jornada, a da consagração. De novo, os jogadores portistas subiram ao relvado de cabelos enfeitados com pinturas, prontos a dar o seu contributo a uma festa já anunciada.

A multidão reuniu-se para agradecer aos seus ídolos e celebrar a hegemonia conquistada. Ganhar tornara-se uma saudável rotina mas este novo triunfo foi vivido com intensidade original.

Os Dragões jamais se esqueceram das dificuldades, das calúnias, das perseguições, todos os anos renovados e quiçá refinados para que o objectivo não fosse alcançado.

No final, as manifestações de júbilo representaram também o grito de revolta e a bofetada de luva branca aos detractores e frustrados deste país.

A presença de Vítor Baía na baliza, após prolongada ausência em função do castigo já referido, provocou uma onda de satisfação suplementar.

O FC Porto cumpriu a sua obrigação e abrilhantou os festejos com uma vitória por 1-0, encerrando com chaves de ouro o 15º título e o 5º bicampeonato.

Um comentário:

dragao vila pouca disse...

Creio já ter referido num comentário anterior a excelência do trabalho de Sir Bobby Robson.
Essa época foi mais uma em que a nossa superioridade foi esmagadora.
Um abraço