quarta-feira, 9 de junho de 2010

RECORDANDO INGLATERRA/1966

Com o decorrer do defeso e a fase final do Campeonato do Mundo à porta, inauguro hoje um espaço dedicado à selecção nacional, dirigido preferencialmente às participações da equipa principal nos mundiais de futebol.

A primeira grande aparição da equipa nacional numa grande competição planetária aconteceu em 1928, nos Jogos Olímpicos de Amesterdão (Holanda).

O torneio olímpico era, à época, o maior certame futebolístico do mundo, dado que nem o Mundial nem o Europeu de futebol tinham visto a luz do dia, razão pela qual o país dispensou a maior das atenções à participação nacional.

Chegados a Amesterdão, os estreantes portugueses tiveram de ultrapassar uma fase eliminatória frente ao Chile a quem venceram por 4-2, depois de estarem a perder por 0-2. O portista Waldemar Mota foi uma peça importante, apontando um dos golos.

Seguiu-se a Jugoslávia, com a vitória lusa por 2-1 e respectiva qualificação para os quartos-de-final da prova. O sonho instalou-se na comitiva portuguesa bem como no povo, que em Portugal enchia as praças das grandes cidades, para ansiosamente recolherem as notícias difundidas pela Rádio Marconi.

Foi o Egipto o adversário que terminou com esse sonho ao vencer Portugal, por 2-1.

Esta selecção portuguesa foi recordada por muitos anos por ter sido a primeira a levar a uma grande competição mundial a nossa bandeira. Nomes como Vítor Silva( Benfica), Jorge Vieira (Sporting), Waldemar Mota (FC Porto), Carlos Alves (Carcavelinhos) e Pepe (Belenenses), ficaram gravados a letras de ouro na história do futebol lusitano.

O Campeonato do Mundo de futebol começou a disputar-se, de quatro em quatro anos, desde 1930, mas Portugal só conseguiria a sua primeira qualificação em 1966. Para trás tinham ficado modestas participações nas qualificações, jogadas em moldes diferentes dos actuais, que nem os êxitos europeus do Benfica conseguiram alterar.

Sob o comando de Manuel da Luz Afonso (seleccionador nacional) e Otto Glória (treinador), Portugal arrancou, finalmente, em 1965, para uma campanha que viria a cotar-se como a melhor prestação que alguma vez Portugal conseguiria, em termos de mundial.

Turquia (5-1 e 1-0), Roménia (2-1 e 0-2) e a Checoslováquia -finalista vencido do Mundial/62- (1-0 e 0-0), foram os adversários com quem Portugal discutiu o apuramento.

Lote dos 22 jogadores escolhidos para a fase final:

FC Porto: Américo (1), Festa (22) e Custódio Pinto (19)
Leixões: Manuel Duarte (15)
Belenenses: José Pereira (3) e Vicente (4)
Benfica: Germano (5), Coluna (10), Simões (11), José Augusto (12), Eusébio (13), Cruz (14) e Torres (18)
Sporting: Carvalho (2), Peres (6), Figueiredo (7), Lourenço (8), Hilário (9), Morais (17), Alexandre Baptista (20) e José Carlos (21)
V. Setúbal:
Jaime Graça (16)

(entre parênteses o número da camisola)

Coube à Inglaterra organizar a fase final da prova


O sorteio de Londres não foi favorável. Encaixado no Grupo 3 (cidades de Liverpool e Manchester), cabia a Portugal defrontar nada mais nada menos do que o Brasil, campeão em título, a Hungria e a Bulgária. A crítica apresentava as primeiras duas nações como favoritas do grupo.

Na foto, da esquerda para a direita, em cima: Alexandre Baptista, Jaime Graça, Hilário, Vicente, Morais e José Pereira; Em baixo: José Augusto, Torres Eusébio, Coluna e Simões

Pela primeira vez a participar num Mundial, Portugal enfrentou a experiente Hungria no seu jogo de estreia, tendo vencido por 3-1, com golos de José Augusto (2) e José Torres. No encontro seguinte nova vitória, desta feita ante a Bulgária, por 3-0, com tentos de Eusébio, José Torres e um auto-golo de Vutsov. Com estes dois resultados os Magriços estavam já apurados, de forma surpreendente para quem inicialmente nada dava por eles, para a fase seguinte.

Na foto, da esquerda para a direita, em cima: Germano, Jaime Graça, Festa, Hilário, Vicente e José Pereira; Em baixo: José Augusto, Torres, Eusébio, Coluna e Simões.

No derradeiro jogo do grupo Portugal enfrentou a selecção mais popular e poderosa do Mundo, o Brasil. Contrariando todas as previsões os bravos portugueses fariam mais uma exibição de luxo ridicularizando o Brasil do "rei" Pelé por 3-1, com dois golos de Eusébio e outro de Simões.

Os quartos-de-final ofereceram um dos jogos mais emotivos de sempre numa fase final de um Mundial, o Portugal - Coreia do Norte. Uma reviravolta inacreditável de 0-3 para 5-3 conferiu aos portugueses o estatuto de grande surpresa e revelação do torneio e a Eusébio, autor de quatro golos neste jogo, o título de grande estrela do Mundial de 66.

O sonho dos comandados do técnico brasileiro Otto Glória terminou de forma inglória na catedral de Wembley ante a selecção da casa. Inglaterra que venceria então por 2-1 os portugueses e avançavam assim para a grande final. Eusébio marcaria o tento de honra da selecção nesse encontro.

A aventura nacional no certame terminaria com a conquista do 3º lugar, após uma vitória ante a ex-União Soviética por 2-1 no relvado sagrado de Wembley na sequência de golos de Eusébio, que para além de estrela-mor do torneio sagrou-se igualmente o melhor marcador com 9 golos, e José Torres.

Dos três os portistas que fizeram parte desta selecção, Américo (guarda-redes), Custódio Pinto (médio) e Festa (defesa-direito), só este último foi utilizado em três dos seis jogos disputados (Bulgária, Inglaterra e U.R.S.S.).

Os «Magriços», nome porque ficaram conhecidos, são ainda hoje considerados como uma das melhores equipas nacionais de todos os tempos.

Um comentário:

dragao vila pouca disse...

Foi um grande momento do futebol português, pena que nesse tempo o F.C.Porto não contasse, caso contrário, Américo, de longe o melhor dos três guarda-redes, tinha sido titular e quem sabe, não tinhamos sido campeões do mundo?

Um abraço