domingo, 2 de agosto de 2009

UM PLANTEL PARA O PENTA!

A oito dias do primeiro jogo oficial da época e terminada a participação na Peace Cup, em Isla Canela, que serviu de preparação do plantel, é tempo para uma retrospectiva sobre o trabalho desenvolvido e projecção para o futuro.

Qualquer tipo de ilação será sempre prematuro, tendo em conta o curto período de trabalho, as onze alterações (até agora) operadas no plantel e a sua chegada a conta-gotas, a que se somou a indisponibilidade de uns quantos por lesão (Sapunaru, Miguel Lopes, Orlando Sá, Farías e Cristian Rodriguez), que teve como consequência patamares de ritmos, condição física e técnica diferenciados, condicionando obviamente quer o escalonamento quer a performance da equipa, sujeita a um calendário apertado de jogos (três com um dia de intervalo a separá-los).

Contudo, não quero deixar de partilhar algumas considerações, correndo evidentes riscos de avaliação, no âmbito do treinador de bancada que existe em cada um de nós, certamente influenciadas pela intransponível paixão clubista, eventual causadora de algum excesso de apreciação, que só o tempo e os factos desmentirão.

A ideia com que fiquei dos cinco jogos que acompanhei (Leixões, Mónaco, Lyon, Besiktas e Aston Vila) é que Jesualdo Ferreira tem entre mãos uma tarefa complicada.

Uma vez mais, amputada de três dos melhores interpretes do seu sistema de jogo, cabe ao Professor pôr em prática a tão apregoada capacidade para restaurar a equipa.


A baliza parece bem apetrechada. À saída de Ventura por empréstimo, a SAD disponibilizou o guarda-redes do momento, Beto que se mostrou corajoso e competente, capaz de pôr em causa a titularidade de Helton, que pelos vistos continua a introduzir nas suas boas exibições, momentos de completa infantilidade, ocasionando grande perplexidade. Nuno compõe o ramalhete, suponho que desta vez para acautelar castigos ou lesões dos seus concorrentes.

A linha defensiva poderá ter ficado mais equilibrada face à entrada de dois promissores centrais (Maicon e Nuno André Coelho). No entanto vão ter de trabalhar muito para ganhar a titularidade a Rolando e Bruno Alves. Nas laterais, Álvaro Pereira leva vantagem na esquerda, dando a ideia de tratar-se de um substituto à altura do seu antecessor. Já na direita, o momento levanta alguma preocupação. Fucile ainda não conseguiu a bitola a que já nos habituou, Sapunaru tem estado incapacitado e Miguel Lopes só começou a trabalhar sem reservas há muito pouco tempo.

No meio campo a dúvida parece ser quem fará companhia a Fernando e Raúl Meireles. Belluschi tem sido, quer o mais utilizado quer o que melhor rendimento tem demonstrado. É um jogador muito diferente de Lucho. Mais criativo mas também menos pendular. Vai ter que discutir o lugar com Valeri, ainda sem tempo de integração a quem foram dados uns «minutinhos» para se ir habituando ao peso da camisola, e circunstancialmente com Tomás Costa, pau para toda a colher, de quem se espera a explosão prometida. Parece que ainda não vai ser desta que Guarín conseguirá impor-se. Lento nas progressões, demasiado complicativo nos processos e pouco discernimento na definição das jogadas, fazem dele o elo mais fraco do miolo do campo. Prediger é para já uma incógnita.

Na dianteira Silvestre Varela pode vir a ser um jogador importante, mas tem ainda uma longa «via-sacra» a percorrer. Não lhe basta ser voluntarioso, forte fisicamente e rápido. Necessita aliar qualidade de passe e precisão no remate. Se o conseguir transformar-se-à num caso muito sério. Terá, a meu ver, que discutir um lugar nas alas, com Mariano Gonzalez, Cristian Rodriguez e eventualmente com o próprio Hulk. O argentino tem sido igual a si próprio, capaz de no mesmo jogo alternar o bom com o sofrível. Jogador esforçado mas muito trapalhão, que eu dispensaria sem hesitações caso Varela se afirme. O uruguaio chegou lesionado, mas uma vez recuperada a forma o lugar será seu. No ponto nevrálgico da área, à partida parece não haver lugar para dúvidas: Pois claro, o incrível Hulk com todos os defeitos e virtudes patenteados já na época passada mas este ano sem a sombra de Lisandro Lopez. Hulk é força, é potência, é rapidez é pânico nas defesas contrárias e é golos. A concorrência de Farías, a eterna «sombra» que aparece de quando em vez e de Falcao que no pouco tempo de utilização pareceu ligeiramente mais móvel e dotado tecnicamente que o seu compatriota, não parece de grande monta. Orlando Sá ainda a braços com uma lesão ainda não se mostrou.

Continuo a achar que falta um avançado de envergadura, com boa presença na área capaz de jogar de cabeça para ganhar o jogo aéreo. É com esta matéria-prima que Jesualdo Ferreira terá de construir uma equipa ambiciosa e competente para levar de vencida os objectivos do costume. Veremos se com esta dará o salto qualitativo que se impõe.

Não quero terminar sem um alerta para um exagerado optimismo que assola pela blogoesfera de cariz azul e branco. As «coisas» neste país não se alteraram. Continuam a ser feitas «por outro lado»! Para vencermos não nos basta ser melhores, temos de ser muito melhores. Por isso é bom que não comecemos, desde já, a embandeirar em arco e a menosprezar os rivais, como tenho constatado.

3 comentários:

Jorge disse...

concordo com a análise. o último parágrafo vai um bocado de encontro ao que penso quando leio alguns artigos em que encaram uma derrota na pré-época como o desmoronar de todo o trabalho anterior. vamos com calma, malta!

Jorge
Porta19

dragao vila pouca disse...

Concordo com a tua análise, mas tal como na época passada, vamos ter de esperar para ver. O nosso treinador - li na entrevista ao Jogo de hoje - não arrisca a meter os novos, porque tem medo que as avaliações exteriores perturbem a sua integração. Eu não concordo e essa é uma pecha da participação na Peace Cup, que globalmente foi positiva - não nos podemos esquecer que defrontamos o campeão turco e a melhor equipa francesa.
Deviamos ter feito jogar mais tempo o Valeri e o N.A.Coelho e dar uns minutos ao Prediger para ele sentir o peso da camisola. As avaliações que contam são as dos adeptos portistas e esses de uma maneira geral, percebem de bola e sabem analisar nos pormenores, mais, os adeptos portistas na sua grande maioria, não vão nas avaliações da C.Social. Basta comparar 2 jornais desportivos para verficar como foi feita a avaliação a Álvaro Pereira frente ao A.Villa: um, nota negativa, culpa no primeiro golo, etc. Outro a antítese desta e só coisas positivas.

Mas Jesualdo é assim e também não é agora que vai mudar por isso...tranquilidade e confiança.
Se mantivermos a situação sob controlo, depois na hora de fazer a diferença, tal como na época passada a balança inclina-se para o nosso lado.

Um abraço

Ricardo de Sousa disse...

Concordo no geral com a análise.

Quanto á ala direita não estou preocupado. O Fucile compensa com garra e entrega a fraca orma fisica em que se encontra.

Também acho que deveriamos comprar um avançado de grande envergadura, capaz de guardar bem a bola, capaz de protege-la e esperar por companhia, capaz de jogar de costas para a baliza, capaz de ganhar lances aéreos e servir como barómetro lá na frente.
Como por exemplo o Carew que defrontamos na Sexta. Ou o Caicedo.

Abraço